CAPÍTULO XI

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Aydan

Retiro a camisa ensanguentada e a jogo na parede do quarto. Era um cômodo amplo com janelas largas em forma de arco, no canto esquerdo possuía um lareira, o que não fazia diferença já que lobisomens não eram assim tão suscetíveis a troca de temperatura, a cama king size ficava no centro, as paredes eram brancas e nuas, sem nenhuma decoração ou porta retratos. No lado direito havia uma porta que levava ao banheiro, ele destranca e entra, quando liga a luz consegue ver seu reflexo no espelho, parecia cansado e com olheiras profundas. A quanto tempo não dormia?. Tirando o resto da roupa, se dirige ao chuveiro e o liga.
Se esfrega até tirar parte do sangue, dele e de outros, do corpo. A missão de " recrutamento" tinha sido mal calculada, os vampiros que eles atacaram sabiam se defender muito bem e com muito esforço conseguiram capturar alguns. Terminando, ele se enxuga e enrola a toalha ao redor da cintura, vai até a porta do guarda roupa,pega um moletom e uma camiseta branca.
Enquanto se veste pensa no que ocorreu naquele dia na floresta quando viu a irmã. Emily. Ela ainda continuava a mesma, a não ser pelos olhos que estavam numa tonalidade diferente, mas ainda assim a mesma. Tinha ficado surpresa é claro. Quando sentiu seu cheiro na floresta, não conseguiu controlar o impulso e correu para ver se a via. Ela estava pálida, seu coração batia num ritmo estranho como se estivesse se esforçando para bater.
Quando termina de se vestir, pega um livro na cabeceira. Já estava se deitando quando escuta uma batida na porta.

- Entre.

- Com licença senhor - era Édipo, um dos únicos homens em quem confiava aqui dentro - novas informações me foram passadas - ele parecia nervoso - mas não são boas.

- Quase nunca são. Isso não me surpreende mais. Fale o que descobriu.

- Senhor... é sobre sua irmã.

Me levanto num pulo da cama e chego mais perto, ele se encolhe com medo.

- O que tem ela? Fale!

- Ouvi de um dos guardas mais próximos do Mestre falando sobre ela. Eles disseram que não iria demorar muito para ela se juntar a nós.

- Se juntar? A Emily nunca faria isso! Ele iria preferir morrer.

- Essa é a questão. Eles... eles a envenenaram com Roza Negra.

O agarro pelo colarinho e ele fica completamente pálido e sem expressão.

- O que disse? - sussurro.

- Eu sinto muito senhor. Parece que houve uma emboscada para captura-lá mas ai ela os combateu. Um deles atirou e a bala estava com o veneno dentro, então...

O solto e ele se move para a porta aliviado me dando um " com licença" fechando-a atrás de si quando sai. Permaneço no meio do quarto ainda digerindo a informação. Envenenada ? Eles a envenenaram? Cerro os punhos. Ele tinha me prometido que não a machucaria nunca. Foi um trato e ele não está cumprindo.
Troco o moletom pela calça jeans e ponho o sapato. Saio para o corredor iluminado por candelabros a moda antiga e sigo até a sala de reuniões, ele sempre estava lá na sua cadeira de veludo vermelho, imponente e cheio de si, como se nada o atingisse.
Entro na sala e como eu imaginava, ele estava la. Sozinho. Era um homem alto e esguio, seu cabelos outrora negros agora estavam com pequenos fios grisalhos, estava vestido de negro dos pés a cabeça o que realçava seu tom de pele azeitonada. Ele sorri quando entro.

- Ora,ora,ora - tinha a voz grave e marcado por um sotaque diferente - a que devo a honra?

- Você não cumpriu o trato que fizemos.

A Marca dos Caídos - Livro I (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora