Hanna Watt sabia que tinha que contar a verdade sobre a morte de Emma. Aqueles sonhos mostravam escancaradamente a culpa a consumindo. Antes ela imaginava que conseguiria seguir em frente sem lembrar a todo momento da prima, mas estava apenas querendo enganar-se.
A morena não tinha nada a perder. David apesar de ter aquela conexão quando pequeno, depois que mudou-se para o Oregon com Kara, distanciou muito dela - quando a visitava, mal a abraçava. Apesar de ser o normal da idade, Hanna via apenas como rejeição. A prova era do dia anterior, que mal conseguiu tocá-lo sem o mesmo correr para longe.
Sobre Eva, ela era uma boa mãe, mas Hanna já era adulta. Não precisava mais da proteção de Eva e Paul. Ela precisava lidar com as consequências de seus atos impensados e não podia correr para a cobertura das asas da mãe sempre que ficava acuada.
Já Tess estava ficando mais madura, levando a vida com mais seriedade. Não era mais a garota louca da adolescência, era uma adulta, além de querer conquistar seu próprio futuro com trabalho árduo e profissional, contudo, para isso ela precisava de um momento sozinha, sem até mesmo a ajuda do namorado. Isso fez com que Hanna não fosse mais a primeira pessoa na lista de amigos de Tessane.
O trabalho de Hanna era o único que talvez a mantivesse sã, justamente por dar-lhe ótimas experiências, mas infelizmente pagava muito mal. Arquitetura precisava de empenho e dedicação, assim como todos os cursos, mas Hanna não conseguia doar-se cem por cento a nada. A culpa fazia com que a morena sentisse a injustiça nas veias. Afinal, deveria ter sido ela em vez de Emma.
Não havia mais salvação para ela, a única forma de tentar sobreviver àquele mar de dor e angústias, era remando pelo lago da verdade. E saber que tudo iria embora não era mais um medo. Hanna se acostumou a não ter esse "tudo".
- Mãe? - chamou por Eva enquanto entrava na casa dos pais com a chave extra.
- Hanna! - Eva colocou o livro sobre arte que estava lendo na mesa de centro. - Ontem você mal ficou na festa de boas vindas à sua tia e David. Sabe que eles mal aparecem na cidade, deveria ter ficado um pouco mais.
O instinto de Hanna era gritar para a mãe que ela só sabia repreender e resmungar, porém, preferiu respirar fundo e tocar no assunto que deixou marcar toda a família.
- Esquece isso, mãe. Preciso falar sobre algo sério, algo que me sufoca todo santo dia desde que aconteceu!
Com um contrair de sobrancelhas, Eva ergueu-se do sofá e caminhou até a filha. As duas tinham a mesma altura e uma mãe sempre sentia quando um filho precisava de ajuda. Ou apenas os olhos de Hanna expressassem o desespero que a mesma sentia.
- O que houve, querida?
- A culpa é minha - soltou de uma vez.
- Culpa? Culpa do que, Hanna?
A morena engoliu o bolo que subia pela garganta, não queria chorar naquele momento. Ela não merecia o direito de chorar. Miguel deixou bem claro que ela era a culpada por tudo que havia acontecido e não tinha como fugir mais. Aquele anjo a fez apaixonar-se pela angústia de ser amada e a despedaçou ao envolvê-la no veneno da consciência pesada.
- Eu juro que não foi por querer - cuspiu as palavras de forma trêmula, apertando as mãos em punho para não derramar uma única lágrima. - Ela só estava lá... tão bonita... girando... dizendo que acabaria comigo... eu não pude, mãe. Não pude ajudá-la!
- Ajudar quem, Hanna?! Você está me deixando preocupada, menina! Por favor, fale logo!
A morena fitou os olhos da mãe e com a voz embargada despejou o que guardou por mais de dois anos.
- Eu matei a Emma.
NOTA DA AUTORA:
Bem, estamos quase no fim. Não sei dizer se teremos finais felizes, nem justos ou injustos. Mas teremos o final apropriado!
Fico muito grata por ainda estarem aqui ❤
O que acham que vai acontecer com Hanna? Perguntem! Saciarei todas as dúvidas de vocês. Se tiver comentários, quem sabe não posto rapidinho?
Beijos e até mais! 😍
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EMMA
Teen FictionO que fazer quando sua vida é toda manchada por erros? Será o ódio e a inveja maior que o próprio sangue? Só rivalidade traz o que há de pior no ser humano: a crueldade.