Capítulo 78

57 31 9
                                    

[Adicionem Danger à vossa biblioteca!]

[Boa leitura x]

*


- POV Catherine

O meu pé bate freneticamente no chão. A única pessoa à minha frente entrou já faz uma eternidade e eu encontro-me cada vez mais nervosa. Mudo de posição na cadeira cruzando as minhas pernas, mas não consegui parar o meu nervosismo exposto a qualquer um que me olha-se. Sinto a porta a abrir-se e dirijo o meu olhar para o lado. A senhora idosa que estava a ocupar a mesma cadeira onde eu estava agora sentada, sai do consultório acompanhada pelo médico que lhe deseja as melhoras. Ele olha-me e faz sinal para que eu entre. Pego na minha mala e no envelope A3 e sobre a tijoleira azul caminho para dentro do consultório onde o médico já me espera sentado no seu cadeirão.

- Catherine... - ele levanta-se dirigindo-se a mim. – Como estás? – ele estende a sua mão a qual eu aperto.

- Bem, eu acho. – respondo sem emoção.

- Bom, vamos confirmar? – ele pergunta e eu entrego-lhe o envelope assentindo afirmativamente.

Ele pega o envelope, abrindo-o e retira as imagens contidas nele. Colocando-as sobre um painel com uma luz forte consegue dar uma melhor visão, mas para mim elas não faziam muito sentido. O médico fica alguns segundo olhando-as com muita atenção e eu faço o mesmo tentando entender o seu significado. Antes que possa apontar algo o médico retira-as do local deixando-as sobre a sua secretária.

- Parece que está tudo em ordem! – ele afirma com um sorriso. – Está tudo bem, não ouve estragos nas paredes do útero, nem irregularidades. Está tudo em ordem! – ele repete com o mesmo sorriso. Eu, simplesmente consegui sentir um peso a sair-me de cima. Tinha receio de que tivesse sofrido lesões...

- Ainda bem, doutor. – digo para que ele não fique sem nenhuma resposta.

- E emocionalmente, como se sente? – ele pergunta, preocupado com o meu estado. – Se for necessário, posso recomendar-lhe um psicólogo...

- Doutor. – interrompo-o. – Eu estou, razoavelmente reconstruída emocionalmente. – digo. – Não preciso de um psicólogo. Ainda para mais, que me roube tempo.

- Vou-lhe dar um conselho: não se prenda por isto, tem mais é que seguir a vida e pensar, um dia mais tarde, em voltar a tentar. Não vale viver com pensamentos de culpa nem com o medo da repetição. Eu entendo que não seja fácil, mas não vale a pena ficar agarrado ao passado.

- O doutor não entende... - suspiro. Ele olha-me seriamente. 

- A minha mulher tentou engravidar durante dois anos. Ela perdeu três bebés. Como acha que eu me senti? – ele falou de repente deixando-me sem reposta. O médico estende-me uma fotografia que tem sobre a secretária. - Ela tem quatro anos. É completamente saudável. – observo a menina loira de olhos escuros que brinca no jardim com uma mulher morena de cabelos ruivos. – Tenho pena que a mãe dela não esteja cá para ver o quão crescida e saudável ela está... - olho o homem vulnerável à minha frente. – E aqui estou eu. A tentar salvar a vida das pessoas. Por isso peço-lhe, não se prenda ao passado, pois nunca mais será feliz... - ele diz tirando-me lentamente a fotografia da mão.


O vento bate no meu corpo elevando-me os cabelos negros. Entro rapidamente no carro vendo-me livre daquela ventania. Um suspiro sai pela minha boca enquanto repenso nas palavras de Jason, o médico. Dou corda ao carro colocando-o em andamento até ao meu local de trabalho. Esperava ver o mesmo movimento de sempre, mas hoje aquilo estava mais calmo, talvez tivesse apenas um julgamento hoje. Precisava de estar um pouco sozinha...

PhotographOnde histórias criam vida. Descubra agora