O quê?
"Com o tempo irás descobrir."
Mas o que é que ele queria dizer com isto? Será que ele estava a falar do amor de irmã? Deve ser!
De qualquer modo, não me vou preocupar muito com isso, já me bastam os problemas cá em casa e agora com o jantar cancelado, preciso de fazer qualquer coisa para impedir que isto aconteça mesmo.
Já mandei a carta ao Pai Natal, o meu pai descobriu e começou a rir-se na minha cara.
"Tu mandas-te mesmo uma carta ao Pai Natal?"
"Sim!"
*risada*
"Tu tens grandes pancadas, querida."
"Oh! Pai, não gozes comigo."
"Desculpa Marta, mas desde criança que não fazes isso e porquê agora?"
"Por causa do jantar, a mãe contou que ele tinha sido cancelado e eu desejei que houvesse uma solução para trazer todos os familiares cá a casa na noite de Natal."
"Tens bons sentimentos pelas pessoas e é isso que te torna uma boa pessoa."
"Obrigado Pai!"
Acabou por sair de casa pró trabalho e deparei-me com o João a rir às escondidas nas escadas.
"Sim?"
"Não acredito que fizeste mesmo isso."
"Sim, fiz. Quem não arrisca, não petisca."
"Mas tu sabes que ele não existe, certo?"
"Mesmo sabendo disso, eu arrisquei."
"Porque é que não me chamaste para escrever uma carta contigo?"
"Porque começaste a mandar vir comigo e a responder pró torto, então não te chamei para mais nada."
"Oh! Eu sei e já pedi desculpas."
"Mas queres mesmo escrever?"
"Só se for contigo..."
"Claro!"
Fui buscar uma caneta e uns papéis que tinha sobrado para carta e ele começou a escrever.
"Querido Pai Natal, já faz algum tempo que te deixei de escrever e eu sei que não tenho sido um "bom menino" durante este tempo todo, mas venho a escrever-te por uma boa causa: Família; A minha irmã Marta está à procura de uma solução para conseguir trazer toda a família cá a casa na noite de Natal, mas acabou por ser impossível devido a uma tempestade de última hora na nossa terra natal. Gostava de perguntar se seria possível tirar algum tempo no Pólo Norte para nos ajudar neste problema Natalício? Não é pedir muito, mas é por ser pequeno que é bastante importante para nós. É tudo!
Cumprimentos, João Silva."
Eu ri bastante com a carta e estava deveras sentimental e sincera. Notava-se que tinha vindo do coração, mas não consegui conter o riso e ele começou a ficar corado.
"Pára Marta, fiz isto por ti."
"E pela família, espero."
"Não muito, mas pronto."
"Desde que tenha um pouco disso, tudo bem."
"Sim, claro claro."
Saímos de casa e inserimos a carta no correio que tínhamos à porta.
O carteiro chegou mesmo às horas certas e levou a carta consigo, deixando para trás o nosso correio.
"João, achas que existe a possibilidade de ele existir e ler as nossas cartas?"
"Não sei, mas espero bem que sim. Gastei bastante tinta de caneta e os meus neurónios para escrever aquela carta."
*Risada*
"És um tonto, mas vamos rezar."
"EU NÃO SEI REZAR! REZA POR MIM."
"OK, EU REZO."
Depois de tantos gritos e falas bem furiosas e parolas, acordámos o Ricardo e o Leonardo.
"Mas o que é que se passa aqui?"
"Desculpem meninos, não se volta a repetir."
"Vou dormir, se começarem a gritar outra vez, chamo a polícia e digo que isto foi um assalto."
O Leonardo sempre teve este sentido de humor perdido no vazio da casa.
Não faço a mínima ideia do que acabei de dizer, mas está bem.
"Marta, podes vir aqui?"
"Sim!"
O João levou-me para a cozinha, sentámos-nos nas cadeiras e começou a olhar para mim.
"Marta, a que conclusão chegaste com o que te contei no outro dia?"
"Nenhuma! Quer dizer..."
"Quer dizer?"
"... Tu estavas a demonstrar o teu amor de irmã por mim, certo?"
"O quê?"
"Não era isso?"
"Não! Ah... quer dizer, era, era..."
"Era? Fico feliz por saber isso."
Ele ficou estranho e começou a olhar de atravessado para as coisas, parou de me olhar nos olhos e foi-se embora.
O que se passou?
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Um Natal de Comédia
HumorNatal, Ano Novo, ... e a Família Silva estava super ansiosa pelo grande jantar de família. Mas muitas coisas acontecem pelo caminho, o que será que irá acontecer antes do fim do ano?