A Marca dos Caídos - Livro I (COMPLETO)

CAPÍTULO XXVIII

Tayler

Fecho a porta com força. A visão de Emily tão próxima do Eric me tirava a sanidade. Eu nunca havia pensado o que tinha acontecido quando eles haviam fugido para o Clã, e, logo depois que voltaram, ele havia sumido então eu não me preocupava com algum envolvimento entre eles. Mas agora, vendo ela amenizar a dor dele, a cantoria e tudo o mais, isso me deixava preocupado. Eu me garantia muito no sentimento que eu sabia que ela sentia, mas agora? Agora tudo estava diferente, era como se tudo o que eu sentia por ela não fizesse mais diferença.

Olho para a minha bolsa e o caderno de desenho em cima dela. Fecho os punhos e a raiva toma conta de mim, eu havia aprendido a controlar os sentimentos ruins na Shadows mais isso, ciúmes, eu não sabia o que era a muito tempo. Vou ate o guarda roupa,pego aos montes todas as minhas roupas e jogo de qualquer jeito dentro da bolsa, todos os meus pertences vão parar dentro dela de qualquer jeito. 

Estava decidido. Eu ia embora daqui, ficaria o mais longe possível dela ou eu iria enlouquecer completamente. Eu sabia que ela não sentia mais a mesma coisa, era notável e eu estava de mãos atadas quanto a isso. Pego o meu celular e mando uma mensagem para a Jenny e o Jesse, eles estavam numa cidade vizinha com alguns amigos e com meu carro, eu precisa que viessem me buscar.

Enquanto eu pensava em tudo isso o caderno me convidava a abri-lo, a mudar de ideia e eu definitivamente não faria isso. Acendo a lareira que ficava no quarto, pego o caderno e o jogo no meio das labaredas sem pensar duas vezes. Meu coração se afunda quando eu vejo todas aquelas páginas queimar, mas era necessário, eu iria arranca-la do meu coração.
Alguém bate na porta e abro sem nem ao menos perguntar quem é. Os olhos azuis de Emily se arregalam quando a porta se abre bruscamente.

- Oi - ela fala - posso entrar?

Olho para a minha mala e depois aceno a cabeça e me ponho na frente da lareira para ela não ver o caderno. Ela olha para mim e depois para a cama engolindo em seco.

- Esta indo embora? - ela olha para mim cautelosamente.

- Sim, estou - respondo firmemente.

Ela me encara mordendo o lábio e inconscientemente eu olho direto para a boca dela. Minha vontade era atravessar aquele quarto e beija-la ate que eu perdesse o folego, eu seja, nunca porque sou um vampiro, fazê-la minha e de mais ninguém. O quarto começa a ficar abafado e quente, não por causa da lareira e sim por nossa causa. A atração que sentíamos era inegável, então por que ela fazia tanta questão em não corresponder a isso? Tudo seria mais fácil se ela simplesmente se entregasse a isso. Ela passa a mão no pescoço como se também sentisse, o que faz com que o movimento traga todo o cheiro dela para mim e ...

- Talvez seja melhor.

Ela fala tão baixo que eu penso ter ouvido errado. Volto meus pensamentos na linha certa, ela queria que eu fosse embora? Dou um passo para a frente e ela para trás mas quando faço isso saio da frente da lareira, deixando-a exposta para que Emily visse.

- Por que esta queimando isso? - ela corre ate a lareira e põe a mão dentro do fogo sem pensar duas vezes, o cheiro da carne dela queimando incensa minha narina.

- Você está ficando louca!? - grito a puxando de la. As mãos dela estavam em carne viva, queimadura de terceiro grau com certeza - vou chamar o Aydan, fique aqui.

- Não precisa Tayler, posso me curar sozinha.

Uma pequena luz sai de dentro das palmas das mãos e logo cobre todo o pulso. Onde antes era só carne, agora estava normal como se nada tivesse acontecido.

- Nunca vou me acostumar - falo sem pensar.

Ela se levanta do chão com o caderno nas mãos.

- Quando vai? - seu semblante era sério, ela não olhava para mim.