Capítulo 6

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Alguns meses atrás

Dei play em outro áudio aleatório dele no WhatsApp, abaixando o volume só para garantir, nunca se sabe o que esse maluco poderia dizer.

"Quem quer pão, quem quer pão, tá quentinho, bem quentinho, queeeeem quer pão? ... Esses desenhos que meu irmão assiste, sei não hein...."

Ele estava cantando isso a plenos pulmões. Eu. Não. Acredito.

Caí na gargalhada. "Irmão", aham, sei. Eu ri tanto que minha garganta começou a arder. Acho que eu estava rindo mais da naturalidade dele ao me enviar isso do que pela musiquinha ridícula em si. Ele era muito palhaço. Escutei mais umas três vezes naquela noite.

Ponto e vírgula.

A campainha tocou no exato momento em que eu estava saindo do banho. E não tinha mais ninguém para atender. Tive que ir de toalha mesmo.

Abri a porta da sala e fui até o portão para ver quem era.

— Acho que já atingimos o limite de nos vermos essa semana, né?

Abri o portão para que Nicolas pudesse entrar e segurei a toalha com mais força. Maldita hora para se estar só de toalha.

— Talvez.

Revirei os olhos e indiquei uma das cadeiras para que ele pudesse se sentar.

— Me dê um minutinho que eu já venho, preciso me vestir. E não me olhe assim!

Agora ele estava rindo. Senti falta disso.

Subi rapidamente para o meu quarto e vesti uma roupa qualquer. Sequei meu cabelo o máximo que deu com a toalha e penteei rapidamente. Borrifei um pouco de perfume mais por costume e desci, levando a escova de cabelo comigo.

— O que você veio fazer aqui? — agora era minha vez de fazer essa pergunta.

— Eu vim me desculpar. Eu fui um imbecil, eu nem devia ter te deixado ir tão rápido hoje. Eu fui um imbecil muitas vezes com você. E sinto muito, Min.

"Min". Fechei os olhos com força ao ouvir aquele apelido, sentindo o descompasso do meu coração.

— Concordo.

Ele sorriu de leve.

— Mesmo eu sendo um imbecil, você me perdoa?

Olhei em seus olhos.

— Eu já te perdoei há muito tempo, apesar de tudo.

Agora eu estava penteando meu cabelo novamente só para não ter que olhá-lo - e também porque já estava ficando uma bagunça ao secar.

— Sobre a pergunta que você fez hoje, a última...

— Não precisa responder, já disse. — interrompi.

Ele me ignorou e continuou.

— Se voltar no passado fizesse com que não nos conhecêssemos, eu não voltaria. Você sabe que aquela época que eu te conheci foi uma das mais felizes que eu tive em muito tempo. Eu nunca escolheria te esquecer.

Uma lágrima quente caiu por minha bochecha, sequei rapidamente, mas não antes que ele pudesse ver, já que me olhava nos olhos.

— E se eu preferisse que você me esquecesse?

— Por que você iria querer isso?

— É complicado demais, Nic, esquece.

— Se fosse para voltar no tempo e mudar algo, eu mudaria as burradas que cometi com você.

Esboço do que FoiOnde histórias criam vida. Descubra agora