Cap. 8

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(Música do capítulo na multimédia)

POV PAIGE

Assento-me no sofá e volto a assistir minha série favorita. A chuva lá fora já durava algumas horas e me pergunto onde estaria Delilah que não voltou pra casa até agora. Já estava prestes a terminar o último episódio da segunda temporada e sinto meu celular a vibrar em cima da mesa. Resolvo deixar The Walking Dead de lado e pego o aparelho. A mensagem de Delilah acalma meus ânimos, e novamente posso respirar em paz.

*Não se preocupe comigo, pode dormir em paz. Tive que fazer uma viagem de última hora mas estou bem e volto assim que possível.*

Sorrio. Sem demoras, me preparo para lhe enviar uma resposta.

*Tudo bem, aproveite e tenha cuidado. Se precisar de algo, não demore em me procurar. Amo você!*

Bloqueio meu celular, e no exato segundo em que me volto meus olhos para a televisão, o som da campainha me tira novamente de meu estado de sossego. Impaciente, me levanto outra vez.

Só poderia ser alguma brincadeira. 

Elevo meu olhar para o relógio na parede. Duas e cinquenta e nove da manhã. Quem poderia visitar alguém à esta hora? 

Devagar, tento fazer o mínimo de barulho possível enquanto procuro por algo para me proteger. Levo minhas mãos para trás do sofá, e retiro o taco de baseball do meu pai. Quando me mandou para morar neste apartamento, deixou-o comigo para o caso de emergências, e imagino que se estivesse aqui agora, diria que campainha tocando às duas da manhã é uma delas. Cuidadosamente, caminho até a entrada com o objeto na mão. Me posiciono em defensiva e abro a porta, dando de cara com Louis a me olhar com uma aparência desgastada. Suas roupas e cabelos completamente encharcados.

"P. Graças a Deus você abriu. Por favor, deixe-me entrar. Não tenho mais para onde ir." Minhas sobrancelhas se franzem em confusão, e abro espaço para que Louis entre.

"Oh meu Deus, é claro! Entre e se seque antes que pegue um resfriado." Louis concorda, e seus sapatos passam à deixar um rastro molhado no carpete. "Delilah não está. Teve de fazer uma viagem, por isso não vem para casa hoje."

"Tudo bem, obrigado."

Espero para que Louis se recupere do choque e busco toalhas para que se seque.

"Então? Vai me dizer o que houve e porquê tive que a visita tão... cedo?" Seu humor toma outro rumo, e Louis solta uma risada. Seus olhos retomam o brilho e volto à enxergar o rapaz bem humorado da última vez.

"Me desculpe por aparecer tão de repente. Eu não tive escolha, mas prometo lhe contar tudo." Louis se senta no sofá. "Eu... estava fugindo."

"Fugindo? Fugia de quem e por que razão?" Seu sorriso volta à se desaparecer e os olhos azuis se tomam em tristeza novamente.

"É uma longa história." Pego uma cadeira e me sento em frente ao garoto, acenando para que continue. "Assim que completei a maioridade saí do apartamento onde morava com meus pais e fui à procura de um no qual poderia viver sozinho. Me decidi por um apartamento não muito longe daqui. No começo, estava tudo perfeito. Um apartamento muito bom e eu estava me virando. Lá, conheci muitas pessoas e uma delas foi a Zoe. Éramos vizinhos de porta. Um dia, precisei pedir por uma xícara emprestada pois havia me esquecido de comprar. Zoe pediu que eu entrasse e acabei ficando. Os meses se passaram e nos tornamos melhores amigos." À medida que Louis se expressava, um sorriso se desenhava em seu rosto, e uma pontada de inveja atravessa meu coração, ao pensar que Zoe cativara Louis em tão pouco tempo. "Um dia as coisas começaram à desandar. Pilhas e pilhas de contas começaram à aparecer em frente ao seu apartamento e Zoe parecia cada vez mais cansada. Eu oferecia ajuda, mas ela sempre recusava. Então, um dia ouvi gritos vindos do corredor e corri para ver o que era. Tudo passou como um relâmpago em frente aos meus olhos. Roland, o dono do edifício, a segurava pelo pescoço e nódoas negras cobriam o corpo de minha amiga, mas antes mesmo que pudesse fazer alguma coisa , Roland deu um soco em seu estômago, e Zoe caiu desacordada. Os olhos vazios. Nunca pude me esquecer." Lágrimas caíam de seus olhos e pouco à pouco, minha própria visão começa à ficar embaçada. Uma lágrima involuntária cai do meu rosto e Louis se inclina ligeiramente capturando-a com seu polegar. "Tentei chamar a polícia mas Roland mudou toda a conversa e eles não acreditaram em mim. Agora, o mesmo está acontecendo comigo, por isso fugi antes que o pior acontecesse."

"Louis, você não tem como pagá-lo, não é?" O menino nega e eu suspiro pesadamente, tomando o lugar ao seu lado no sofá. "Você pode ficar aqui até encontrar outro lugar e eu te ajudo a arranjar um modo de pagar o que deve." Sorrio, e as feições do rapaz voltam à se relaxar. Louis me puxa para um abraço e circulo meus braços em sua cintura em retribuição.

"Obrigado, P. Não sei o que seria de mim se você não tivesse aparecido." Coro ligeiramente, e descanso minha cabeça no ombro do rapaz.

POV HARRY

Abro a porta do quarto e Delilah entra sem me dirigir a palavra. Já não sei o que fazer para que me perdoe pelo que houve. Não deveria tê-la rejeitado daquela maneira  e devo admitir que gostei do beijo, mas ainda não sei o que fazer em relação a Madelyn e não quero iludí-la com a possibilidade de um relacionamento quando não me recuperei do fim do anterior. Não nego, que esta menina não teimosa mexe comigo, mas preciso entender o que está acontecendo antes que a machuque mais. 

Espero para que Delilah tome banho e volto para o carro para buscar as malas. Arrasto a bagagem pesada para dentro, e deixo duas toalhas em cima da cama. Deixo um bilhete e volto à sair do quarto para procurar algo para comermos. Delilah precisa de um tempo para pensar e quando voltar espero ter conseguido seu perdão.

POV DELILAH

Acabo de tomar banho e ouço uma porta a ser fechada. Olho pela fresta da porta e vejo o quarto completamente vazio. Saio de dentro do banheiro e vejo duas toalhas por cima da cama e um bilhete que suponho ser de Harry. Embrulhada na toalha, prendo meu cabelo recém lavado, e me apresso à ler do que se trata sua mensagem. Me sento na cama e desdobro o papel.

"Fui comprar algo pra você comer, volto em meia hora.
- Harry.

Volto à dobrá-lo e deixo sobre a cama. Seco meu cabelo e visto meus pijamas. Pouco depois, ouço a porta à ser aberta, e meu mais novo colega de quarto surge em minha frente. Corro meus olhos pelas suas roupas. O tecido, ligeiramente mais escuro carregado da água da chuva, e uma sacola de papel em suas mãos . Nossos olhos se encontram e o rubor em suas bochechas entrega sua vergonha. Imagino, que já fazem meses que se vê em tanta proximidade com outra garota, ou qualquer outro ser humano longe de seu escritório.

"Eu... trouxe comida." Harry ergue as sacolas e coça o pescoço em constrangimento.

...

Deixe-a Ir || H.S. (LIVRO EM PRÉ-VENDA) Vejam o último anúncioOnde histórias criam vida. Descubra agora