Perdendo-se pelo Caminho

Capítulo Vinte e Seis

—Se você está feliz eu estou feliz! —felicita Marisa sorrindo para mim.

—Obrigado por me apoiar! Isso significa muito para mim. —sorri para ela quando joguei meus braços ao seu redor.

   Dizer a Marisa que eu tinha tomado uma decisão de me juntar a Interpol tinha sido como eu diria, delicado. Não iria mentir que tive receio ao contar para ela que tinha tomado uma decisão tão séria como essa sem pelo menos pensar alguns dias. Eu não precisei de dias para ter certeza de que era isso que eu queria para a minha vida, mas para contar isso para Marisa, eu precisei de pelo menos uma semana para atualizá-la. Então, agora, uma semana depois eu contei a ela minha decisão, e ver o quanto ela estava feliz por mim só me deu um incentivo há mais!

   Contar para ela a minha decisão sobre entrar para Interpol era uma coisa, agora contar que o nosso pai esteve aqui, era outro bem diferente. Eu não contei a ela sobre Murilo e nem iria contar! Ela simplesmente não merecia e não precisava saber que o homem que deu a vida a ela era associado ao terror que ela viveu na Alemanha.

   Esse segredo ao qual só Júlio e eu sabíamos continuaria guardado!

—Se você tem certeza que é o que você quer, Liv. Eu vou apoia-la! —ela disse afagando minhas costas.

—No momento que ela me fez a proposta eu soube que precisava aceitar. —comecei quando entrelacei nossas mãos juntas quando me afastei o suficiente para só nosso joelhos se tocarem, já que eu estava de frente para ela ainda em sua cama no hospital. —O que nós vivemos me fez ver o mundo de um jeito diferente; mais sombrio do que pensávamos. Eu me sinto feliz ao pensar que posso ajuda-las.

—E eu me sinto feliz em saber que você está encontrando o seu caminho. Antes era só você e eu contra o mundo, lembra? Agora você precisa ir e descobrir o que de bom pode fazer por esse mundo...

—No momento certo você vai encontrar também, Mari. —garanti a olhando e vendo ela dar um sorriso tristonho, que doeu ver em seu belo rosto.

—Eu sei... Só que... —ela parou e soltou um suspiro.

—Você sabe que eu nunca a forçaria falar sobre aquilo que você sofreu, mas se eu não deixei claro, eu vou deixar agora. Eu estou aqui como sua irmã, sua amiga, sua família! E se você quiser colocar para fora tudo o que te assombra sabe que eu vou estar aqui para ouvir e te ajudar até o último segundo!

   Eu encarei seus olhos enfatizando as minhas palavras ao máximo.

—E só que eu ainda não sei se vou conseguir esquecer tudo aquilo que eu passei naquele lugar... —ela recitou um pouco distante me pegando um pouco de surpresa. Todas as vezes que tocávamos perto desse assunto ela remava para outro rapidamente. —.... As coisas que eu vi, as coisas que sofri.... Estão ainda tão vivas, que parece que aconteceram há uma hora atrás e não há um mês. O que aqueles malditos fizeram.... —sua voz morreu ao uma lágrima escorrer pelo canto de seu olho.

—Você está aqui, agora! —levantei a mão e sequei sua lágrima fazendo-a olhar para mim novamente. —As coisas que aconteceram lá eu não posso muda-las ou apaga-las de sua mente. Se isso fosse possível você sabe que eu iria até o inferno se fosse preciso para conseguir essa proeza. Mas isso não é possível, então como sua irmã mais nova que te ama muito, eu digo para você que esses coisas ruins já passaram e jamais vão voltar a acontecer de novo com você!

   Ela assentiu se recompondo novamente e parecendo afugentar os demônios que quiseram a atacar naquele momento. E Deus, eu queria afugentar eles para ela, mas sabia que quem só podia fazer isso era ela mesma. O que ela viveu lá, por mais que eu quisesse entender eu jamais conseguiria perfeitamente. O que tínhamos vivido com Victor era brincadeira em comparação ao que acontecia de verdade com Alberto. As coisas tinham sido mais escuras e tenebrosas para Marisa e não importa quantas vezes eu pensasse que entendia, eu necessariamente não o fazia. Eu poderia ter dado dez passos dentro do inferno, mas ela tinha dado todos eles adentro.