04 de Julho, 2012

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Dia da Independência dos Estados Unidos

O mais importante feriado do país, é o do dia 4 de Julho. É quando as famílias se pintam de azul, branco e vermelho, vão para as ruas assistir as paradas, os desfiles. Uma festa enorme, com norte americanos sorrindo e comemorando o que um dia ganharam com tanta luta.

Sim, o dia mais importante do ano. Um dia de passar com a família, soltando fogos em frente à praia. De chorar, de abraçar.

Para os Watt e os Walker, era sempre a mesma coisa. Eles se reuniam e iam assistir a comemoração. Todos animados. Ou quase todos.

Hanna achava entediante ver crianças correndo e apontando para o céu, com as luzes dos fogos na noite, fazendo brilhar mais ainda o verão. Ela via a mesma cena todos os anos, queria alguma coisa de diferente. Pediu tanto para a mãe deixá-la viajar com Tess para México no verão, mas Eva fingiu que nem a tinha ouvido.

- Aqui, Hanna – Eva entregou uma salsicha empanada para a filha. - Kara, por que Emma não veio mesmo?

Eva sorriu, mordendo um pedaço de um cachorro-quente. Ela estava contente, pela primeira vez, que a filha não estava com ela.

- Foi passar o feriado com os pais de Mattew. Acho que esses dois são mais que bons amigos, e sabe? Eu aprovo. Ele tem boa família, é um garoto encantador... Outro dia pediu permissão para levá-la ao cinema! Que garoto faz isso hoje em dia? - deu um suspiro.

- Mas ela não é muito nova? - questionou a irmã. Para Eva, nem Hanna que tinha dezoito deveria namorar. Ter namoricos, beijos aqui e ali, era uma coisa... Agora namorar? Isso era para pessoas responsáveis, mais vividas.

- Dezesseis anos! Ela já sabe o que é certo e errado, não posso colocá-la sempre em uma redoma de vidro... O único que está impondo presença é John. Não quer a princesinha dele com garotos. Mas qual é o pai que quer?

Hanna revirou os olhos e resistiu a vontade de vomitar. Emma nem quando estava longe, deixava de ser presente. Quem é que queria uma vida perfeitinha? Ela mesma um dia já quis, porém nunca a teve. E agradecia hoje por isso. Os riscos a fizeram mais forte, resistente. Nem parecia que alguns meses atrás estava chorando por um professor de espanhol... ela aprendeu a esquecer os problemas. Nos braços de cada garoto que fosse aparentemente interessante. E sinceramente? Era bom demais.

- Falando em John...

O sorriso de Kara tremulou um pouco, mas ela conseguiu mantê-lo com algum esforço sem que percebessem. Ela sempre prezou a família perfeita, uma família sorridente, feliz. Porém, John... Seu amado John... Ele não era mais o mesmo.

- Minha irmã, John está ótimo, como pode ver – apontou com o queixo para o lugar que o marido estava, cuidando dos fogos.

Eva crispou os lábios, entretanto, não descordou da irmã. As duas podiam ter suas diferenças, mas sempre foram unidas. Tanto, que o que mais clamaram era pela amizade entre Hanna e Emma, coisa que as duas já tinham desistido.

- Mãe, vou andar um pouco. Aqui está muito abafado, esse sol, essas pessoas... - Hanna disse, já se dispersando, ouvindo apenas a mãe reclamar.

Janine só iria chegar na semana seguinte, por isso, a família estava toda ranzinza. Uma modelo famosa em Berkeley, visitando a família no verão antes de encenar um filme Hollywoodiano... Não ia prestar.

Hanna, que usava uma regata branca, limpou os dedos sujos de fritura da salsicha empanada nos bolsos traseiros de seus jeans. Ela soltou o coque do cabelo, deixando as madeixas castanhas emaranharem-se sobre as costas. Olhou o mar e respirou fundo, andando descalça pela areia. Os universitários estavam viajando para visitar as famílias ou apenas curtindo o verão. Esse era o lado ruim de uma cidade universitária, ao mesmo tempo que sempre está cheia, nem sempre está também.

Estava tão distraída que não viu uma criança correndo de encontro a ela, que trombou em suas pernas. Uma menina, de no máximo cinco aninhos.

- Desculpe, senhorita – disse a garotinha, mordendo o canto dos lábios.

- Sam! Oh, Sam! Não corre mais assim, porque o papai não aguenta te acompanhar.

Um homem segurando balões patriotas sorriu ao abaixar-se e pegar a pequena Sam no colo. Ele fez cócegas nas costelas da filha, fazendo-a gargalhar, antes de pedir que ela não o matasse mais de susto, correndo sem avisá-lo.

- Desculpe, minha filha é muito sapeca. Sou Mike - estendeu uma das mãos para cumprimentar Hanna. - E essa garotinha aqui é Samantha.

A morena assentiu e aceitou o aperto, como se nada tivesse acontecido.

- Hanna.

- Estávamos indo comprar um sorvete... Quer ir conosco?

Ela abriu a boca, sem saber o que responder. Ia ou não?

Mike, achando que ela não queria, desculpou-se novamente, dizendo que não tinha a intenção de deixá-la desconfortável.

- Não, tudo bem. Eu amo sorvete.

Eles seguiram até um carro de sorvete, que estava cheio de criancinhas. Mike comprou um de chocolate para cada um e andaram pela praia, rindo.

No fim da tarde, depois da pequena Sam brincar, os três se despediram e Hanna foi atrás da família dela. Adorou a tarde com Mike, descobriu que ele era um pai solteiro, estudante de Direito. A namorada tinha falecido no parto e ele sempre cuidou de Samantha.

Mike... Seria um bom amigo. Um dia.

- Aonde você foi? - questionou a mãe, preocupada.

- Fui me drogar. Relaxa.

Eva suspirou com a resposta ácida da filha. Quando Hanna melhoraria?

Quando voltaram para casa, Hanna recebeu uma mensagem no celular. Era Fred, um dos caras com quem estava ficando. Ela sorriu antes de pular a janela na surdina da noite.



NOTA DA AUTORA:


Desculpe pela demora, a faculdade estava sugando minhas forças, mas já estou de férias. Para quem acompanha essa história, gostaria de dizer que ela foi feita a partir de um conto pedido na faculdade. Sobre as personagens: Hanna, quero mostrar o desenrolar do que está por vir. Alguns anos se passarão, novamente... E Emma terá um maior espaço, só preciso ambientar cada coisa.

Elas não são perfeitas. Nem mesmo Emma. Nem mesmo Hanna.

Espero que tenham gostado dessa data. Ela não diz "nada", éapenas um ligamento.




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