Capítulo Dez

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   O beijo foi interrompido ao ouvirmos um pigarrear alto o suficiente para sabermos que, quem quer que fosse, queria atenção. Após Júlio desgrudar seus lábios dos meus não consegui me mover e mal consegui formar um pensamento coerente. Focar seus olhos foi tudo que conseguir fazer por alguns segundos, que foram o suficiente para eu notar um pouco de suas emoções estarem lutando para serem mostradas naqueles lindos olhos...

   Quando ele desviou os olhos dos meus para olhar para quem tinha pigarreado abaixei a cabeça e tentei colocar tudo em mim em ordem!

— Alexander esses são Nicolas e Laura Narvaez, meus amigos do Brasil. —ouvi Henrique dizer formalmente. Ao ouvir isso tive que levantar a cabeça, e ao fazer isso me deparei imediatamente com o homem que, há um minuto atrás, olhava para mim em pé a nossa frente. —Nicolas E Laura esse é Alexander Valença.

—É prazer um conhecer-lhe Nicolas... —disse Alexander com seu sotaque que era fortíssimo. Júlio ao mesmo nível de Alexander, que parecia facilmente fazer as outras pessoas se sentirem inferiores a ele, levantou a mão e pegou a sua quando ele a estendeu. Quando ele soltou a mão de Júlio seu foco voltou totalmente para mim, que tentei me parecer firme e descontraída. —E Laura...!

   Ele não perdeu a oportunidade de pegar a minha mão e lascar um beijo em seu dorso, que ainda continha a leve luva de renda. Não perdi seu olhar e nem como parecia ter saboreado meu nome em sua boca, pouco pareceu se importar de eu ter o meu esposo bem ao meu lado.

   Egocêntrico, parecia ser a palavra perfeita para descrevê-lo.

—É um prazer conhece-lo também, Alexander...? —Júlio disse tão formal e de um jeito levemente frio quando o Alexander soltou a minha mão, mas não desviou o olhar de mim, que mesmo não olhado podia sentir. Eu sabia que Júlio sabia muito bem o nome do sujeito, mas parecia não se importar em fazê-lo falar.

Valença. —disse Alexander no mesmo tom de Júlio, só que claramente bem mais frio. Seus olhos para Júlio mostravam, além de superioridade; que Júlio com toda certeza do mundo não se incomodava, mostravam uma certa rivalidade crescendo?

   Sim, a rivalidade se instalou por completo nos olhos de Alexander que centravam Júlio, que não se reprimiu, ao invés rebateu a mesma rivalidade ao colocar seu braço atrás da minha cadeira e seus dedos passaram milimetricamente pela extensão dos meus ombros expostos.

   Era só eu sentindo a testosterona em alta naquele restaurante?

Bom, esse é o sobrinho de Alberto Valença —citou Henrique claramente tentando acalmar as tensões que se acomodaram ao redor da mesa. —; aquele que citei Nicolas.

   O jeito calmo e expressivo que Henrique falava os nomes trocados eram um tanto invejável!

— Vós conhecestes Alberto? —perguntou Alexander, com seu sotaque que fazia ele ter um forte timbre. Sotaque alemão misturado com o português de Portugal. Já que ele tinha parentesco com Alberto, que era um português inato, vindo de Portugal para a Alemanha fazer seus negócios ilícitos. Todas essas informações que eu tinha ouvido por Henrique e Júlio passavam pela minha mente, me deixando lembrar que o que esses homens faziam não eram nada menos do que abomináveis!

—Conversávamos com Victor Harrison. —eu me pronunciei pela primeira. Qualquer distração era bem-vinda, já que eu não conseguia fazer meu corpo parar as reações que os simples toques de Júlio faziam.

   Seus olhos mostraram reconhecimento ao ouvir o nome de Victor.

—Eles são um casal entrando na mesma jogada, se é que você me entende. —disse Henrique tomando um gole do liquido que havia em sua taça há um bom tempo.

Perdendo-se pelo CaminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora