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A Declaração Inexistente!


O Natal já passou e um novo dia chegou. Ena, eu e as rimas somos como unhas e carne. 

What? Nem vou comentar.

*Bate*

"Posso entrar?"

"Diz João."

"Posso falar contigo?"

"Sim, claro."

"Gostaste do colar?"

"Sim, é bastante giro, mas aposto que foi caro."

"Não importa quanto custou."

"Ai não? Importa sim.  Eu quero saber quanto custa."

"Nunca saberás e se continuares a perguntar pelo preço, eu fico chateado contigo."

"Pronto, não toco mais no assunto."

Ele consegue ser bastante irritante, mas enfim. O colar é lindo, mas sinto-me mal por ter sido mais caro que a minha própria vida.

"Adiante... eu queria falar-te sobre o significado daquele colar e a sua história."

"Fala."

"É o seguinte: Esse colar teve um significado para o ter oferecido à tua pessoa."

"Diz-me."

Já começo a ficar com medo.

"É que ele tem um grande significado amoroso, do qual nunca entendeste e não sei se conseguirás compreender daqui para a frente. Eu quero passar o novo ano de 2016 contigo, ao meu lado, sempre..."

"Mas isso já passas e irás sempre passar."

"Como sempre, não compreendeste a retrospectiva da situação."

"Se me explicares correctamente e bem explicito, talvez eu compreenda mais depressa."

Quando o João abriu a boca para começar a falar, a minha mãe entra no quarto.

"Filhos, preciso de vocês na sala para me arrumarem umas pequenas coisas."

"Está bem, mãe. Desculpa João, podemos falar depois?"

"Não não, deixa. Vamos arrumar as coisas!"

"Mas diz-me o que era se for pequeno."

"Já não importa. Vamos!"

Ele ficou, mais uma vez, com uma cara de amuo, chateado e aborrecido. Ele normalmente demonstra um ar de aziado, mas desde à uns dias para cá, tem mudado e cada vez que tenta conversar comigo sobre alguma coisa e somos interrompidos, volta à estaca zero.

Depois de termos arrumado as coisas na sala e comer um bom lanche, dirigi-me para o meu quarto, onde já se situava o João sentado na minha cama a olhar para as minhas fotografias na parede.

"És tu e a Clara?"

"S-sim, mas... o que é que estás aqui a fazer?"

"Senta-te."

Sentei-me uns centímetros afastada dele e mandou-me aproximar.

"Estás com medo do quê?"

"De nada, mas gostava de saber o que estás aqui a fazer."

"Pensei em olhar para as tuas fotografias."

"Grande coisa."

"Olha que é, acredita. Poder olhar para ti todos os dias naquelas fotografias... sem me cansar.."

"Onde é que queres chegar? Queres levar as minhas fotografias contigo?"

"Não me importava de levar uma fotografia em que apareças só tu."

"Para?"

"Para emoldurar, claro."

"Podes levar aquela, já é bastante velha."

"Tens que tirar fotografias recentes."

"Um dia."

Tirou a fotografia e fugiu para o quarto para a guardar. Mas que gajo mais doido de sempre!

Ele veio a correr na minha direcção e atirou-se para cima de mim.

"Podes sair, ses faz favor? Já não és uma criança para este tipo de brincadeiras."

"Pois não..."

Olhou-me nos olhos e beijou-me.

ELE BEIJOU-ME?!! 

Como é que...

"Mas tenho idade para este tipo de brincadeiras. Não achas?"

Eu nem disse nada, fiquei totalmente K.O. 

"Sai de cima de mim."

Eu, totalmente chocada, não consegui medir a minha arrogância e mandei-o sair do meu quarto.

"Sai, antes que te expulse à força."

"Não precisas, eu saiu. Já estou bastante animado."

Meteu a mão na boca e mandou-me um beijo pelo ar.

KNOJ!!! 

Para que conste, eu digo knoj, que significa 'que nojo'. 

Eu nem consigo pensar, o meu coração está a mal, a minha cabeça ficou vazia.

O que devo de fazer?

Um Natal de ComédiaOnde histórias criam vida. Descubra agora