Capítulo Quinze

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   Tac... Tac...Tac.... 

   Os únicos barulhos que me acompanham na minha pequena caminhada é o estalar dos meus saltos de encontro com chão plano da calçada. O ar gelado da noite de encontro com o meu rosto só me traz leves tremores de frio. Me encolho um pouco e deixo as minhas mãos, que estão geladas, nos bolsos quentinhos do sobretudo. Minhas pernas simplesmente andam mecanicamente em direção aos imensos portões da casa de Alexander Valença. Com a cabeça baixa eu tento por minha mascará de quem não quer nada demais ao me aproximar dos imensos seguranças, que ao notar minha pequena presença se aproximar, ficam em alerta imediatamente.

—Ich Kann Ilhnen helfen? (Tradução: Eu posso ajudar a senhorita?) —perguntou o homem negro de cabeça raspada e de aparência intimidante, que me recebeu assim que cheguei nos portões.

—Eu vim falar com o Sr. Alexander Valença. —pronunciei docemente.

—Ele não está recebendo ninguém está noite. —rebateu o homem em seu português carregadíssimo.

—Eu tenho certeza, que ele me receberá. —eu disse confiantemente levantando o queixo.

—Porque a senhorita não segue o seu caminho...

—E porque você não faz o seu trabalho e diga que Laura Narvaez, está aqui? —interrompi sem mostrar em nenhum momento que o seu tamanho abusivo me intimidava.

Tudo bem, —ele disse duramente. Ele claramente não queria fazer o anúncio a Alexander que eu estava aqui, mas eu não me daria por vencida. Eu insistiria, afinal, é a salvação da minha irmã que estávamos falando! —Um momento, senhorita Narvaez... —ele disse meu nome acidamente antes de se distanciar alguns passos e levar o celular a orelha.

   Alguns segundos depois de ter notado o segurança falar o meu nome falso, vi de onde estava, que tinha facilmente vencido a pequena batalha que tínhamos travado. Assim que ele desligou o celular virou na direção do par de colegas tão carrancudos quanto ele e fez um sinal do qual foi assentindo por um deles.

—Sr. Valença irá recebe-la. —o segurança disse rispidamente quando o portão deu passagem para eu passar.

—Não disse que ele me receberia? —escarniei sorrindo vitoriosamente enquanto passava pelo portão agora aberto para mim.

   Sua expressão resignada só aumentou com o meu comentário.

Por aqui... —ele indicou o caminho reto que me levaria até a pequena escadaria que ficava de frente as portas principais da casa.

   Segui atrás dele tomando cuidado com as pedrinhas que se puseram em meu caminho. E sem que ele percebesse dei algumas respirações profundas para acalmar o medo de que, Alexander de repente, percebesse que eu estava tramando uma invasão a casa dele. Tinha falado com Júlio há um quarteirão, onde ele havia me deixado para eu seguir a pé até aqui, e não causar nenhuma suspeita antes da hora. Já fazia 1 hora que boa parte dos capangas de Alexander tinham saído daqui para socorrer a outra casa que estava sendo duramente invadida pelos amigos de Henrique.

   Essa, era a hora exata para estarmos agindo!

   Após ter subido a pequena escadaria e ter atravessado o hall vazio o segurança que ainda me indicava o caminho abriu as portas que levavam até o salão, onde há quatro dias Júlio estivera comigo.

   Assim que meu salto estalou no piso branco e polido o segurança virou e por fim olhou para mim.

   Ele realmente olhou para mim.

Perdendo-se pelo CaminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora