Capítulo 14

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Ponto e vírgula.

— Bom, parece que não sei, por que não senta novamente e me explica?

— Eu não quero sentar e explicar nada. — eu já estava pegando minha mochila para ir embora.

— Eu disse para sentar.

Por mais que eu não quisesse, acabei me sentando. Quase como se tivesse sido obrigada. Culpei o medo.

— Então por que você não me explica onde encontrou meu colar? — questionei e o desafiei com o olhar.

— Eu achei caído na entrada do colégio.

— Não teria como você ter o encontrado lá, eu não estava usando ele hoje ao ir para o colégio.

— Podia estar na sua mochila ou algo do tipo, eu não sei, só sei que encontrei.

— Eu não acredito em você.

— Mas deveria. Eu não tenho todos os porquês do mundo.

— Mas tem os que eu quero. — rebati de imediato.

Ele suspirou frustrado e jogou o colar sobre a mesa.

— Será que dá para você parar, por pelo menos um minuto, de jogar tudo que eu faço como se fosse contra você? Eu só achei a porcaria do colar no chão.

Sua expressão parecia tão sincera, mas eu ainda estava com um pé atrás. Mas e se tudo não passasse de uma simples coincidência e ele tivesse simplesmente de alguma maneira encontrado o colar? Suspirei. Até onde eu sabia, eu ainda tinha chances de ser louca. Literalmente falando.

— Tudo bem, eu te dou um minuto de paz.

Peguei e coloquei meu colar de volta no pescoço.

— Você ainda não me disse por que me chamou para vir aqui. — falei enquanto remexia o sorvete.

— Não tenho exatamente algo para falar, eu só queria ficar à sós com você.

O encarei.

— Para tentar me matar sem ter muitas testemunhas conhecidas?

Ele jogou a cabeça para trás e deu uma risada. A risada mais autêntica que eu já havia visto. O som da sua risada parecia tão certo, tão natural. Ele continuou com um sorriso enorme enquanto estreitava os olhos para mim. Inferno! Ele tinha um sorriso malditamente lindo.

— Você está fazendo de novo! É inacreditável! — Ele balançou a cabeça e levou a colher cheia de sorvete à boca.

Percebi que estava encarando-o demais, analisando e possivelmente decorando cada traço do seu rosto, seu comportamento. Mas eu sabia que não era à isso que ele se referia. Eu estava acusando-o novamente, colocando tudo o que ele fazia como sendo contra mim.

— Me desculpe! É difícil não pensar o pior de você.

Eu estava sendo sincera. Desde o primeiro dia que eu o vi, ele me desalinhava dos trilhos. Existe algo estranho nele que mexe comigo, além de sua implicância diária. Sem contar com todo esse ar de confiança que ele parecia ter em volta somente de si. Como eu poderia não ter um pé atrás com ele?

— E por que isso?

— Sei lá, não é algo com você, é só... Você.

Ele me encarou tempo o suficiente para que eu percebesse todos os raiozinhos ao longo de sua íris malditamente azul. Tempo o suficiente para que eu ficasse ruborizada.

— Também é você. — respondeu por fim.

— Eu o quê?

— Não sei, de alguma maneira você consegue me atrair, roubar minha atenção de uma maneira que não deveria.

— Você é louco. — falei baixinho, e ele deu de ombros.

Fiquei encarando meu sorvete como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Ninguém falou mais nada até ambos termos terminado aqueles paraísos gelados.

Eu não devia ficar ali conversando, passando um tempo, com ele. Se eu não estivesse ficando louca ou talvez sendo equivocada, Henly poderia perfeitamente ser aquela coisa que me atacou ontem. Há minutos eu estava prestes a sair correndo e agora, ainda estou aqui conversando quase civilizadamente. Quase.

— Tenho que ir para casa, daqui a pouco minha mãe resolve ligar perguntando se eu esqueci o caminho de casa.

Revirei os olhos para enfatizar, mas na verdade eu estava era aliviada por ter uma desculpa convincente e ir para longe dele.

— Claro. — respondeu, levantando-se ao mesmo tempo que eu. — Eu te acompanho até eu casa.

Parei.

— Não precisa.

— Faço questão.

— Sério, não precisa.

Comecei a entrar em pânico internamente, eu não queria que ele me acompanhasse até em casa. Não sei exatamente por que, apenas não queria.

— Deixa de besteira, Yasmin, vamos.

Mentalmente eu estava revirando muito os olhos. Muito tipo muito mesmo. Eu não tinha o que fazer, mesmo que ele fosse um babaca, eu não poderia ser mal educada e chutá-lo assim. Afinal, ele não era um completo desconhecido.

Fomos em silêncio durante todo o caminho, nenhuma palavra, apenas o som de nossos passos sincronizados. Minha casa ficava a cerca de 10 minutos da sorveteria, então não era como se fosse um longo percurso.

Quando chegamos, rapidamente destranquei o portão e quando ia empurrar e entrar para dar um "tchau, obrigada pelo sorvete" clássico, ele num gesto inesperado, pegou minha mão. Devo dizer que fiquei completamente atônita. Ele lentamente pegou minha outra mão e levou ambas para perto de seu rosto. Beijou cada uma delicadamente.

— O que você pensa que está fazendo? — dei ênfase em cada palavra.

— Algo que eu já deveria ter feito há muito tempo.

Então ele largou minhas mãos e me puxou pela cintura. Encostou seus lábios nos meus antes que eu sequer conseguisse processar o que estava acontecendo. Começou me beijando suavemente, e quando viu que eu não estava recuando - ou até mesmo estapeando-o -, trouxe todo o seu desejo para o beijo.

Eu podia sentir cada centímetro do meu corpo relaxando e se entregando à dança silenciosa de nossos lábios, correspondendo toda a necessidade que ele expressava.

Distraidamente me encostei no portão, que estava destrancado, e ambos caímos no chão. Henly não pareceu ter se importado por termos nos estatelado no chão e agora ele estar sobre mim. Simplesmente sorriu e começou a beijar meu pescoço até a linha do maxilar.

Foi aí que eu voltei a mim e notei o que estávamos fazendo. Empurrei-o para longe de mim e levantei-me.

— Você não devia ter feito isso. Nós não devíamos ter feito isso. Vai embora, Henly, por favor.

Tentei me recompor enquanto ele olhava surpreso para mim. Esperava o quê? Que eu me declarasse apaixonada por ele?

— Mas...

— Não, apenas vá, Henly. Por favor.

Fiquei encarando o céu enquanto ele passava calmamente por mim e ia embora.

Para o mais longe possível de mim.

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⏰ Última atualização: Jan 23, 2016 ⏰

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