#338

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Como é possível aquela francesa ter enganado o meu irmão este tempo todo? Fez dele o que sempre quis, um fantoche de brincadeira! Agora quem tem de resolver isto tudo? Sou eu. 

"E o que fizeste?"

"Eu  vim-me embora e estou aqui."

"Devias ter feito alguma coisa, agora ela pensa que não sabes de nada e vai continuar agir como se nada se passasse."

"Eu sei disso, mas não sou capaz."

"Como assim? Não és capaz, como assim?"

"Estou magoado, o que queres que faça?"

"Que te vingues, ou procures justiça, porque não mereces o que se está a passar, tu também tens sentimentos, porra!"

Ele é tão casmurro no que se toca a relacionamentos, deixa-se enrolar pela pessoa e fica cego de amor, depois acontece isto e fica mole que nem uma pastilha velha.

Eu disse isto? Até parece.

Seja como for, tenho que resolver isto, seja a bem ou a mal.

"Eu vou falar com ela, já que tu não falas."

"Não! Por favor, não fales."

"Porquê? Já que não resolves tu o teu assunto, resolvo eu, porque ficar sentada a ver-te chorar pelos cantos, não quero."

"Oh! Mesmo assim... deixa-me recompor e resolvo as coisas."

"Espero bem que resolvas, porque se eu ver que tudo continua na mesma, eu irei agir sem te perguntar."

"Está bem!"

Uma coisa que odeio no João é este lado sensível dele. Juro que me provoca a maior raiva do mundo!! Tudo que se passa com ele, relacionado com raparigas, eu tenho que entrar no assunto e resolver, porque ele deixa-se enrolar e deixa andar para trás, nem resolve as coisas e deixa-se enganar por qualquer miúda que se aproveite dele.

"Marta?"

"Sim?"

"Obrigado."

ESTÃO A VER? ELE ESTÁ SENTIMENTAL, É O QUE EU ODEIO NELE!! PREFIRO QUE ELE ME INSULTE, ME CHAME DE LERDA, CASMURRA, OU ATÉ "FOREVER ALONE", DO QUE PEDIR AJUDA, DIZER QUE APRECIA A MINHA AJUDA, O MEU APOIO, DIZER QUE ME ADORA E AGRADECER!!!! Está completamente do-en-te.

A minha mãe chegou e pediu-me para tirar alguma carne para descongelar, pois hoje quem cozinha é ela.

"Marta, podes juntar os teus irmãos na sala, ses faz favor? Tenho que conversar convosco."

"Sim, claro."

Chamei o Ricardo, Leonardo e João para a sala, quando entra a minha mãe e nos olha com frieza e preocupação.

"Como sabem, um dos vossos primos está hospitalizado e eu necessito de o visitar o mais depressa possível antes do grande jantar. Gostava de vos perguntar se estão aptos para passar um fim de semana sem mim e o pai por perto?"

"Como assim? Ficarmos sozinhos em casa?"

"Sim! A vossa irmã irá tratar de vocês os 3, cozinhar qualquer coisa para comerem, nada vos irá faltar. O frigorífico está cheio, encarreguei-me de ir às compras antes de voltar para casa mais cedo."

"Eu não vejo problema mãe, mas a Marta tomar conta de nós os 3, sozinha?" - Disse o Leonardo.

"Não vejo problemas nisso, não será a primeira vez a fazê-lo. Certo?"

"Certo!" - Exclamou o João.

"Vocês vão-se divertir juntos, eu tenho a certeza disso, só tem que me prometer que tem juízo e de que nada de perigoso acontece na nossa ausência."

"Eu prometo, mãe."

"Óptimo! Obrigado Marta."

Eu não vou aguentar sozinha este fim de semana com os três. É o mesmo que dizer que serei a vítima no meio de três rapazes numa casa gigante e comprida. Não faz sentido, mas pronto.

"Vou preparar o jantar, não se afastem. Eu não demoro."

"Está bem!"

A minha mãe saiu da sala e o João suspirou bem fundo.

"Então? Já suspiras?"

"Sim! A gaja pediu para vir cá a casa neste fim de semana e eu não quero olhar para a cara dela."

"Então diz que não queres e pronto."

"Não consigo... não consigo dizer que não a ela."

"Claro que não... nunca dizes, mas para os teus irmãos já dizes."

*Campainha*

"A estas horas?"

O João levantou-se e foi abrir a porta na maior das calmas, quando se depara com a Clau à porta.

"Clau? O que estás aqui a fazer?"

"Decidi fazer-te uma surpresa."

"Uma surpresa?"

"Sim! Não gostaste?"

"Eu... n-não... não, nada disso."

"Óptimo! Posso entrar?"



Um Natal de ComédiaOnde histórias criam vida. Descubra agora