Depois de toda a emoção de fugir do hospital e correr por aquela rua em meio aos carros, paramos para descansar em um banco de uma praça não tão longe do Hospital. Já estava escurecendo quando decidimos parar para descansar, até por mais que eu saiba que Haru tem uma força extraordinária, ele ainda sim tinha acabado de sofrer um acidente sério, e é claro que eu me preocupo, já que no fundo talvez eu sinta que aquilo tenha sido minha culpa...
-Vamos ficar descansando aqui e comer alguma coisa antes de nos encontrar com os dois, Okay? - Digo tirando a mochila das costas e pegando de dentro da mesma as batatinhas que tinha pego em casa.
-Ótimo, mas já aviso que eu não estava nem um pouco cansado, se é por isso que estamos parando. - Ele diz pegando o pacote da minha mão, falando de uma forma que o fazia parecer um garotinho teimoso.
-Certo, certo. Na verdade eu é quem estou cansada... Ahh, eu não costumo correr tanto assim, e muito menos sequestrar pacientes! - Digo me esticando no Banco tirando a tenção de meus músculos, o que faz com que eu me sinta muito bem. Até que, de repente Haru se coloca na minha frente me prendendo com os braços pressionando o banco postos bem ao lado de meu rosto.
-Então quer dizer que isso é um sequestro? - Ele diz me encarando fixamente nos olhos, me deixando sem fôlego... a forma como ele estava falando agora, claramente lembra quando Heyji tenta provocar Yuno, o que é incomum. E de novo, eu sinto meu rosto queimar... - O que foi Ri-Chan? Parece que está sem ar... Mas você não deveria deixar seu prisioneiro tão livre, talvez devesse nos algemar, pra ter certeza de que eu não vou escapar... - A cada palavra que ele dizia, um sorriso claramente provocante ia se formando em seu rosto.
-P-pare de dizer essas coisas estranhas! - Digo o empurrando de leve para trás, e virando meu rosto para não ter que encara-lo enquanto meu rosto estiver assim. - Você anda passando muito tempo com o Heyji, admirável da sua parte suportar ele, mas mesmo assim não significa uma boa coisa. - Digo com a voz trêmula e escuto ele soltar uma risada.
-Hahaha! Eu realmente te deixei tão nervosa assim? Fazia tempo que não via seu rosto tão vermelho dessa forma... É tão fofo isso. - Ele diz sentado no chão a minha frente me encarando. - Tão fofo que... me dá vontade de te beijar... - Ele diz e sinto como se um vendaval de ar invadisse meu pulmão, sentindo uma pontada repentina no peito. Eu também sentia vontade de beija-lo, muita vontade na verdade, mas não aceito admitir isso, afinal continuo sendo a mesma garota orgulhosa que sempre fui. Mas então quando viro meu rosto para o encarar, sinto novamente uma pontada no peito... ele está tão, fofo, me encarando daquele jeito, tão bonito com as luzes da praça iluminando seu rosto, e com o vendo jogando seu cabelo para trás e... Ah, desde quando essas coisas são tão óbvias pra mim? Eu sinto que estou a um passo de abandonar esse orgulho por apenas um instante, e o faço.
Sem ao menos perceber, avanço para frente ficando ajoelhada em sua frente enquanto minhas duas mãos seguram seu rosto com força, e meus lábios pressionam os seus em surpresa, porque é isso que eu vejo em seus Olhos, surpresa.
-Ri-Chan... - Ele diz baixo, ainda surpreso quando nossos rostos se separam, e ficamos nos encarando por alguns minutos.
- E-eu, acho melhor a gente ir logo... - Digo me levantando e ele apenas concorda com a cabeça. Coloco a mochila novamente nas costas e então voltamos a andar para o lugar onde seria o festival.
-Sabe... você me surpreendeu naquela hora. - Ele diz do nada, infelizmente tocando no assunto que eu estava tentando esquecer.
- Eu não quero falar daquilo. Foi só um impulso.
- Eu gosto quando age por impulso. - Ele diz e eu me calo até chegarmos no lugar, e assim que chegamos já avistamos o cabelo platinado do gêmeo insuportável.
-Hey, vocês dois conseguiram vir mesmo! - Ele diz surpreso vindo até nós.
-Foi divertido, fugir do hospital! - Haru diz entre uma risada.
-Haha, tenho certeza de que foi. Deve ter sido emocionante não é Ri-Chan? Fugir assim com o cabeça oca, imagino que você não conseguiria viver sem ele por aqui! - Ele diz e eu sinto uma pequena vontade de matá-lo.
-Venha aqui um minuto! - Digo disfarçadamente o puxando para um canto.
-Ei, ei! Haru vai ficar com ciúmes! - Ele diz ironicamente.
- Eu quero que pare de se meter... já é ruim o suficiente eu ter que...
-Mandar meu irmão embora? - Ele diz irônico.
-Não precisa colocar dessa forma.
-Não precisa? Claro que precisa!
-Primeiramente... por que se importa tanto? Ou melhor, desde quando se importa tanto? - Pergunto e ele continua me encarando, só que sem nenhuma expressão.
-Desde quando eu notei que ficar aqui é melhor do que voltar para casa. - Ele diz com um olhar meio triste. - Não me entenda mal, eu só me cansei de ser o cãozinho do meu pai por um tempo... até certos carrascos merecem descanso; certo? - Ele diz com um sorriso fraco, e então percebo que tudo o que achei saber sobre Heyji, ou melhor, sobre os Takashi's, era superficial. As coisas entre eles são realmente muito mais complicadas do que eu imaginei.
-É melhor irmos. - Digo ignorando tudo o que ele disse até agora e volto até Haru.
-Hm? O que vocês estavam conversando? - Ele pergunta.
-Sobre como ele deveria parar de te mal influenciar. - Digo normalmente voltando a andar para dentro do festival.
-Mal influenciar? O que andou aprontando Haru? - Heyji pergunta curioso enquanto o outro começa a rir até envolver seu braço pelo meu pescoço.
-Não andei aprontando nada de mais. - Ele diz ainda rindo enquanto reviro os olhos.
Andamos pelo festival afim de encontrar Yuno. Pelo caminho vimos tantas coisas que eu normalmente não vejo juntas, mas que ao mesmo tempo me trás lembranças de quando minha mãe, Sakura e eu costumávamos a ir em festivais do tipo, o que torna tudo isso bem familiar.
-Ri-Chan! - Ouço a voz feminina e fininha me chamando. Não me surpreendo ao ver Yuno poucos metros a minha frente acompanhada do que pareciam ser seus pais.
-Fala sério, os velhos vieram com ela? - Hayji diz parecendo muito menos animado do que estava.
-Você tem algum problema com isso? Ou talvez só quisesse aproveitar o tempo com ela? - Pergunto o deixando levemente irritado.
-Fica quieta. A ideia era nos quatro ficarmos juntos e blá blá blá, isso não incluía os pais dela... sem falar que... Eu não faço a mínima questão de conhecer os pais dela agora... - Ele diz facilmente pulando de irritado para envergonhado. Eu nunca tinha visto Heyji dessa forma antes. A verdade é que ele e Yuno estão em um tipo de relacionamento exatamente como ela queria, e talvez isso tenha mudado um pouco dele.
-Até que enfim encontrei vocês! - Ela diz Alegre assim que chega até nós, mas seus pais não parecem estar tão alegres assim.
-Estávamos procurando você... Mas, não sabíamos que traria os seus pais. - Já digo sem demora tentando ao máximo ser simpática.
-Ah, eles fizeram questão de me trazer mas já estão indo, não é? - Ela diz sorridente encarando as pessoas ao seu lado que ao mesmo tempo pareciam nos averiguar dos pés a cabeça.
-Sim... - A mulher diz parando seu olhar em Heyji. - Sinceramente... no que é que os jovens de hoje fazem com suas aparências... - Ela diz baixo, mas foi o suficiente para o rosto do garoto se contorcer de raiva, talvez por serem os pais dela, ele tentasse se controlar mais, ou talvez não.
-Difícil entender isso certo? Principalmente quando se parece não ter uma... mente aberta. Mas para ajudar no seu falho raciocínio: Cada um faz o que quer com a própria aparência, e não é muito ético da sua parte criticar isso... Não acha, Obaa-San? - Ele diz claramente passando por cima das minhas ideias e deixando a mulher a nossa frente irritada enquanto Yuno parecia prender a respiração com toda a discussão que aquilo poderia se tornar.
-As crianças de hoje não têm mais respeito?! Como pode falar assim comigo seu... - Ela estava pronta para começar a tão aguardado briga quando seu marido e segura pelos ombros e com apenas um olhar repreendedor ela para.
-Deveria escolher melhor suas companhias Yuno. - O homem apenas diz isso e logo vai embora acompanhando a esposa.
-Ah? Qual é a deles? Quem eles pensam que são para falar assim comigo? - Heyji diz furioso.
-Desculpe... eles só deveriam estar preocupados comigo e queriam saber com quem eu estava andando. - Ela diz. Se pensar bem, isso deve ser uma atitude comum dos pais, coisa que obviamente os Takashi e eu não entendíamos, já que os dois foram criados por mais tempo pelo pai que os tratava como objeto até virem para Tokyo e não terem mais ninguém do tipo, e eu que por tanto tempo fui criada por Reiko que é uma adulta de "espírito jovem" inconsequente. E pensando mais fundo ainda, é fácil dizer que a única que tem uma vida familiar consideravelmente normal entre nós é a Yuno, e da mesma forma que ela não pode nos entender em tudo, nós também não podemos entender ela.
-Eu devo imaginar que isso é normal... quer dizer, Reiko normalmente não se preocupa com isso, mas tenho certeza que... a maioria dos pais devem ser assim. - Digo e os três me encaram.
-Ah... é. - Ela diz concordando comigo enquanto os gêmeos ainda me encaram.
-A maioria, o que não inclui alguns dos nossos. Então é completamente normal eu não estar acostumado à alguém que me trate como um pirralho. - Heyji diz em sua defesa.
-Nós vamos ficar aqui discutindo isso? Pensei que era pra aproveitar o festival. - Haru disse cortando o clima ruim que estava entre nós. Heyji, Yuno e eu nos entreolhamos e começamos a rir. Ele tinha toda a razão dessa vez.
Dessa vez nós quatro voltamos a andar pelo lugar em meio a tantas pessoas. Há muitas luzes espalhadas pelo lugar, e pela primeira vez em tempos eu posso sentir uma sensação nostálgica de anos atrás.
Enquanto andávamos, Yuno e Heyji foram na frente, decididos a arranjar um bom lugar para admirar a queima de fogos, já Haru e eu acabamos ficando para trás, e conforme as pessoas se amontoavam mais entre a gente, menos eu podia vê -los.
-Haru? - Digo notando que o garoto já não estava mais do meu lado. Sinceramente... como pude me perder de todos eles?Olho ao redor tentando encontrar Yuno ou até mesmo Heyji, mas não tenho sorte nisso. Começo a andar pelo lugar afim de encontrar com eles novamente, mas a cada passo me sinto mais perdida. Agora tem tantas pessoas por aqui, e são tantas pessoas que eu nem seque conheço e parece que estão todos me encarando... que sensação de sufoco é essa? Sinto como se estivesse me afogando no meio dessas pessoas e...
-Ri-Chan? Até que enfim de encontrei e... - Ouço a voz conhecida de Haru atrás de mim e estremeço quando sinto sua mão tocar meu ombro.- Ri-Chan, você está bem? - Ele me pergunta agora apoiando seu rosto em meu ombro afim de encarar meu rosto.
-Não... eu... quer dizer, aqui está muito cheio. - Digo e imediatamente Haru me segura pela mão me tirando da multidão. Mesmo me sentindo a salvo naquele momento, não sei o que acabou de acontecer comigo , eu nunca fui claustrofóbica ou nada do tipo, e de repente me sinto sufocada e presa no meio da multidão!
-Está melhor? - Ele me pergunta após me levar para a beira de um lago onde não haviam muitas pessoas.
-Sim... eu não sei o que houve comigo... - Digo.
-Você não está tão costumada a andar nesses tipos de lugares sozinhas, está? - Ele me pergunta se sentando no chão ao meu lado. E pensando bem, é verdade. Eu quase nunca saía de casa, e quando precisava ir a algum lugar, eu estava com Sakura ou Reiko. No colégio eu sempre busquei ficar afastada dos outros, e desde que conheci Haru e os outros nunca precisei ficar sozinha como naquela situação.
-Não... eu nem tinha pensado dessa forma. Não sei por que mas... é como se eu não quisesse mais ficar sozinha... - Digo sem ao menos pensar no que saía pela minha até que sinto seu braço envolvendo meus ombros. De repente aquela noite ficou menos fria.
-Não precisa mais ficar sozinha. Agora você tem Yuno, Heyji, e... e agora você tem a mim, e eu nunca vou te deixar sozinha Ri-Chan! - Ele diz me abraçando mais forte e beijando o topo de minha cabeça. Droga! Por que ele tem que fazer todas essas coisas que me deixam mais tranquila? Por que ele tem que me deixar tão feliz? Por que Haru tem que ser tudo o que eu mais gosto justo no momento em que o quero mandar para longe? Antes que eu perceba, sinto meu rosto se contorcer enquanto deixo lágrimas caírem...
-Ri-Chan?! O que foi? Por que você está chorando? - Ele me pergunta aparentemente assustado se afastando um pouco de mim para ver meu rosto. - E-eu disse alguma coisa errada?
-Haru... eu, eu quero que você vá embora!
Capítulo novinho para vocês!!! Eu sei que estava planejado publicar ele ontem mas tive alguns problemas e fiz o possível para conseguir publicar hoje, tanto que mal pude revisar então se acharem algum erro é só comentarem que eu corrijo na hora. Ah, e falando em revisão, só queria deixar avisado que já estou revisando e corrigindo os erros dos capítulos anteriores que são os que eu escrevia pelo celular então já viu né rsrs. Mas bem, amanhã sai os capítulos das estórias que, como já dito, receberão votos para decidir qual vai ser a substituta de AOCS, não deixem de ler!!!!
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Apenas outro conto shoujo! [REVISÃO]
Novela JuvenilCom um passado difícil refletido nos olhos, Hisui Naome seguiu sua vida sem se misturar com outras pessoas ou se apegar a qualquer um que não seja sua irmã mais velha. Contudo, uma aproximação repentina e inusitada gera mudanças incomparáveis na pac...