Capítulo 7

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Ponto e vírgula

Saí correndo do banheiro, corri como se minha vida dependesse disso. E então parei abruptamente no meio da sala.

Que merda é essa que está acontecendo?

Eu tinha a sensação de que estava tudo girando. Ou talvez fosse porque eu estava virando minha cabeça para todas as direções, observando cada canto da sala. Meu coração estava batendo tão forte que parecia que iria explodir a qualquer minuto.

Tranquei todas as janelas, fechei a porta de todos os quartos, do quintal e inclusive dos banheiros.

Abracei a mim mesma e quando dei por mim já estava desmoronando no chão da cozinha. Fiquei tremendo e olhando o sangue provocado por todos os cortes na minha mão sujar o chão e manchar minhas roupas.

Eu estava apavorada. Pior, eu estava ficando louca. Era isso, eu tinha que estar louca, completamente pirada, perdendo a noção da realidade. Não tinha como palavras surgirem do nada em espelhos.

Mas eu sabia que tinha. Porra, eu conversei com alguma criatura sobrenatural e invisível no fundo do mar!

Em meio ao silêncio e minha respiração entrecortada, escutei o barulho de uma maçaneta sendo sacudida. Subi as escadas correndo, em direção ao meu quarto. Me escondi dentro do guarda-roupa, numa parte inferior onde estava vazio. Me encolhi lá, abracei meus joelhos e fiquei o mais quieta possível.

Eu estou tendo alucinações, eu estou tendo alucinações. Repeti incessantemente para mim mesma.

Barulhos de passos. Portas sendo abertas. Cacos de vidro. Mais passos. Passos na escada.

Me encolhi mais e comecei a chorar.

Eu estou tendo alucinações, eu estou tendo alucinações.

A porta do quarto foi aberta fortemente, escutei quando bateu na parede. Passos rápidos. A porta do guarda-roupa foi escancarada. Fechei os olhos com força.

Eu estava gritando, ou pelo menos acho que estava, já que minha garganta estava vibrando e minha boca estava aberta. Mas eu não ouvia nada.

Alguém me sacudia pelos ombros.

- Yasmin! - meu irmão estava gritando.

Saí do guarda-roupa e me joguei contra ele, abraçando-o com todas as forças que ainda me restavam. Ele me abraçou de volta sem entender e eu chorei mais descontroladamente ainda.

- O que aconteceu? Pelo amor de Deus, o que aconteceu? - ele estava ficando desesperado. - Alguém entrou aqui?

- Não, não, só me tira daqui. Vitor, por favor, me tira daqui. Me tira daqui.

Meu irmão me pegou no colo e eu escondi meu rosto em seu peito. Ele saiu do quarto e começou a descer as escadas.

- Vitor. - falei baixinho. - Eu preciso de um psiquiatra. Eu estou tendo alucinações.

Ele parou no meio da sala.

- O quê? Você tá chapada, Yasmin? - ele agora me olhava sério.

- Pelo amor de Deus, você sabe que eu nunca ficaria chapada. Mas, Vitor, eu vi alguma coisa no espelho do banheiro.

- Essa foi a primeira vez? - ele agora estava preocupado.

- Eu não sei. Só me tira daqui. - sussurrei.

Ele beijou o topo da minha cabeça e se dirigiu para fora. Trancou a porta e me colocou no banco de passageiro do seu carro.

- Eu devia te levar ao hospital, talvez esses cortes precisem de pontos. E você precisa de um calmante.

Esboço do que FoiOnde histórias criam vida. Descubra agora