Capítulo 11

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"Algo só é impossível até que alguém duvida e resolve provar o contrário."

Albert Einstein.


O jovem mago estava sentado, encostado à árvore quando o pássaro apareceu em voo picado, tão violento que só parou o mergulho no último segundo e pousou.

– Mas bah, tchê, pretendes dar uma de camicaze?

– "Igor, há um exército enorme vindo nesta direção mais ou menos a dois dias de viagem a pé. Neste momento, eles estão montando acampamento, talvez para pernoitarem, mas são demais para esta gente enfrentar" – afirmou o pássaro que patrulhava os arredores a pedido do jovem. – "Não há nenhuma outra cidade por perto para eles atacarem, logo o alvo só pode ser a aldeia onde estamos. Acho que a tua suposição de termos vindo para o passado muito correta."

– Então eles vêm com intenção de atacar uma aldeia tão inofensiva e pacífica! – pensou alto. – Vou avisar essa gente, mas creio que, tirando Ailin, o resto não vai muito com a minha cara.

Igor levantou-se e Gwydion voou para o seu ombro, quieto. Ele foi para o centro da aldeia e só nesse momento é que lhe prestou atenção de fato. A região era formada por uma praça circular, enorme, que tinha um grande carvalho no meio e jardins bem cuidados em volta. Por toda ela havia mesas porque era onde os gauleses confraternizavam. Depois, uma rua circular marginava a praça e as cabanas mais importantes situavam-se ali. A seguir, várias ruas perpendiculares davam para as casas dos cidadãos e, na periferia, o rio passava. A aldeia não tinha qualquer tipo de muro ou fortificação e um ataque de soldados bem preparados seria uma chacina. Ele sabia que Ailin tinha ido naquela direção, mas não tinha ideia de onde.

Parou na praça central e olhou para todos os lados. Várias pessoas passavam por ali, mas nada da garota. Chamou um rapaz e perguntou:

– Eu preciso de encontrar Ailin, a filha do chefe com muita urgência – pediu. – Sabes onde ela está?

– Na cabana do chefe com o subchefe – apontou uma choupana bem à sua frente.

– Obrigado – sorriu e começou a caminhar para lá.

Como a porta estava aberta, Igor foi entrando, mas, quando se aproximou, ouviu uma discussão e era a voz da Ailin um tanto alterada. Ficou parado, aguardando e escutando.

– Já disse mil vezes que não desejo você, Marlon – falou ela, muito irritada. – Eu não quero ter que repetir o meu aviso de novo. A próxima vez que você me tratar daquele jeito, vou matá-lo e não me importa a sua condição de subchefe.

– Você está dizendo isso porque caiu de amores pelo bruxo, não é?

– Pra começar, Marlon, caí de amores sim – ripostou ela, sem negar. – E depois ele é um druida dos bons e não um bruxo. Além do mais, você não tem nada a ver com isso.

– Eu vou é matá-lo – afirmou rancoroso. – Bruxos têm de ser mortos. Basta ele se descuidar e vai ver.

– Não passa de um covarde, Marlon. – Ela riu. – Se ele fosse um bruxo já estaríamos todos mortos, tamanho é o poder dele...

– Estarão todos mortos em dois dias – disse Igor, entrando de vez na cabana –, a menos que saibam como combater um exército invasor. Que feio, Marlon, atacar um homem à traição!

– Por que você disse isso, Igor? – perguntou Ailin.

– Gwydion viu um exército enorme vindo para cá. Eles estão a uns dois dias de viagem.

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