As férias estão acabando e logo vai acontecer o festival de Verão. Desde que cheguei em Tokyo não fui uma vez sequer mas esse ano tudo está muito diferente. Ainda estou com a cabeça nas palavras do pai dos gêmeos, e depois de tanto pensar decidi que o certo a fazer era deixar de ser egoísta. Eu o quero aqui, não quero que ele vá embora, ainda mais agora! Mas olhe só para mim... pensando só em mim mesma sem querer saber se o melhor para Haru é ir com alguém que possa cuidar dele, e mesmo que as palavras do pai dele me enojem, ele realmente é um garoto que precisa ser controlado.
Fico sentada na Beira da cama pensando nisso quando a bola de pelos Branca pula no meu colo. Sora é tão sorrateira e independente que quase esqueço que ela existe, mas é incrível como ela sempre se lembra de mim, e vem até mim quando estou mal.
- Ah, em imaginar que você senhorita, começou com toda essa ligação que trouxe tantos problemas pra mim... - Digo mexendo em seus pelos macios que Sakura faz questão de escovar todos os dias. - Ele tem que ir embora... Sabe, precisa de alguém pra cuidar dele e da cabeça de vento que ele tem.- Digo como se fosse realmente possível ela me entender.- Iria ser ótimo se ele fosse como você e pudesse se cuidar sozinho, mas... mas ele não é. - Digo já um pouco triste por estar falando essas coisas, e me sentindo mais patética por falar essas coisas para uma gata.
-Ficou paranoica? - Escuto uma voz conhecida e olho para a janela vendo uma pessoa a pulando.
-O que é que você quer? - Como sempre, Heyji nos momentos mais inconvenientes.
-Meu velho disse que conseguiu te persuadir à convencer o Haru ir embora com ele.
- Eu não concordei com nada.
-Não disse que você concordou, disse que ele já entrou na sua mente pra você fazer o que ele quer. - Ele diz. Sinceramente isso faz muito sentido.- E pelo o que eu estou vendo era verdade. - Ele diz ja dentro do quarto se sentando na cama de Sakura a minha frente.
- Ninguém entrou na minha mente, eu só quero fazer o que é certo.
-Certo? Mas mandar ele embora como se fosse um cachorrinho não é certo, muito menos deixar ele largado com meu pai.
- Eu não estou te entendendo. Isso não deveria te deixar feliz? Ou vai me dizer que seu pai não te mandou pra cá só pra ficar de olho nele?
-Você percebeu é?- Ele diz sorrindo. - Mas como pode notar eu falhei na minha missão. Eu sempre tive que agir indiferente com o Haru, e como braço direito do meu pai eu sempre segui as ordens que ele me deu, mas não consegui dessa vez.
-Por que?
-Distrações. Meio que eu me tornei um rebelde depois de conhecer vocês. Comecei a achar um saco ter que usar todo o meu tempo para ficar de olho nele, e então segui vocês e comecei a viver por mim.
-E isso de certa forma inclui a Yuno.
-É... ela tem sua parte importante nisso. Pode-se dizer que eu estou me apegando a ela e ao jeito como ela me trata.
- Faz você se sentir querido...
-É... e já se fazia um bom tempo que eu não me sentia assim.
- Se acha que esse é o momento onde eu digo "Você não é de todo mal, até que me apaguei em você" está muito enganado.
-Haha, que bom, isso seria enjoativo e falso.
-Muito falso. - Digo já podendo expressar um leve sorriso no rosto.
-E então, agora já decidiu o certo de verdade. - Ele faz questão em voltar ao assunto.
- Eu não posso fazer nada... seu pai está certo, e certo de verdade. Por mais que eu não goste de assumir isso, Haru realmente é incontrolável.
-A é? Mas eu acho que você controla ele muito bem. - Ele diz e sinto meu rosto queimar com a insinuação, algo que já não acontecia a muito tempo. - Eu achei que você fosse mais esperta do que isso, Ri-chan. - Ele diz internamente querendo me provocar. Na verdade, eu me sinto um pouco manipulada, e me sinto claramente incomodada por que eu também achei que fosse mais esperta do que isso.
- Eu só não sei o que fazer, está certo? Não quero ditar o que eu acho que é certo, por que eu sei que é egoísta da minha parte querer o que é certo para mim por que o melhor para ele é...
-Se ele ouvir você dizendo isso, com certeza vai te matar. Eu não gosto de me envolver, ainda mais ir contra o meu pai, mas se não percebeu, o melhor para o Haru, é ficar perto de você. - Ele diz e se levanta pronto para sair quando chamo sua atenção.
-Agora... posso saber porque entrou pela janela do meu quarto? - Pergunto e ele esbanja um sorriso irônico.
- Eu estou evitando ter um encontro indesejado com sua irmã... Eu tenho algumas cartas pra jogar mas preciso manter um pouco a distância dela. - Ele diz continuando com o sorriso e termina de pular a janela. Eu não entendi direito o que ele quis dizer com "cartas para jogar", mas logo deixei isso de lado. Pensei um pouco mais no que iria fazer, levando em consideração o fato de até mesmo Heyji concordar com o meu egoísmo, e querer que eu discorde de seu pai. Eu, pela primeira vez, não sei o que fazer, e nem mesmo sei se o que eu quero fazer é o certo. Enquanto ficava perdida no que pensava, escuto um toque irritante tocar. Ah, era meu celular. Reiko acho melhor eu ter um, dessa vez com números para ligar. Pego o aparelho que já estava ao ponto de me irritar e vejo que era Yuno. Já faz um tempo que não nos falamos, pelo fato de seus pais desistirem de dar a ela as férias de verão divertidas que ela tanto queria.
-Oi... - Digo atendendo o telefone.
- Ri-Chan, vamos no festival de verão, certo?
-Por que está me perguntando isso?
- Vão me deixar ir ao festival, e como é a última coisa das férias que vou poder aproveitar, achei certo que fôssemos todos juntos.
- Haru está no hospital então, acho que não vamos todos juntos.
-Sim, tem isso. Mas podemos dar um jeito. Sabe, talvez eu não tenha dito isso ainda, mas esse ano está sendo o melhor ano da minha vida. Eu nunca me diverti tanto, e nunca gostei tanto de pessoas como gosto de todos vocês. Eu só... só me sinto muito feliz Ri-Chan, então quero passar todos os momentos com vocês. - Ela diz expressando sinceridade, claro que eu pude notar isso, e no fundo eu me sentia da mesma maneira. Mesmo queinconscientemente , eu queria passar todos os meus dias com eles, por que... eles tornavam tudo mais gratificante.
- Eu... também. Sabe... vamos a esse festival, todos juntos. Apenas chame o cabeça dura do Heyji que eu cuido do Haru. E Yuno, eu... estou muito feliz de ter conhecido você também. - Digo rapidamente e desligo o telefone evitando suas palavras melosas sobre amizades.
Eu já havia decidido o que fazer. Como me disseram a um tempo, o que é certo para mim nem sempre é certo para os outros, e não é justo eu decidir o que seria certo para os outros, mesmo que eu sempre tenha feito isso e até assumo ter manipulado muitos com a minha definição de certo. Mas eu sei que deixar ele aqui, sem ninguém que possa realmente controlar a situação é o errado.
Sem trocar mais nenhuma palavra com ninguém, vou dormir com todas as palavras que eu teria que dizer pesando na minha mente e sinto um forte aperto. Isso que eu teria que fazer poderia acabar com tudo, com tudo o que eu passei ao lado deles até agora. Pode simplesmente ser o fim de tudo. Me dói admitir, mas eu sinto que... o carinho que eu tenho sentido é muito mais do que amizade, e é difícil assumir mas eu sinto sentimentos totalmente diferentes por ele. Irônico, mas é isso mesmo. Não sei como dizer para mim mesma, mas eu tenho a mais grande certeza de que o amo, e eu nunca me senti assim por ninguém antes. E se eu o amo mesmo, eu tenho que fazer o certo mesmo que para mim seja errado, e no momento o errado é ele ficar longe de mim...__________________________________________________________________________________
Hoje a noite vai ser o festival. Acordei com a casa meio agitada. Reiko sempre foi aos festivais com seus namorados, mas dessa vez era diferente, ela iria com seu noivo. Chega a ser engraçado e estranho dizer isso... Reiko noiva de alguém, hilario. Sakura andava meio deprimida desde que recebeu uma ligação do seu "acompanhante" avisando que não poderiam sair juntos essa noite, enquanto eu arrumava uma mochila cheia de coisas para tirar um certo internado de um hospital.
-Que crime você está pensando em cometer agora? - Sou surpreendida pela voz de minha irmã mais velha surgindo no quarto.
-Sequestro. - Tento entrar na brincadeira, mas minha frase parece muito mais séria.
-Os Deus, você não vai fazer o que estou pensando, vai?
-Sim, eu vou. Yuno quer que fiquemos todos juntos, então vou dar um jeito de dar certo.
-Vai sequestrar um paciente do hospital? Hisui! Eu sei que todos aqui queriam que você se arriscace mais, mas isso é errado! Completamente errado!
-Errado? - Parei de fazer o que estava fazendo apenas para encarar minha irmã com um olhar de raiva... talvez. - Não venha me dizer o que é errado Sakura. Você sempre fez o errado dizendo que para você era certo sem se importar, e agora me diz que isso é errado. Eu tenho uma coisa importante para fazer hoje, e eu preciso... preciso estar com ele, então pare de me dizer que é errado, por que para mim eu estou certa queira você ou não. - Cuspi as palavras de forma irônica, com certos arrepios na espinha por ter soado muito idêntico ao Heyji, enquanto ela apenas me encarava incrédula, então voltei a arrumar minha mochila.
-O amor faz coisas estranhas, mas você se deixou levar de mais e está ficando completamente maluca.
-Certo, estou maluca, completamente doida, agora me deixe em paz. - Digo com pressa e logo sinto uma mão estapeando minha cabeça.
- Eu só queria conversar com você sua nervosinha. Acho que é isso o que irmãs fazem.
- Ah, certo, desculpa. O que quer falar? - Digo me sentando na cama soltando todo o ar que guardava com um só suspiro, enquanto sinto sua cabeça deitada em meu colo.
-É o Ren... é muito complicado. Nós não podemos nos ver em público, e quando estamos na escola, tenho que fingir ao máximo que não me sinto atraída e até mesmo triste por ele ser tão distante. - Ela diz com a voz fraca, diferente de poucos minutos atrás.
- Eu não posso fazer nada... você quis começar isso, então agora tem que suportar... Eu acho. Você é uma aluna, e ele é seu professor, isso é que torna tudo complicado. Ele tem que ser discreto para manter o emprego dele, e pra você não ser mal Vista. - Digo o que a meses atrás eu jamais concordaria em dizer. Concordando que eles tem um sentimento verdadeiro e que talvez não sejam tão estúpidos, que essa confusão não seja culpa deles. Eu realmente mudei, e muito.
-Você parece mais humana agora... - Ouvi ela sussurrar e não pude conter um leve sorriso ao ouvir isso. Sim, eu estava mais "humana", e como humana, infelizmente eu estava propícia a cometer mais erros, e errar nunca foi algo que me agradasse.
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Apenas outro conto shoujo! [REVISÃO]
Novela JuvenilCom um passado difícil refletido nos olhos, Hisui Naome seguiu sua vida sem se misturar com outras pessoas ou se apegar a qualquer um que não seja sua irmã mais velha. Contudo, uma aproximação repentina e inusitada gera mudanças incomparáveis na pac...