Capítulo 13

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"A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente."

Albert Einstein.


O silêncio era completo para não quebrar a concentração e Igor até suava um pouco, tamanho era o esforço que fazia. Ailin, que já tinha muitas noções de tudo aquilo, sentia a energia do companheiro fluindo e as suas mãos chegaram a formigar um pouco como se tivesse a sensação de que poderia fazer o mesmo, uma coisa que a deixou bem curiosa. Por isso, concentrou-se mais no fluxo de energia que fluía à sua volta para não perder nenhum detalhe.

Não demorou muito e, à frente deles, surgiu um risco vertical, quase invisível e que só se notava porque era negro em um dia bastante luminoso. O mago ergueu os braços e meteu a ponta dos dedos nele, afastando as mãos da forma a forçar mais a abertura do portal e puderam ver um mundo do décimo quarto plano surgir à vista de todos. Pai e filha espreitavam por entre os ombros do Igor, curiosos, observando aquele planeta com toda a atenção.

Tinha a luz muito clara e amarelada, onde se via apenas um campo florido e, não muito longe, uma cidade com belas construções, parecendo feitas em cristal e que lembravam a Cidadela, apesar de nem chegarem perto da sua beleza.

Igor virou o rosto, piscou o olho e sorriu.

– Não se esqueçam; dez dias. – Deu um último beijo na amiga e avançou para a passagem.

Quando rompeu a película de energia que separava os dois mundos, uma brisa muito suave atravessou os planos e trouxe aos presentes um cheiro doce de pólen, tão forte e agradável que chegava a ser inebriante. Igor passou para o outro lado e fechou a passagem de modo a evitar algum possível problema.

A primeira coisa que sentiu foi que a temperatura era um pouco mais alta que o Mundo de Cristal, talvez uns vinte e sete graus. Olhou em volta e tudo o que via eram paisagens naturais, morros floridos e longos que se misturavam a planícies, lembrando uma tarde de verão em algum parque natural. Para a esquerda, havia um rio bem grande e de águas tranquilas, com algumas árvores nas margens. Já para trás dele, aparecia uma cordilheira enorme com uma vegetação densa, tão densa quanto uma selva da Terra. Algumas das montanhas eram de tal forma altas que os picos tinham neve, talvez até eterna. Para a direita, o campo de flores avançava muito longe. A única obra daquele planeta que não era da natureza tratava-se da cidade à sua frente, não muito longe e nem muito grande. A paisagem que se apresentava, em nada se diferenciava da Terra.

Calmo e sem pressa, começou a deslocar-se para cidade, mas preparado para alguma possível eventualidade. Não viu ninguém naquele mundo até chegar aos limites urbanos, quando um estranho veículo voando a baixa altitude aproximou-se e pousou ao seu lado. De dentro, um habitante nativo surgiu, apresentando um sorriso idêntico ao padrão humano.

Era demasiado parecido com um ser humano, mas possuía três olhos e o mago deu-se logo conta que estava de frente para os descendentes dos seres do planeta X no quarto plano, vendo o mistério do sumiço deles solucionado. A criatura não aparentava estar armada e parecia pacífica.

Sorrindo de volta, aproximou-se devagar e parou a uns dois metros. Com gestos lentos para não assustar, pegou o telefone do bolso e mostrou a fotografia da estátua do mundo original deles. O ser, que aparentava ser uma "mulher", compreendeu de imediato e esboçou um novo sorriso, fazendo sinal para que a seguisse e entrasse no estranho e silencioso veículo que decolou logo a seguir em direção ao interior da cidade.

― ☼ ―

Ambos permaneceram em silêncio e Igor aproveitava para analisar a cidade. A primeira coisa que notou, foi que os edifícios não eram de cristal, como parecera de início e sim de algum tipo de material parecido, talvez uma variante de mármore ou granito.

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