No caminho estávamos bem, resolvemos que a partir dali, iríamos de ônibus ate Boston, tínhamos levado muito dinheiro por isso deu pra comprar muito bem as passagens.
No caminho, dormi no colo da Ana, Levi estava sentado um pouco atrás, sabia que ele estava olhando pro nada, conheço ele muito bem pra saber que nos momentos de aflição ele sempre olhava pro nada.
Na parada, armamos nossa barraca e dormimos como se estivéssemos na floresta novamente, antes de dormimos eu e Ana estávamos na barraca conversando:
– Quantas estrelas você acha que há no céu?
– Muitas. Milhões. Talvez bilhões, muitas.
– É verdade o que dizem sobre, quando alguém morre, aparece uma nova estrela?
– Eu não sei.
– Minha avó disse que quando há muitas estrelas no céu, significa que muitas pessoas morreram.
– Conheceu sua avó?
– Eu morava com ela. Antes dela...
– Ta eu sei.
– Agora ela é uma estrela!
– Sabia que o que vemos é o passado? E que essas estrelas já apagaram faz tempo?
– Não sabia disso.
– Se sua avó é uma estrela, então ela já apagou.
– Isso não é verdade. Ela era tão pura e tão forte que está brilhando até hoje!
– Você é muito fiel.
– E qual é o problema?
– Nenhum, só é estranho por que quase não existem mais pessoas assim...
– Mas eu sou.
– Isso é bom. Isso é muito bom.
– Para de fazer sombras na parede! Isso da azar!
– Tudo bem! Tudo bem! Boa noite Maddie!
– Desligue a lanterna! Boa noite!
Dormimos profundamente, até acordamos as dez e olharmos uma pra outra:
– ANA!
– O que foi?- falou ainda dormindo.
– Cadê o ônibus?
– O que?- ela se levantou espantada.
– O ÔNIBUS! O ônibus saiu! Já foi! Estamos aqui sozinhos!
– Aí meu Deus! Chama o Levi.
Sai correndo até a barraca dele e abri o zíper gritando:
– LEVI!
– O que aconteceu Maddie?- Ele falou muito espantado.
– Nos perdemos o ônibus!
– Ta brincando, não é?
– NÃO! É serio! Nós perdemos o ônibus!
– Que droga!
– Quanto ainda temos?
– Temos 80 dólares.
– Talvez de pra comprar uma passagem em uma outra companhia!
– Sim mas... Como vamos voltar pra New Orleans?
– Podemos ligar pra minha mãe!
– E dizer o que? :"Mamãe fugimos pra encontrar a cura da Aids, nos perdoe por favor, nunca mais vou atravessar o pais sem sua autorização!"
– Para de me fazer rir quando eu não quero, seu chato!
– Ta, ta! Esse é o menor dos nossos problemas! Como vamos atravessar o pais com 80 dólares?
– Não sei! Podemos ficar ricos quando encontrarmos a cura!
– Você ficou maluca? Isso nunca vai acontecer Maddie! AIDS NÃO TEM CURA!
Sai correndo chorando, sabia que ele tinha dito isso sem querer, corri pra minha barraca fechei o zíper e comecei a chorar, quando a Ana chamou:
– Madson, Maddie, vem pra cá pra fora!
– Me deixa em paz Ana! Por favor sai daqui!
– Levi comprou as passagens para o próximo ônibus, ele já deve estar chegando! Vem! Precisamos desmontar as barracas!
– Vão sem mim! Levi tem razão! Aids não tem cura!
– Para de ser dramática! O menino falou sem querer! Ele é seu melhor amigo! Precisamos ir logo!
Abri devagar o zíper da barraca e sai, sem falar nada, corri até o banheiro e me olhei no espelho por um tempo pensando tipo:"Quem sou eu?", lavei os olhos e fui até eles ajudar a montar as coisas.
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A cura
Romance- Credo! Por que você se balança toda enquanto dorme? Você tem pesadelos? - Só me sinto meio mal... - Você está toda molhada! - É suor. - Está três graus lá fora. Por que você sua quando está com frio? - Eu sou doente. - Pega a minha camisa. - Obrig...