#362 - 2

82 5 1
                                    


'O que é isto?!'


O que é que ele está para aqui a falar?! Porquê aquele testamento todo? Porque é que ele disse que morria sem mim? Porquê? Repito, porquê?

"Pára!"

"Não Marta, mete na tua cabeça que os meus sentimentos por ti são fortes e se não acreditas, eu serei obrigado a lutar por ti e fazer com que os meus sentimentos sejam aceites e compreendidos."

"Eu sei, mas... tu sabes que na minha situação, acreditar numa conversa dessas torna-se complicado e quase impossível."

"Eu sei Marta, então porque é que achas que toco sempre na mesma tecla? Eu sei que lá no fundo tu sentes algo por mim, nem que esteja ainda no início e possa prolongar."

"Chega! Sai daqui."

"Não!"

Ele agarrou-me pela cintura e prendeu-me junto ao corpo dele.

"Daqui não saiu, daqui ninguém me tira."

"Deixa de ser criança, João."

"Só o sou para ti, porque para com o resto das pessoas eu sou um desconhecido."

"A sério?!"

"Claro! Para ti sou o João, a criança imatura."

"Disseste tudo."

Neste momento estamos a ter uma "discussão" completamente atrofiada da cabeça, nenhum diz coisa com coisa e ele só sabe agarrar-me junto a ele.

"Deixa-me, ses faz favor."

"Não!"

"Já começas a irritar-me."

"Ainda bem!"

"João, deixa-me!!"

Quando dou por mim, a cara dele situa-se próxima da minha, o ar torna-se irrespirável e o calor aumenta.

"Olha-me nos olhos e diz-me... tu não me amas?"

"E-eu não... eu não sei..."

"Não sabes, ou não queres dizer?"

"NÃO SEI!"

Ele beijou-me, impedindo que eu terminasse a frase com outra resposta avassaladora.

"J-João chega."

"Não, eu sei que queres..."

E beijou-me outra vez, agarrando-me com mais força junto a ele e apertando a minha mão com firmeza e carinho.

"Tu sentes alguma coisa, mas o teu receio torna-se imenso para se ignorar numa altura destas."

"Não é isso, pára..."

"Pára! Pára de te iludir, tu queres revelar os teus sentimentos, mas o medo impede-te de o fazer. Sê corajosa e admite Marta, porque eu não vivo para sempre e eu odeio esperar. Eu acho que já esperei o suficiente para aguentar tudo isto, não achas?"

Ele largou-me num abrir e fechar dos olhos, abriu a porta e saiu.

Juro que não sei o que fazer com a minha vida, ela está tão confusa que fico completamente atrofiada das ideias e totalmente assustada com o resultado que possa acontecer.

O que é que eu faço?!

O que é isto?!

Um Natal de ComédiaOnde histórias criam vida. Descubra agora