Passaram-se vinte dias desde que Emma descobrira que Hanna estava grávida. Ela tentou de todas as formas que a prima se abrisse com a família, mas Hanna não queria sentir o desprezo que a mãe poderia ter. Já sabia do quanto Eva era indiferente à Janine, não precisava dessa indiferença também.
Então ela decidiu por um aborto. Simples e rápido. Ela não podia estar grávida, iria estragar seus planos para a Universidade que começaria no próximo mês. Porém, quando Hanna estava prestes a encontrar-se com o médico que lhe daria uma chance no futuro, só sentiu as lágrimas caírem e foi embora da clínica. Não podia matar um bebê, ela não era uma assassina de bebês. Não que ela pensasse normalmente assim, contudo, os hormônios talvez já estivessem em ebulição.
Quando chegou em casa, Hanna estava sentindo-se despedaçada. Não tinha mais lágrimas para deixar cair e ficou levemente aliviada quando viu que a mãe estava na galeria de arte com o pai.
Deixou-se cair sobre a cama, os pensamentos rodopiando em sua mente. O que ela faria? Tinha um bebê e ela não sabia quem era o pai. Não queria falar para Eva que estava grávida nem perder a chance de ir a Universidade. Ou seja, estava em um impasse.
Não ouviu os chamados de Emma, que havia acabado de entrar na casa da tia, então assustou-se um pouco quando viu a prima entrar no quarto.
- O que você está fazendo aqui?
- Fiquei preocupada, Hanna – Emma disse, sentando-se ao lado da prima. - Como foi lá?
- Não foi – respondeu, fitando o teto do quarto. - Não consegui, Emma.
Emma suspirou, roendo as unhas por estar um pouco nervosa. Ela queria poder ajudar a prima de alguma forma, mas como?
- Tia Eva não ficará tão brava assim... Afinal, será neto dela!
Hanna revirou os olhos. Conhecia muito bem a mãe e por bem menos, ela fingiu não ter mais uma filha: Janine. Quando a irmã veio visitar a família, Eva a tratou como se fosse uma desconhecida. Não queria isso vindo da mãe em direção a ela também.
- Eu conheço minha mãe e nós duas sabemos que é ilusão achar que ela vai ficar do meu lado.
Sem ter como contestar, Emma só ficou em silêncio, tentando achar um jeito que as coisas ficassem bem no final.
- Quando as aulas começam?
- Dia 9 – murmurou Hanna. - Tudo parece desmoronar em cima de mim.
A loira levantou-se e ficou andando de um lado para o outro no quarto da prima. Ela sabia que Hanna tinha que aguentar as consequências de seus atos. Se Hanna não tivesse procurado por problemas, não estaria no meio dessa tempestade.
- Já sei! - Emma gritou e pulou na cama, ao lado de Hanna. - E se você dissesse que precisa fazer um curso de um ano fora daqui? Algo que sua mãe amasse e enquanto isso, você tranca sua vaga na Universidade. Assim, você estará fora, terá seu bebê e depois descobrimos o que fazer.
- Não posso ter este bebê - disse cansada, o estômago de Hanna estava começando a embrulhar novamente.
- Doe então! Hanna, não temos muitas opções. Você não conseguiu fazer o aborto, não quer que tia Eva descubra e nem ter o bebê. O que mais podemos fazer?
- Por que quer me ajudar? - indagou Hanna com os olhos estreitados. - O que ganha em troca disso? Você tem tudo aos seus pés.
Emma não gostava quando Hanna falava essas coisas para ela. Era como se achasse que tudo que fez na vida, foi uma provocação à prima, sendo que ela sempre quis tê-la como amiga. Mas não tem como mudar o que as pessoas pensam, então, Emma resolveu apenas ser direta:
- Não sou sua inimiga, Hanna. E me preocupo com você, apesar das merdas em que você vive se metendo. Deixe de ser cabeça dura.
A morena não tinha mais ideias e talvez Emma estivesse certa. Não era hora para ser cabeça dura e sair da cidade seria um bom plano, ela só tinha que convencer a mãe a deixá-la ir.
- Para onde eu iria?
- Não sei... tem que ser algo longe o suficiente para tia Eva contentar-se com uma comunicação virtual. Outro país, quem sabe?
- E como vou conseguir um curso e lugar para morar assim, em cima da hora?! Emma, seu plano não parece ser tão bom.
- Mas é o único que temos – retrucou com uma sobrancelha arqueada, sabendo que a prima não podia contestá-la. - E minha mãe pode ajudar.
Kara seria capaz de ajudar a sobrinha? Hanna não sabia se podia confiar em algo hipotético, por isso apenas fingiu que tudo daria certo no fim. Ela precisava ter uma centelha viva dentro de si, senão, não conseguiria aguentar a pressão que estaria por vir. Sem concordar ou discordar, Hanna correu para o banheiro para vomitar mais uma vez.
Ela nunca tinha sido muito religiosa, mas começar a rezar pelo o que estava por vir, parecia uma boa coisa a se fazer.
- Chame tia Kara – pediu à Emma, quando voltou do banheiro. - Esses enjoos estão me matando.
A prima discou rapidamente o número da mãe, na espera que a Kara pudesse ajudá-las. De alguma forma, Emma já estava tão envolvida, que não poderia voltar mais atrás.
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EMMA
Novela JuvenilO que fazer quando sua vida é toda manchada por erros? Será o ódio e a inveja maior que o próprio sangue? Só rivalidade traz o que há de pior no ser humano: a crueldade.