Capitulo 18 O velorio

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Desci as escadas triste e sem falar nada fui até o quarto em que o corpo da Maddie estava, a Sra. Hönner também estava lá, e disse:
– Ela era um anjo, não era?
Concordei com a cabeça, estávamos em silêncio e assim ficamos por muito tempo, até que ela quebrou o silêncio e disse:
– Olha... Fique o tempo que quiser.
Ela estava chorando muito e saiu, eu fiquei lá triste e sem saber o que fazer,
olhei um tempo pra ela, e queria fazer o que eu não pude fazer enquanto ela estava viva, coloquei seus lábios nos meus, a beijei, como ela sempre me pedia, hoje o que eu mais queria era pedir isso a ela, eu me senti feliz por saber que se ela estivesse viva, se sentiria feliz também e eu a amava como eu me amava, não suportava a idéia de perdê-la, nesses dias, andei lembrando do seu sorriso, da sua calma e do amor que transmite o seu olhar, então passei um tempo olhando pro nada, e falei, triste, baixo e quase sem voz:
– Pra sempre e sem exceção.- derrubei uma lágrima.
Peguei na sua mão por um tempo, e depois sai, mesmo sabendo que eu nunca mais iria ver a minha melhor amiga.
Passei pela sala e a Sra. Hönner me seguiu até a porta e perguntou:
– Aonde você vai?
– Só dar uma volta.
P. O. V Sra. Hönner.
Eu o vi saindo pela porta e chorei, por perder a minha filha, me senti confusa quando de longe eu vi que o Levi estava só com um sapato.
Olhei confusa, não sabia o que ele havia feito com o outro par, mas supus que ele estivesse fazendo algum tipo de brincadeira, ele saiu com a cabeça baixa e muito triste.
Fiquei um tempo lá com a minha filha, quando Ana chegou e disse:
– Quero voltar a morar com meus avós.
– Tudo bem.
– Eles estão aqui agora, eu vou pra casa deles... Me perdoe, não consigo mais viver aqui. Perdi a minha irmã e minha melhor amiga nessa casa.
– Mas você vai vir me visitar de vez em quando não é?- falei roendo as unhas.
Ela me olhou por um tempo e falou sorrindo, com um sorriso bem discreto, mais sincero:
– Um dólar.
Eu ri.
Então depois de um tempo, continuou:
– Se importa se eu for embora a pé?
– Não, claro que não.
Entrei em casa novamente e notei que no bolso da minha calça havia um papel, e nele tinha escrito:
" Nos últimos tempos, acabei descobrindo certas... deficiências no meu corpo, as pessoas sempre dizem que a minha doença não tem cura, mas eu tenho uma coisa que essas pessoas não tem, estou hoje, saindo numa aventura com os meus melhores amigos e não sei se vou voltar, estou levando todos os meus remédio, vamos pra Boston hoje cedo. Saiba que eu te amo muito e caso eu não volte... eu deixei esse mundo, as pessoas morrem pra deixarem outras viverem e por isso estou partindo, e agora, só depois de tanto tempo que eu percebi que podemos encontrar a felicidade nas coisas mais simples, como um supermercado na esquina, a lama do jardim ou simplesmente em saber que você tem a certeza de que estará vivo no dia seguinte! As pessoas que te fazem rir naqueles momentos tristes são as melhores pessoas, e tenho o orgulho de dizer que você foi pra mim uma dessas pessoas. Te amo mamãe. Ah! E o que eu tenho que essas pessoas não tem, são as duas letras mais poderosas na vida de  um ser humano, uma delas é o F de felicidade, pois sem ela somos apenas o nada tentando ser alguma coisa, e a outra letra é o E, de esperança, pois assim, nos dias mais tristes em que você vê a chuva descendo pela sua janela, pense que estará vivo por acreditar que aqueles pingos de chuva podem fazer a sua tristeza se transformar a alegria por saber que há seca em muitos lugares, mas você terá sempre o orgulho e a felicidade em saber que há pingos de água na sua janela! E eu formei assim... A fé! Mais que fundamental na vida de um ser humano, e são apenas a minha segurança nessas três pequenas coisas, que me fizeram conseguir viver até aqui! Uma dependendo da outra, mas eu dependo de todas elas, pois se uma quebrar minha construção toda cai. Adeus, Estou partindo por que queria procurar... A cura."

A curaOnde histórias criam vida. Descubra agora