Desapego

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Ser a advogada mais bem paga de Porto Alegre tem suas consequências, como trabalhar com pessoas incompetentes, como Jeniffer, minha secretária.
-Jeniffer, já te falei mais de mil vezes que era pra estar no escritório as nove em ponto, tenho várias audiências marcadas e você está me atrasando, imbecil! - digo e
respiro fundo.
-Me desculpe, não farei novamente.-
desligo o telefone e escuto ela me chamar de vaca, preciso trocar de secretária novamente, mas depois cuido disso.
Entro em minha sala e vejo que o telefone está tocando. É do fórum e eu tenho audiência as dez e a minha secretária ainda não chegou para marcar com meus outros clientes. Atendo rapidamente:
-Nattzel, aonde você está? A audiência está marcada para as dez e você nem apareceu! A juíza Loren já tá a ponto de perder as estribeiras!
-Tive alguns imprevistos e já estou a caminho. - digo e tento parecer o mais segura possível.
Desço as escadas correndo e vejo uma fila de pessoas que estão querendo marcar horário comigo. Entro no meu carro e dirijo para o fórum, chego lá em meia hora, encontro meu cliente desesperado.
-Beatriz, aonde esteve? Te liguei milhões de vezes e só dava caixa postal.
-Estive um pouco ocupada, mas vamos para a sala.
Releio o caso Emanuelle, meu cliente é acusado de ter matado e esquartejado sua ex-namorada por ciúmes. Se fosse considerado culpado, poderia até pegar 35 anos de prisão. Mesmo sabendo que é bem provável que ele seja culpado, faço o meu papel como advogada, até porque ele paga muito bem.
Entro na sala e sinto o clima pesado, vejo como os familiares e testemunhas olham de uma forma tenebrosa para o meu cliente, a juíza Loren era famosa pelas suas condenações e sua intolerância aos dramas e tentativas de persuasão. Uma das mais respeitadas juízas não aceitava suborno, não que eu tenha tentado, mas ouvi histórias que me fizeram até nem chegar perto da sala de juizados, a não ser para os julgamentos.
-Silêncio no tribunal! - A juíza Loren diz em tom autoritário.
Ficar no mesmo ambiente que Miguel, o promotor mais intransigente, era de me dar náuseas, além de ser uma figura completamente conservadora, era do tipo de pessoa que não apresentava muitas expressões e era bastante frio.
Depois das testemunhas darem o depoimento contra Adrian, em contrapartida, eu as interrogo e consigo de forma rápida encontrar contradições e acrescento pontos a favor do meu cliente. A audiência foi interrompida por uma hora e meia, logo em seguida, a juíza Loren dá seu veredito.
-Pela falta de provas contra o acusado Adrian Guimarães e pelas contradições da acusação, a promotoria declara a absolvição do réu.
Vibro por dentro porque sabia que era quase impossível livrar a cara de Adrian.
-Bom trabalho, Nattzel, continua sendo uma boa advogada. - Marcos, o advogado de acusação, me cumprimenta.
-Sempre um passo a frente de você, obrigada.
O meu caso com Marcos era bem antigo, desde os tempos da faculdade, ele sempre foi a fim de mim e continua sendo o mesmo babaca. Depois de ter transado com ele umas dezenas de vezes, ele acabou achando que tínhamos algo, pena que a única coisa que eu queria dele era o prazer que ele podia me proporcionar.
Cumprimento Adrian e seus familiares e saio do fórum, resolvo ir pra casa.
Sou recepcionado pelo Bob, meu chihuahua que fica abanando o rabo ao me ver, o único macho permanente da minha vida.
Pego meu celular e vejo que tenho 320 mensagens pendentes, fico com preguiça de responder tudo isso. Resolvo ligar para Lucas, um garçom que havia me atendido no restaurante na noite passada.
-Alô? - Sinto uma voz sedutora do outro lado da linha.
-Lucas? Aqui é a Beatriz, lembra de mim?
-Claro, como esquecer de um pedaço de mal caminho como você?!
-Tá livre hoje a noite?
-Claro.
-Que tal passar no meu apartamento?
-Sem dúvidas, chego aí em meia hora.
Vou para o banheiro, tomo um banho, coloco uma roupa confortável e fico esperando Lucas chegar. Ele tinha um porte atlético, não fazia o tipo de homem que me agradava, mas para saciar meu desejo de hoje, ele era o cara perfeito.
Minha campainha toca e eu presumo que seja ele. Vejo ele na porta com uma camiseta regata mostrando seu peitoral e a barba por fazer, com um cheiro que era de enlouquecer quem passasse por perto.
-Espero que goste de vinho do Porto. - Ele me diz me olhando de baixo para cima.
Pego as taças e começamos a conversar, ele me fala sobre como é estressante o trabalho dele, eu jamais me imagino recebendo um salário-mínimo pra sobreviver.
Sem falar muito sobre mim, aguço a curiosidade de Lucas e ele me pergunta.
-Como uma mulher tão linda como você pode viver numa casa tao grande, sem ter nenhum namorado.
-É que existem coisas mais importantes na vida do que se prender a uma pessoa só.
-E o que seria mais importante que isso?
-Amar todos os dias uma pessoa diferente.
-E como isso seria amor?
-E por que não seria amor?
-Dizem que o amor é egoísta.
-Não a minha forma de amar.
-E qual seria a sua forma de amar?
Puxo a sua camisa e sussurro no seu ouvido:
-Deixa que eu te mostro.
Ele se aproxima e me beija com vontade.
Sinto suas mãos descendo por minha cintura e percebo o volume entre as suas pernas, acho que o vinho pode ter deixado ele um pouco mais animado.
Ele segura a minha nuca e o beijo começa a ficar mais quente, mordidas, lambidas e provocações é algo em que ele não deixa a desejar, sua mão desce até minhas coxas e nessa altura, sinto minha intimidade ficar molhada e se contraindo, ele puxa meu cabelo e me provoca mais ainda, com voracidade, arranca a minha blusa e deixa meus seios rígidos expostos, ele começa a fazer movimentos circulares em um dos seios enquanto segura o outro. Ele puxa o meu corpo pra perto de si e eu vejo que tudo vai acontecer aqui mesmo na sala. Ele me deita no sofá e começa a lamber a minha barriga, o que acaba provocando vários arrepios, arranca o meu short e deixa exposta minha intimidade, sem mais delongas ele começa a me chupar. Fazendo movimentos circulares, ele me provoca a tal ponto que eu quase consigo ver Deus.
Depois de vários minutos nesse ritmo eu acabo gozando e sinto que é a minha vez que dar prazer, já sem camisa, eu arranco a sua bermuda com rapidez e vejo seu enorme pau na minha cara.
Sem muita demora e com muita vontade eu o engulo, vejo na sua expressão e o tanto de prazer que ele tá sentindo. Faço movimentos com a língua e eu o sinto tremer, ele sem muito aguentar, me joga no sofá de quatro.
Sinto aquele pau dentro de mim e tenho meu segundo orgasmo em poucos minutos, depois de vários puxões e tapas eu o sinto gozar dentro de mim.
Depois de repetirmos isso várias vezes, acabamos jogados no sofá.
-Isso foi incrível. - Ele me diz todo suado.
-Eu sei meu bem. - Me levanto e vou para o banho.
Ele fica parado me olhando e eu digo:
-Não vem?
Tomamos banho juntos e como sempre eu o dispenso logo, assim como faço com todos os outros. Na porta ele me diz:
-Vai me ligar novamente?
-Não espere por isso. - Fecho a porta antes de ver a expressão dele.
Me deito e Bob vem me fazer companhia, fico relembrando das cenas que tive com Lucas e fico lembrando como é bom amar uma pessoa diferente a cada dia.
Não consigo compreender a necessidade que as pessoas têm querer compartilhar uma
vida com uma só pessoa, porque no fim, que sentimento é tão grandioso quanto o prazer próprio.
Costumam dizer que eu sou colecionadora de corações partidos, nunca consegui entender como uma pessoa poderia se apaixonar por mim, não sou aquele tipo de garota que se vê nos contos de fada e nem aquela garota que sempre teve tudo nas mãos.
Talvez não tenha o biótipo de uma modelo, mas sei que sou bem atraente, afinal, tenho qualquer homem aos meus pés, inclusive algumas mulheres. A única coisa que eu realmente sei sobre essas pessoas que se dizem apaixonadas é que sempre se dão mal, nunca estive verdadeiramente apaixonada, não da forma que as pessoas dizem estar, prefiro acreditar que eu vivo da forma que amo, quando o lance é só sexo, não existe corações feridos e quando existem, é só os deles ou os delas.
Pego o meu celular e vejo que tem uma mensagem de Betânia, minha sócia no escritório de advocacia:

- Beatriz, amigaaaa.... Fiquei com aquele boy magia da boate de novo, estou caidinha por ele.
-Você sempre tá caidinha por alguém Betânia, devia tomar mais cuidado, você lembra o que aconteceu com o seu último boy magia né? A coca-cola era fanta u.u

-Nem me lembre daquele miserável, me trocou pelo meu amigo gay.
-Bem feito! Ah, ganhei a audiência hoje, do Adrian, foi contra o Marcos, ele ficou boladinho.
-Isso é amor reprimido amiga, você deveria era dar outros pegas nele. Ele é bem gato.
-Bem gato e pegajoso.
- O negócio é que você é desapegada demais Beatriz.

Leio a última mensagem de Betânia e vou para a geladeira, pego um sanduíche natural e fico vendo meu seriado favorito até adormecer.

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