Sexta-feira.
Fazia alguns dias desde que o falecimento de Emma Walker completara um mês.
Todos estavam desolados.
Kara estava tão abalada, que não conseguia dormir na casa que teve tantos momentos bons com a filha. A cada objeto, tinha uma lembrança e, essas lembranças ardiam como brasa em seu peito.
Ela preferiu mudar-se de casa, de cidade, de estado.
Não queria que o passado a assombrasse em cada olhar de piedade. Não queria ver que seus feitos como mãe e esposa falharam miseravelmente.
De toda uma família estruturada e recheada de amor, sobrara apenas David, que nem de seu ventre era.
Mas, ele era o que ainda a mantinha em pé, dia após dia.
- Kara, não se vá - pediu Eva à irmã. - Esse sofrimento não passará sozinho. Você precisa de nós, da sua família.
Kara fitou os olhos de Eva, com uma expressão que a irmã sabia que a decisão era irrefutável.
- Não há felicidade para mim e David aqui em Berkeley.
Hanna, que acabava de chegar em casa, escutou as palavras da tia como se um soco a ferisse.
- Você não pode ir embora! - gritou, a voz desesperada. - Não pode tirar David de mim! Por Deus, tia!
Os olhos castanhos de Hanna imploravam por misericórdia. Além da culpa a consumindo, não poderia perder o único fio de sanidade que ainda mantinha.
Seu filho, seu menino. Ele ainda era uma criança. E a amava tanto! Seria um desastre emocional para ambos.
- Hanna! Não fale assim com sua tia. - repreendeu Eva. - Também sentirei a falta deles, mas não é uma decisão nossa, querida.
- David é meu filho - Kara disse de tal forma o pronome possessivo, que Hanna calou-se no mesmo instante. - Caso queira visitar-nos, Portland não é tão longe. Será sempre bem-vinda. Todos vocês - fitou agora o rosto da irmã. - Preciso ir, só vim avisar-lhes sobre minha mudança.
Eva sentiu que os olhos enchiam-se de lágrimas. Não gostava nada de ter a irmã tão longe em um momento difícil como aquele, mas, Kara não era uma criança. Ela sabia de seus limites e em Berkeley, todos eles estavam sendo ultrapassados.
- Boa sorte, minha irmã.
Com um abraço entre irmãs, elas selaram o fim de um elo tão bonito e intenso que sempre tiveram.
Kara olhou para Hanna, que estava petrificada, chorando lágrimas silenciosas.
- Hanna - chamou-a baixinho. - Sinto muito.
A morena apenas soluçou ruidosamente, enquanto via a tia partir. Tudo estava a esmagando pouco a pouco. Seus erros pesavam uma tonelada e ainda assim, mesmo sufocando, era obrigada a manter-se em pé. Talvez não por muito tempo.
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EMMA
Teen FictionO que fazer quando sua vida é toda manchada por erros? Será o ódio e a inveja maior que o próprio sangue? Só rivalidade traz o que há de pior no ser humano: a crueldade.