Capítulo 11

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Ponto e vírgula.

Soltei um palavrão alto. E outro.

— O que está acontecendo?

Olhei perplexa para a minha versão melhorada.

— Eu sei que isso é sinistro, mas, eu tive que voltar no passado novamente para me impedir de cometer um dos meus maiores erros. Talvez até o maior, apesar da boa intenção.

— Explique.

Foi quando eu me dei conta de que o Nicolas ainda estava lá caído. Pulei um degrau e já ia sair correndo para ajudar quando meu braço foi agarrado e tive que parar.

— Que droga! Eu tenho que ajudar. Por que você...Eu, estou fazendo isso? Que droga!

— Não podemos fazer nada, não podemos interferir mais. Vamos embora.

— Eu não posso simplesmente deixá-lo ali!

— Pode sim. Acredite, é o melhor a se fazer. Vamos, por favor.

Resisti à vontade de socar essa Yasmin. Por que não me deixava ajudar?

Então tive uma leve ideia do que estava acontecendo. Baixei minha cabeça concordando e sai atrás dela.

Foi uma caminhada em silêncio para casa. Eu estava com medo demais para perguntar o que se passava em minha mente e Yasmin 3.0 também não falou nada.

Não nos demos o trabalho de usar a porta da frente e mais uma vez pulamos a janela sorrateiramente.

Sentei na cama e joguei o óculos longe.

Minha outra versão sentou-se na cadeira da escrivaninha e aproximou- se da cama.

Ficamos uns minutos em silêncio até eu não aguentar mais.

— Ele morre, não morre?

Quis me impedir de ouvir a resposta. Eu estava tremendo.

— Quase.

Me abracei instintivamente.

— Comece. — falei.

— Bom, quando eu volto e impeço que ele se machuque, fica tudo bem, ele participa da prova final e sim, ele ganha e vai para as internacionais. Nicolas ainda conseguiu ganhar em terceiro lugar na última prova em Los Angeles. Foi uma época tão maravilhosa, ele estava tão feliz e eu fiquei tão feliz por ele. Sabe que ele nunca chegou a terminar nosso namoro? Tudo podia ter dado tão certo... Até que ele sofreu um acidente  de carro, foi quase fatal e nesse momento, lá no futuro, ele está cheio de tubos e fios tentando mantê-lo vivo.

Nesse ponto ela já estava derramando algumas lágrimas. Na verdade, até eu estava com os olhos cheios de lágrimas só de imaginar o Nicolas nessa situação.

— E eu tenho certeza de que isso só aconteceu porque desafiamos o destino, mudamos o curso natural das coisas. Tudo tem que acontecer em seu devido tempo, não temos o direito de mudar nada, por melhor que seja a intenção.

Ela ficou encarando o teto antes de continuar.

— Quando eu o vi naquele estado, eu tive que voltar, tive que fazer alguma coisa antes que fosse tarde demais. Deixá-lo morrer jamais foi uma opção.

— Eu temia que algo assim acontecesse.

— Eu sei.

— Então eu quase o matei... — encarei a parede de colagens.

— Mas agora deu tudo certo.

— Eu vou ficar aqui só mais um pouco antes de ir embora, então.

Esboço do que FoiOnde histórias criam vida. Descubra agora