Capítulo 8

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Ponto e vírgula.

- Beijar você com esse batom deve ser uma coisa meio incoveniente.

Essa frase foi sussurrada por uma voz aveludada próxima ao meu ouvido. Virei lentamente para trás, com a expressão totalmente confusa estampada em meu rosto.

- O quê?!

Quase cuspi as palavras.

Não sei se eu estava irritada ou envergonhada com aquele comentário.

Henly apenas deu um meio sorriso e pegou um suco natural na cantina ao mesmo tempo que eu. Fui andando em direção ao parquinho e ele continuou andando quase ao meu lado. Eu escolhi passar o resto dessa semana mais longe das pessoas, desde o incidente eu não estou me sentindo muito estável, então se for para ter algum surto, que seja o mais distante dos olhares possíveis. Vitor falou que eu poderia ligar para ele a qualquer hora que ele viria correndo me ajudar. Fico um pouco receosa de atrapalhar sua vida dessa maneira, mas sei que por meu bem ele não se importa. Meu irmão seria capaz de fazer qualquer coisa por mim. Assim como eu por ele.

- Quem você pensa que é pra me falar esse tipo de coisa?

Ele sorriu e deu de ombros.

- Por que eu deveria me impedir de falar a verdade?

- Falar do meu batom é uma verdade a ser dita?

- É sim.

Revirei os olhos.

Sentei na grama, próxima ao pula pula e abri meu suco de laranja. Henly ficou parado na minha frente. Só havia nós dois ali. O que esse garoto está querendo além de me provocar? Alguma coisa nele não é certa.

- Ótimo lugar esse que você resolveu ficar, é bom que bloqueia o sol e faz mais sombra para mim, obrigada.

Sorri ironicamente.

Ele me desafiou com o olhar e imediatamente veio sentar-se ao meu lado.

Suspirei.

- Você não faz nada que me agrade, né?

- Depende.

Bebi um gole longo do suco enquanto ponderava sua resposta.

- Do quê?

- Do que você está disposta a abrir mão.

Arqueei uma sobrancelha para ele e mordi uma uva sem interesse. Talvez se eu ficar calada, ele vá embora.

Khalandris tinha que faltar e me deixar na mão, ou melhor, na grama com esse maluco. Quando nos falamos ontem por mensagens, ela estava um pouco estranha e não comentou nada sobre faltar. Eu poderia facilmente chutar que tem algum garoto no meio. Eu não contei à ela sobre a alucinação, na verdade eu contei apenas a mesma versão que Vitor contou à mamãe. Também não mencionei que estava na casa do Vitor por essa semana, senão iria precisar de mais explicações e eu não me sentia bem sobre tudo isso.

- Cadê aquela sua amiga?

A pergunta de Henly tirou-me de meus pensamentos.

Será que ele agora adivinha até sobre o que eu estou pensando?

Cutuquei meus bolsos, olhei dentro da garrafinha de suco, com os gestos mais dramáticos possíveis e então dei de ombros.

- Por aqui ela não está, mas quem sabe se ela não está dentro do seu suco? Dá uma olhada aí.

Apontei com desdém a garrafa que ele deixou na grama, ao seu lado. Ele olhou para onde eu apontava.

- Ei... Sua mão está cheia de curativos e até pontos, o que aconteceu?

Esboço do que FoiOnde histórias criam vida. Descubra agora