Capitulo 4 No hospital

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Eu cheguei no hospital e estava em coma. Quando acordei a enfermeira estava perto da maca com uns remédios e minha mãe estava sentada no sofá, chorando, a princípio não entendi muito bem, nem sabia onde eu estava, mas fui reconquistando minha consciência quando abri os olhos e disse a enfermeira:
– É, parece que eu voltei!
Minha mãe veio até mim e me abraçou:
– Ah meu amor você acordou!
– Sim. O que aconteceu?
–  Meu amor...
– Diz logo!
– Olha, sabe o homem que doou sangue pra você?
– Sim, o que tem ele?
– Ele tem... Aids.
– Então eu...
– Eu sinto muito.
Eu comecei a chorar junto com a minha mãe e a enfermeira se retirou nos deixando a sós.
– Mamãe, eu vou morrer?
– Claro que não. Vai se tratar e logo logo vai estar sã e salva!
– Quando vou estar boa?
– Assim que encontrarem a cura.
– Isso vai demorar?
– Aposto que não.
– E quando vou estar em casa novamente.
– Já pode ir. A enfermeira foi buscar sua ficha pra te tirar daqui.
– Madson Nicole Höner Petterson.
– Eu mesma.
– Ótimo. Já vou te tirar daqui.
– Me desculpe enfermeira Tea, mas não quero voltar a vê-la tão cedo!
– Não tem problema. Eu sei como você se sente.
Sai daquele hospital em choque. Como ia contar pros meus irmãos e pro meu amigo que estou com Aids? Me sentia naquele momento em um beco sem saída, queria apenas gritar e chorar.
No carro eu falei triste a minha mãe:
– Mãe, você vai contar pra eles?
– Hoje no jantar meu amor.
– Você pode me deixar contar?
– Ah! Claro, claro, não tem problema. Conte você.
– Não queria estar assim.
– Oh meu amor! Eu também não queria que você estivesse  assim.
Infelizmente, de uma maneira rápida cheguei em casa e me tranquei no quarto, Christi e Ana vieram logo bater na porta perguntando o que havia acontecido. Então respondi que no jantar elas saberiam toda a verdade.
Levi veio no meu quarto depois das meninas, tivemos uma breve conversa:
– Oi.
– Oi.
– Você está legal?
– Sim.
– Como foi lá no hospital?
– Foi... Cheio de surpresas!
– Boas ou ruins?
– Ruins.
– Não gosto de surpresas.
– Eu também não gostei dessa.
– A Tea te deu aquela balinha de avelã?
– Deu.
– Você pode me dar ela? Já que você não gosta.
– Como você sabe que eu não gosto?
– Eu sou seu amigo. Te conheço bem.
– Pensei que me odiasse.
– Você não quer me entender, é quase como se eu não estivesse falando nada.
– Eu sei. Já te entendi.
– Hum. Ótimo. Você está bem?
– Sim.
– Amigos?
– Melhores amigos?
– Melhores amigos pra sempre.
– Pra sempre e sem exceção.
Rimos e ele saiu. No jantar eu fiquei nervosa, não sabia o que eu iria dizer a eles, eram parte da minha vida, mas aos poucos fui perseverando que aquilo também seria parte da minha vida e teria conviver com aquilo por muito tempo. Mas, quando Samantha estava colocando a comida na mesa, eu resolvi contar, minha mãe olhou pra mim com sinal de aprovação e eu respirei, com tom de choro e falei:
– Sabem o homem que doou sangue pra mim?
– Sim- Rupert respondeu.
– Ele... Ele...- não agüentei, comecei a chorar, minha mãe continuou com a cabeça baixa:
– Ele tinha Aids.
Todos ficaram muito surpresos, Christi saiu correndo chorando e Lucca a acompanhou, Rupert foi pra sala, quando Ana gritou:
– Vocês não vão mais comer?
– Perdi a fome.
Ficaram um tempo calados, quando eu quebrei o silêncio falando:
– Um dólar.
– Ah droga!- minha mãe disse.
– O que?- Ana perguntou confusa.
– Todas as vezes que. Eu vejo ela roendo as unhas, ela tem que me pagar um dólar.
– Ah!
Naquela noite, fiz a festa do pijama com as meninas e todos os dias nós brincávamos  no jardim, Christine, Lucca e Rupert foram ver seus avós. Passaram quase dois meses lá, depois que descobriram a minha doença ficaram com medo de mim. Uma semana depois estávamos Eu, Ana e Levi  sozinhos no jardim, Samantha e minha mãe foram a feira, meu cronometro tocou as 12 em ponto, como de costume:
– Tenho que almoçar.
– Por que você não come só quando tem fome?- perguntou Ana.
– Por que se só comesse quando tenho fome, não estaria aqui.
– Vamos no Tiler's?
– Onde é isso Levi?
– É um supermercado. Ali na esquina.
– Não posso andar muito, se não fico cansada.
– É perto. Não ouviu ele, é lá na esquina!
– Prometo que não deixaremos nada acontecer com você!
– Obrigada! Eu amo vocês.
– Nos também te amamos.
Fomos ao supermercado e almoçamos muitos salgadinhos e doces. No jantar, nós três estávamos felizes e rindo, minha mãe fez bolo pra a sobremesa:
– Não agüento mais. Estou cheia.
– Posso ficar com o seu?
– Levi, o médico disse que é seguro, mas melhor não arriscar.
– Ah! Não se transmite assim!
– Mas prefiro não!
– Eu tive uma idéia! Quando descobrirem a cura, poderíamos ir no Tiler's  e compre aqueles sundays enormes, e quando você não quisesse poderia me dar!
Houve um silêncio e todos se olharam confusos, quando mamãe disse:
– É uma ótima idéia.
– Ela tem medo que não descubram a cura a tempo.
– Ah.
– Então, quem quer jogar videogame!
– O controle verde é meu Ana!
– Nem vem Levi!
– O controle verde não é de nenhum dos dois!
– Por que?
– Ele é meu!
– Quem chegar lá primeiro fica com o controle verde.
– No três. Um... Três
– Não vale Maddie!
– Filha, assim não vale! Eu conto, vai! Um, dois, três, já!

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