- POV Edward
Já dei imensas voltas à minha cabeça e não sei o que fazer, continuo fechado em casa, sozinho, não quero ver ninguém, nem falar com ninguém. Mas também, com quem haveria de falar? Riu a minha estupidez em pensar que tenho alguém com quem falar…
Faltei às aulas durante uma semana, se o meu pai estivesse aqui, estaria a dar-me um sermão de uma hora, sobre a importância de ir às aulas e blá blá blá… mas eu realmente sinto falta da sua severidade, pelo menos sabia que ele se preocupava e que estava aqui, comigo…
Estou deitado no sofá da pequena sala, olho o teto concentrando-me num ponto fixo. Não penso em nada, apenas observo. Ouço vozes vindas da televisão ainda ligada mas não ligo, apenas observo o ponto fixo no teto.
Assusto-me com o som da campainha dando um pequeno salto, desvio o olhar do teto olhando a porta, quem seria? Pensei seriamente em não abrir. Abre! Pode ser que tenhas uma surpresa…
Levantei-me do sofá e, rapidamente, abri a porta.
- Hey… - a minha voz saiu rouca.
- Ahm… Olá. – ela sorri com os olhos.
- Entra… - encorajo-a.
- Obrigado. – ela finalmente sorri, docemente.
- O que fazes aqui? – pergunto intrigado pela sua visita.
- É que… estiveste tanto tempo sem aparecer, que eu pensei que se passasse alguma coisa. – ela fala timidamente.
- Senta-te. – digo puxando-a suavemente para o sofá.
- Está tudo bem? – ela pergunta.
- Sim. – tento parecer bem.
- Porque é que essas palavras não me convencem? – ela olha-me nos olhos como se entra-se neles.
- Eu não sei… - tentei passar despercebido encolhendo os ombros.
- Talvez porque não é a verdade! – ela concluí.
- Como é que consegues? – pergunto confuso.
- Sou boa no que faço! – ela sorri ao proferir aquelas palavras.
- Não. – suspiro. – Eu não estou bem. – admito finalmente.
- O que aconteceu? Fala comigo! – ela coloca a mão sobre a minha perna.
Ela olhava-me de uma forma tão profunda. A sua expressão transmitia curiosidade e preocupação, nunca ninguém se preocupou tanto comigo como ela, ela nem me conhece, como será quando conhecer? Será que vai embora, como os outros? Estou a um passo de lhe contar tudo, mas e se ela se for embora? Arrisca!
- Eu vi… - ela murmura.
- Viste? Mas viste o quê? – franzo o sobreolho.
- Uma mulher, a ser arrastada para uma ambulância à porta de tua casa, provavelmente há uma semana atrás… - ela desvia o olhar para o chão enquanto fala.
- Essa mulher… - ganho coragem para falar. – É a minha mãe. – ela encara-me mas eu olho para a sua mão que ainda está sobre a minha perna.
- Conta-me o que se passou, Edward. – olho-a suspirando.
- O meu pai morreu, há alguns anos atrás, com cancro, e a minha mãe entrou em depressão. Há alguns meses para cá ela começou a beber e a perder o controlo nas coisas. O melhor seria interna-la numa clinica, mas eu nunca tive coragem de o fazer, era a minha mãe porra! Nesse dia, eu fui busca-la à esquadra de manhã, pois ela andou por aí pelos cantos à noite na rua, sozinha, a beber, acontecia varias vezes… pedi a um agente que toma-se conta dela durante a tarde. Quando cheguei ele estava ferido no chão, ela mandou-lhe com a garrafa por ele não a deixar beber, foi a gota de água, ganhei coragem para a mandar para o hospital e interna-la. – não consegui contar os pormenores, as lágrimas já escorriam pelos meus olhos.
Ela apenas numa fração de segundos agarrou-me bem forte, reparei que também chorava mas decidi não comentar.
Posso afirmar que ficamos assim durante alguns minutos, até o seu telemóvel começar a tocar.
- Desculpa… - ela murmurou enquanto o tentava encontrar.
Eu, nada disse, apenas observava os seus movimentos.
- Estou?... – ela olha para as horas. – Desculpa, estou a ir… - ela desliga olhando-me.
- Se tens de ir, vai. – falo.
- Desculpa. – ela volta a dize-lo e levanta-se.
Acompanhei-a até à porta da entrada, despedimo-nos com um sorriso mútuo. A porta foi fechada e um peso saiu-me das costas, foi realmente bom falar com ela, ela transmite-me confiança. Coisa que já à muito tempo alguém me transmitia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Photograph
Ficção Geral- "When I'm away I will remember how you kissed me Under the lamppost back on 6th street Hearing you whisper through the phone Wait for me to come home." - For the "only one", Catherine. -x- #2 in ficção geral -x- Sigam: Twitter:...