CAPÍTULO 10

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LESLIE

De todas as pessoas que passavam naquele restaurante eu olhava cada rosto, cada gesto. Eu precisava saber se Peter estava bem, eu precisava ver a mãe dele ali. Logan estava fazendo de tudo tentando me entreter, eu fingia que entendia o que ele estava falando apenas concordando e dando um sorriso fraco. Eu não comi muito, apenas o bastante para que ele parasse de insistir. Eu realmente não entendia por que ele queria me ajudar. Por que ele se preocupa tanto comigo? Voltei meu olhar para ele e respirei fundo o interrompendo.

—Olha, eu já comi. Acho que agora você podia fazer a sua parte e me ajudar. Como vai ser? Quero ver Peter. —Ele já tinha acabado sua sobremesa e me olhava constantemente, movi meu olhar para minhas mãos na mesa quando ouvi sua voz.

—Você também me prometeu que iria pra casa dormir um pouco, tomar um banho. —Levantei minha cabeça e olhei nos seus olhos o interrompendo.

—Você está insinuando que estou fedendo? É isso? —Levantei meus braços tentando cheirar minhas axilas. Ele deu uma risada alta e segurou na minha mão.

—É claro que não Leslie! Você não está fedendo, você só precisa ir pra casa. —Eu afastei a minha mão da dele e coloquei-as no meu colo. Logan encostou na cadeira e voltou a falar: —Olha, ele não pode receber visitas e eu não posso te dar mais aquela ajudinha. Meu plantão vai acabar agora, eu te deixo em casa e fico com seu número. Assim que eu puder fazer algo, eu te ligo e você vem pra cá. Pode ser?

—Eu não vou sair daqui, eu não vou deixá-lo. —Eu me levantei enquanto olhava pra ele.

—Leslie, seus pais devem estar preocupados. —Ele se levantou ficando na minha frente. Eu estendi minha mão para ele.

—Me dá seu celular.

Ele não hesitou e logo me deu o aparelho. Deixei meu número salvo em seus contatos e entreguei seu telefone.

—Salvei meu número aí, agora promete que vai me ligar se algo acontecer enquanto eu estiver em casa tomando banho.

Ele pegou o celular da minha mão e sorriu.

—Eu prometo Leslie, agora deixa eu te levar em casa.

Dei as costas imediatamente pra ele e caminhei enquanto dizia:

—Eu vou de táxi.

LOGAN

Por mais que eu tentasse segui-la, ela corria rápido demais e eu não conseguia alcançá-la. Assim que o táxi em que ela tinha acabado de entrar partiu peguei meu telefone e olhei seu número na minha agenda, pelo menos ela tinha deixado o número ali e estava indo descansar na casa dela. Eu não sabia o que fazer para ajudá-la mas eu preciso pensar em algo. Meu celular vibra constantemente em minha mão mostrando a foto da minha noiva na tela. Depois de várias chamadas desesperadas, eu deslizo o dedo na tela ignorando a ligação. Eu tinha assuntos mais importantes para tratar do que ajudar uma mulher a escolher a cor das toalhas de mesa do salão de festas. Eu caminhava por todos os lados do imenso corredor que dava acesso a sala de reuniões em que o Dr. McPhill estava, ele é o médio de Peter e vai saber me contar o que está acontecendo. Meu celular vibra mais uma vez. Dessa vez não era uma ligação dela, era uma mensagem.

"Logan, por que você não me atende? Eu preciso da sua ajuda!!! Acho que vou adiar minha ida pra aí, estou morrendo de saudade!!! Me liga!!!"

Qual a necessidade de usar tantos pontos de exclamações? Ela estava irritada.

"Eu estou trabalhando Mel, ligo assim que puder."

Eu estava sim com saudades mas ela não pode vir agora. Eu pretendo pegar o caso de Peter e não vou ter tempo pra ela. Coloco rapidamente meu celular no bolso quando vejo a porta abrindo e Dr. McPhill saindo da sala. Dou passos longos até ele e espero até que ele termine a conversava com a Dra. Turner.

—Voce quer falar comigo Dr. Reed? Seu pai está lá dentro, não vai vê-lo? —Ele me disse dando um breve aperto de mão.

Meu pai? Mas que diabos ele está fazendo aqui? Eu pensei que ele estava de férias na América do Sul dançando com brasileiras gostosas e bebendo uma caipirinha bem gelada, não em uma sala de reunião de seu hospital.
—Eu queria falar com você sobre Peter Hunter, seu paciente do quarto 407. —Desviei meus olhos para a porta onde avistei meu pai em pé de costas observando a janela.

—Bom, essa reunião era exatamente sobre ele. O banco de médicos estava analisando o caso do pobre garoto e...—Antes mesmo que ele terminasse de falar, eu o interrompi.

—Agora o caso é meu! Quero que pegue todo o formulário do paciente e coloque em minha mesa.

—Mas Dr. Reed, você não pode fazer isso. Ele é meu paciente! —Ele parecia nervoso e não parava de me encarar.

—Agora é meu! Meu pai é o diretor desse hospital e em breve eu serei no lugar dele, eu sou seu chefe. —Ele apenas concordou com a cabeça e se retirou dali. Eu mal reconhecia meu pai sem aquele jaleco. Dei leves batidas na porta aberta e entrei. —Pensei que estava no Brasil, não gostou das brasileiras?

—Eu vim antes que elas se apaixonassem por mim, seria um estrago ter que trazer algumas delas pra casa e sua mãe não ficaria nada contente. —Ele se virou e me encarou. —Pensei que seu plantão tinha acabado. —Meu pai caminhou até a gaveta trancada da mesa e pegou uma garrafa de whisky. —Beba e depois vá pra casa,ligue pra sua mãe e avise que eu cheguei. —Ele me estendeu um copo cheio e eu bebi em um só gole. Não havia nada que o meu pai me mandasse fazer que eu desobedecia.

Ele não disse uma palavra sequer enquanto eu estava lá. Eu saí da sala apressado indo em direção ao estacionamento, antes que eu chegasse no meu carro peguei meu celular e disquei o número de Leslie. Eu poderia simplesmente mandar uma mensagem, mas eu queria ouvir a voz dela. Depois de chamar diversas vezes sem obter resposta, eu resolvi deixar uma mensagem de voz.

"Leslie, espero que esteja tomando um banho quentinho agora ou dormindo. Quando ouvir isso vai saber que eu consegui. Bom, deve estar se perguntando o que eu consegui e isso você só vai descobrir se vier encontrar comigo."

Assim que deixei o recado em sua caixa postal, eu escrevi meu endereço e enviei uma mensagem.


DOIS ACASOS(EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora