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POV Marta

Olá, o meu nome é Marta Rodrigues Silva, tenho 17 anos e vivo em Paris, França. Sou portuguesa, mas isso já se consegue notar pela escrita. Decidi começar a escrever sobre o meu dia-a-dia no Natal, porque todos os anos acontecem coisas inacreditáveis e eu nunca consigo provar a ninguém que realmente aconteceu. Todos os anos os meus pais inventam um jantar de família com todos que estão fora e os que vivem perto de nós, para matar-mos as saudades e partilhar-mos bons momentos juntos, mas só que esquecem-se sempre do pior: Nunca chega acontecer tão bem como imaginavam;

'Marta, não te esqueças de ligar à tua tia Lisa.'

'Sim, pai.'

Quem fica sempre encarregue dos telefonemas sou sempre eu, enquanto os meus irmãos aproveitam a vida a passar os seus dias de férias a jogar playstation até às tantas da madrugada. Um dia irei revoltar-me e quem tem de tratar de tudo são eles, mais os meus pais. (Eu nem gosto deste trabalho, quanto mais de participar nos jantares em família)

Adiante, ao terminar os telefonemas, acabei por ir jantar qualquer coisa, pois hoje a minha mãe trabalha até tarde, é sexta-feira e não me apetece cozinhar alguma coisa para comer.

'Marta, fazes alguma comida prós teus irmãos, ses faz favor?'

'Eles podem comer qualquer coisa que esteja nos armários, ou no frigorífico. Hoje não mexo em nada!'

'Não sejas assim, estou atarefado com o trabalho no escritório, se precisarem de alguma coisa, é só chamarem.'

O meu pai arranja sempre alguma para eu fazer, até mesmo a uma sexta-feira à noite.

'João, é para comeres tudo, senão estou a cozinhar para nada.'

'No problemo, mommy.'

Eu tenho 3 irmãos:

Mais velho chama-se João, tem 16 anos e anda no 9ºano.

O do meio chama-se Leonardo, tem 14 anos e anda no 7ºano.

O mais novo chama-se Ricardo, tem 12 anos e anda no 5ºano.

Como podem ver sou a mais velha, mas a diferença não é grande coisa.

Fui avisar o meu pai de que me ia deitar, até que ouço a porta da entrada abrir-se.

Era a minha mãe, tinha acabado de chegar do trabalho.

'Boa noite Marta.'

'Olá mãe, está tudo bem?'

'Oh! Estou cansada e cheira bem. O que fizeste?'

'Fiz umas pataniscas.'

'Sobrou alguma coisa?'

'Sim, fiz a mais a contar contigo e o pai. Está no microondas.'

'Obrigada querida, podes ir.'

'Até amanhã, mãe.'

Os meus pais trabalham muito e não tem quase tempo nenhum para passarem comigo e os meus irmãos, por isso é que organizam jantares, almoços, ou até mesmo lanches em família. Eles adoram ter a casa cheia em tempos de férias, ou até feriados nacionais, ou da cidade.

Se bem que a minha família nunca foi normal, em tempos de festas eles conseguem subestimar qualquer um que duvide das suas capacidades.

Vocês podem pensar que nós somos mimados de mais e fomos educados com aulas de etiqueta, mas acreditem que em tempos de escola falamos assim uns com os outros, mas em tempos de festas, somos uns animais selvagens que acabaram de fugir da própria selva. (Que comparação mais problemática)

Na manhã seguinte...

'Marta, estás acordada?'

'O que foi, Ricardo?'

'Podes ir comigo ver bonecos?'

'É sábado, eu quero descansar.'

'Podes descansar amanhã, preciso de companhia.'

'Amanhã vejo contigo.'

'Vá lá Marta, és a única que me faz companhia.'

'Pronto, está bem!'

Ele acordou-me tão cedo para ver bonecos, mas eu nem reparei nas horas, senão apanhava um ataque cardíaco madrugador. Chegámos à sala e ele ligou o plasma LG que o meu pai comprou faz uns 2 meses, se não me engano. (Não me quero exibir, mas é um plasma enorme, mas ENORME); Ele costuma ver a Disney Chanel, penso que é assim que se escreve, todas as manhãs, porque no resto do dia gosta de brincar com o nosso vizinho do lado, a Família Costa e o seu único filho chama-se Gonçalo.

Agora que, finalmente, acabámos de ver os bonecos, posso dar uma espreitadela às horas.

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|-------10:30H/M-------|

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EU NÃO ACREDITO QUE ELE ACORDOU-ME ÀS 8H DA MANHÃ PARA VER BONECOS. A UM SÁBADO!!

Sabem... estou deveras revoltada com isto, mas ele chama-me sempre tão cedo para ver bonecos, seja nas férias ou nos fins de semana. Parece que ele foi demasiado mimado da minha parte e isso faz com que ele me peça coisas e eu seja obrigada a fazê-las.

Fui tomar o pequeno-almoço, pois eu só como de manhã ás 11h em ponto para não estabilizar a minha alimentação e o João estava a comer dois pratos, mas DOIS pratos de cereais completamente cheios.

'Comes de mais, não achas?'

'Nem por isso. Nem mesmo com isto eu fico totalmente cheio.'

'Não ficas? Eu nem com metade do primeiro prato cheio de cereais eu ficava com fome, teria que parar.'

'És fraca de estômago, tens que aprender comigo maninha.'

'Só se for a dormir de cabeça para baixo.'

'Até parece.'

Fui buscar os cereais à prateleira e comecei a comê-los. O João, como sempre, olhava para mim com cara de quem queria dizer alguma coisa para me irritar logo pela manhã.

'O que foi?'

'Nada.'

'Estás para aí a olhar para mim com cara de def.'

'Se tenho cara de def, eu o devo a ti maninha.'

'Não prestas mesmo.'

'Oh well...'

Juro que este rapaz me enerva bastante, mesmo que só tenha acordado à 2 minutos, tem sempre alguma para me dizer e tirar-me do sério. Se eu fosse filha única talvez seria mais feliz, mas a casa estaria mais morta que quando ela está agora com 3 rapazes e 1 rapariga. (Que triste, preciso de mais raparigas na minha vida)

Ouço baterem à porta e o João levanta-se da cadeira e começa a correr em direcção à porta.

Era a namorada dele.

'Bom dia amor.'

'Bom dia!'

Ambos trocam beijos no corredor da entrada e eu só fico deveras enojada. Como é que conseguem fazer aquilo à minha frente? Tenham piedade de mim!

'Estás a olhar com essa cara porquê?'

'Porquê o quê? É a minha cara e nem sequer estava a olhar para vocês os dois.'

'Uhum, claro. Faz-me um favor.'

'What?'

'Arranja um namorado, antes que seja eu a fazê-lo.'

Qual é a dele? Eu estou muito melhor sem um namorado sempre a cair em cima de mim e a esperar por algo mais de mim. Sempre fui feliz sozinha... certo?



Um Natal de ComédiaOnde histórias criam vida. Descubra agora