CAPÍTULO XX

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Alan

Um mês depois...

Alguém bate na porta do escritório. Mando entrar e vejo o Tayler com alguns papeis na mão. Nessas semanas ele tem me ajudado bastante com as questões relacionadas ao Clã, o Aydan ainda estava preso e não tinha falado nada ao Jesse, que dispõe de algumas horas por dia para tentar fazê-lo dizer algo. Não podia mentir, eu não tinha ido vê-lo desde aquele dia em que mandei prender, não conseguiria ver meu irmão sendo torturado mas também não podia deixar ele dando informações ao Clã sobre nossas atividades.

- Eu tenho uma novidade - ele parecia igualmente feliz e isso me fez desconfiar.

- Então fale.

Ele espalha os papeis pela mesa e eu percebo que são mapas. Mapas de uma ilha. Me levanto e contorno a mesa para ver melhor.

- Esse mapa é da Ilha do Clã - ele aponta para uma pequena área - descobri o por que de não conseguimos localizar a ilha.

- O que!? - engasgo - como descobriu isso?

- Eu tinha um conhecido que me devia um favor, que conhecia alguém que devia um favor e por ai vai - ele gargalha - a ilha é flutuante e se as informações estiverem corretas, o tal bruxo Meliorn faz com que ela seja quase inrastreável.

- Quase? - pergunto confuso.

- Sim. Podemos rastrear a ilha se alguém estiver dentro.

Ele me olha com ar de expectativa.

- Mas não podemos mais rastrear a Emy, nem falar com ela.

Ele abre um sorriso igual ao do gato em Alice no País das Maravilhas.

- E quem disse que é a Emily? - ele começa a andar de lá para cá, raciocinando - falei com a Úrsula e para conseguir o que eu estou planejando é preciso de um ritual com a participação de vários feiticeiros e...

- OOWWW!! - o interrompo - do que estamos falando?

Ele revira os olhos.

- Podemos não conseguir rastrear a Emily mas podemos rastrear o Eric.

Começava a ficar claro o seu plano. Era tudo muito arriscado mas precisaríamos tentar.

- Temos que falar com os sobrenaturais daqui. Saber se eles lutariam por nós.

- Já fiz isso - Tayler se senta e cruza as pernas - noventa por cento segue você se decidir agir.

Retorno para a minha cabeça e me sento pesadamente. Eu teria que levar dezenas de sobrenaturais até a Ilha e deixar que se sacrificassem por mim e pela minha irmã?

- Eu não posso pedir isso - esfrego os olhos frustrado - não posso pedir que se sacrifiquem por mim.

- Na verdade, eles não estão fazendo por você. Acho que todos eles perderam algum familiar, amigo ou conhecido e querem se vingar. Todos tem motivos.

Quando ia retrucar, alguém invade o escritório. Tayler e eu nos levantamos num pulo enquanto vemos um Jesse esbaforido vir na nossa direção.

- Não me mate - ele fala para mim - acho que eu peguei um pouco pesado com seu irmão.

  Saio apressado da casa em direção ao porão onde tinha algumas celas. Quando eu comprei a casa nunca me passou pela cabeça que eu usaria essas celas, mas o momento é que faz o caçador. Puxo as correntes e desço até o cômodo precário, dava para sentir a umidade e o mofo entrando pelo meu nariz e oprimindo meus pulmões, ainda bem que eu não precisava respirar. A visão de um vampiro era mil vezes melhor do que a de um ser humano então eu não demoro muito para achar o corpo do Aydan caído do lado de uma cadeira, provavelmente o Jesse deve tê-lo desamarrado. 

A Marca dos Caídos - Livro I (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora