Um Natal de Comédia

#337

6H

Ouvi a minha mãe a sair do quarto em direcção da casa de banho e decidi esperar por ela sair para conversar com ela sobre o que se passou com o primo. Não sei como vou contar, durante a noite nem pensei nas palavras certas e nas frases correctas para descrever o que se estava a passar.

A minha mãe saiu da casa de banho e assustou-se comigo.

'Bolas Marta, não me assustes dessa maneira. E o que estás a fazer acordada a estas horas da madrugada?'

'Mãe, preciso de falar contigo.'

'Passou-se alguma coisa?'

Depois da pergunta tocante, comecei a explicar o sucedido a ela e a sua cara mudou de um minuto para o outro. É claro que iria mudar, isto toca-lhe imenso, especialmente quando se trata de família.

'Meu Deus! Manda uma mensagem à tua tia a perguntar quando posso ir lá visitá-lo.'

Eu sabia! Ela não consegue ficar quieta no seu canto, ela precisa de verificar tudo com os seus próprios olhos, pois assim não ficaria descansada da vida.

Ela acabou de sair de casa para o trabalho e eu fui-me deitar de novo, pois estou de férias e eu mereço descanso total. Fechei a porta e tapei-me com todas as mantas possíveis para não passar frio nesta manhã horrorosa, quando ouvi a minha porta abrir-se e vi o Ricardo a olhar para mim com o seu peluche na mão e um cobertor a tapar o corpo.

'Marta, podes...'

'Ver os bonecos contigo?'

'Sim!'

'A Mana não dormiu nada e gostava de descansar.'

'Não podes ver apenas um pouco?'

'Esse pouco é quanto tempo?'

'1 hora?'

Ele ficou a olhar para mim com olhos de cachorro abandonado, como não rejeitar tal doçura? Juro que ele aprende imenso naquela escola, principalmente a conseguir tudo que quer com apenas o olhar.

'Está bem! 1 hora e nada mais.'

'Obrigada Marta!'

Aquele sorriso e aquela cara inocente, matam-me. Lá fui com ele ver os bonecos para a sala com o grandessíssimo plasma que o meu pai comprou à dois meses atrás. (Ou foi no Verão?)

Anyway... eu até que gostei de ver os bonecos, distraiu-me um bocado do que se passou ontem à noite e esta manhã ao olhar para a minha mãe com cara de tristeza e preocupação escondidas por entre o olhar.

Passou 1 hora e o Ricardo ainda não se fartou dos bonecos, mas eu não disse nada e fingi que ainda estava dentro do tempo combinado. Só que quando dei por mim, os meus olhos fecharam-se lentamente e deixei-me dormir no sofá. Comecei a sentir o meu corpo a ser balançado por algo, abri lentamente os olhos e vi o Ricardo a chamar por mim para acordar.

'Marta, acorda. Está na hora do almoço.'

'Sim, e então?'

'O pai quer que faças alguma coisa para eu comer.'

'Para tu comeres? E os outros?'

'Eles foram almoçar fora com um grupo de amigos.'

'Está bem! A mana faz alguma coisa para ti.'

'E para ti.'

'Sim, sim.'

Fui para a cozinhar preparar alguma comida para o Ricardo e admito que comecei a sentir alguma fome bem forte naquele momento.