9. Meu porto seguro

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- O filme foi ótimo!!!
- Era um filme infantil Judith! - as duas  estavam num debate sobre o que teria sido melhor e parecia que nós não estávamos todos juntos. Somente Sasha queria assistir um filme de terror.
- Elas estão felizes como nunca as vi. - acabei pensando em voz alta.
- E você? - ele perguntou.
- Às vezes, pra mim, felicidade não é apenas um momento. É algo mais...
- Me diz o que preciso fazer então?
- Está sendo um ótimo amigo... Tem coisas que depende apenas de mim.
- Que acha de irmos ao London Eye?
- Não está tarde?
- Não... E ainda vamos comer nosso lanche.
- Temos escolha?
- Não! - ele disse entrelaçando nossos dedos - Posso?
- O que?
- Segurar sua mão assim?
- Acho que pode...
- Ótimo... Meninas, vamos! Para as alturas! - ele disse mostrando o ponto turístico da cidade ao longe.
Lá, Harry comprou nossos ingressos e voltamos para a fila. Ele entregou os bilhetes para o rapaz que cuidava das entradas, conversou algo e voltou para o nosso lado. Já começava a escurecer e a cidade estava ficando linda. Ainda não haviam retirado as decorações de natal.
Eu observava tudo ao nosso redor e Harry se mostrava maravilhado por ainda não terem o reconhecido.
- Nem vamos tirar fotos...
- Querem fotos? Usamos meu celular! - ele disse entregando nas mãos delas.
- Sério isso! Vamos usar o celular do Har... - ele rapidamente colocou a mão na boca da Sasha, rindo e impedindo-a de terminar o que estava prestes à falar.
- Nem pense em falar meu nome! Ainda não fui reconhecido e será melhor se permanecer assim. - ela rapidamente fez que entendeu e ele retirou a mão da boca dela fazendo um shiiiuuu, para que ficasse quieta.
A animação foi tão grande que elas correram na frete e entraram na cabine sem perceber que nós ainda estávamos longe e o rapaz fechou a cabine. Colocando em movimento a seguir.
- Nós não íamos juntos?
- Vamos em outra cabine... Melhor!
- Melhor porquê?
- Sinceramente? Bom... As meninas são legais e simpáticas... Mas eu queria ter saído só com você... - ele disse entrando na cabine a qual fomos direcionados.
- Porquê? - perguntei sem coragem para encará-lo.
- Não sei dizer. Mas gosto da sua companhia. Mesmo você não gostando de falar muito.
- Pelo jeito não sou a melhor das companhias.
- Será? - ele perguntou e preferi me calar.
A grande roda se pôs em movimento e a cada vez mais alto estávamos. Assim como eu já não sabia em qual das cabines as meninas estavam.
- É bonito daqui, não é?
- Deve ser mais ainda quando dá pra ver as estrelas no céu.
- Te devo essa então!
- Não deve...
- Faço questão... Mas... - o encarei - Promete que...
- Que?
- Não vai fugir de mim?
- A vida não é simples pra ninguém. E mesmo que eu não fuja, você pode fugir.
- E se eu der minha palavra que não vou fugir?
- Deveria ao menos se afastar de mim. Seria mais sensato.
- Não quero. - ele falou dando um passo à frente e entrelaçando nossos dedos de ambas as mãos - Eu confio em você.
- Eu não confio em mim... - já sentia meus olhos lacrimejar.
- Não chore Manu... Por favor...
- Não posso evitar.
Aos poucos senti seus braços a minha volta. Ele não secou minhas lágrimas, ou pediu para que eu não chorasse mais. Apenas me abraçou e isso foi demais pra mim. O London Eye já devia estar no meio da segunda volta e eu ainda estava chorando abraçada a ele.
- Está mais calma?
- Obrigada... - falei me soltando de seus braços.
- Sem pressa Okay!
- Por que paramos?
- Talvez por que na última volta, todos desceram e só estamos nós aqui e eu paguei pra ficar aqui por mais tempo...
- Você não fez isso...
- Fiz... - agora sim senti seus dedos secarem minhas lágrimas e ele sorriu de uma forma que eu poderia dizer, linda.
- Quero muito fazer algo, posso?
- O que pensa em fazer?
- Te beijar...
- Me... O que? - arregalei os olhos surpresa pela sua confissão - Você é maluco?
- Sou! - não pude evitar. Estávamos
muito próximos ainda e o que eu menos imaginava... E de repente desejava, aconteceu.
Foi rápido, mas calmo. E extremamente bom. Nossos lábios se separaram, mas continuamos muito próximos.
- Não devia ter feito isso...
- Está querendo dizer que não foi bom pra você? - sua pergunta parecia irônica - Porque pra mim foi!
- Não é isso... Só que... Deveria ficar longe de mim... Eu não mereço pessoas como vocês.
- Sei que não confia em mim... Mas estarei sempre aqui pra você. E confio em você...
- Não... Você não confia... Você nem
sabe quem eu sou.
- Sabe... Posso não te conhecer ou não saber nada a seu respeito... Mas eu sinto que posso confiar em você.
- Por quê?
- Não sei explicar... Mas tive algumas sensações boas quando entrei naquela instituição semanas atrás. E sinto que essa ligação é com você.
- Me leva de volta... - pedi.
- Tem certeza? Ainda devo um lanche a vocês!
- As meninas...
- Eu vou continuar te visitando. E  vou esperar o tempo que for necessário para que confie em mim.
- O que espera de mim afinal?
- Alguém pra ser minha confidente, meu porto seguro... Meu lar... E poder retribuir tudo isso.
- Aposto que são frases de uma de suas musicas.
- Não é... Mas me deu uma grande ideia. Minha nova inspiração. - ele sorriu - Não posso propor nada mais sério. Ainda não. Mas acredito que em breve você sai da instituição, e até lá, já conquistarei sua confiança e seu coração.
- E se eu te disser que não tenho coração?
- Eu não acreditaria. Ninguém vive sem
Coração. Podemos viver com alguma desilusão, com um coração magoado, ou despedaçado.
- Não tente adivinhar o que houve comigo ou com o meu passado.
- Vamos parar de falar do seu passado e aproveitar o momento?
- Como?
- Assim... - ele me beijou de novo, mas agora com mais vontade e eu sei que estava mais envolvida - Bem melhor não acha?
- Preciso mesmo falar?
- Minha avó dizia que quem fica calado, é porque concorda.
- Minha mãe dizia a mesma coisa.
- Elas têm razão...
- É... Acho que elas têm razão mesmo.
- Minha avó morreu anos atrás.
- Sinto muito... Minha mãe foi recentemente. Meu pai e irmão também.
- Sinto muito... - ele repetiu minhas palavras - Quando fico triste com saudades dela, procuro a estrela que mais brilha no céu. E imagino que é ela. Me acalma.
- Nunca pensei em fazer isso...
- Então... - ele falou animado - Parece que hoje é sua noite de sorte. veja! Estrelas no céu!
- Nossa! Estava tudo nublado agora pouco.
- E podemos escolher algumas estrelas... Seus pais e seu irmão...
Preferi me calar e apenas observá-lo procurar mais estrelas
Ele era lindo e atento ao céu, apenas com a pouca iluminação na cabine, o tornava para mim, como um anjo.
- Obrigada por ter vindo passear comigo hoje.
- Eu que agradeço... Faz muito tempo que não tenho um dia tão agradável assim.
- Isso significa que vamos ter mais tardes assim!
- Sei que pra você pode não ser legal, mas eu gosto de ficar com os bebês. Então não vamos ter muito mais tardes assim.
- Os bebês na instituição?
- Eles mesmos.
- Posso tentar te ajudar... O que me diz? Estou mesmo com tempo livre e posso me dar esse luxo.
- Acho que as crianças maiores vão amar... Parece que só eu não conhecia sua banda e suas musicas.
- Isso tem um lado bom. Tenho certeza que estamos aqui, agora... Assim... Abraçados e procurando estrelas, não porque sou famoso.
- Eu estou tendo a oportunidade de conhecer o Harry... O simples Harry?
- Totalmente... Olha ali... Ele indicou a direção no alto - Três estrelas bem próximas... Acho que encontramos.
- Você encontrou-as.
- Por você! - ele beijou meu rosto - Agora, precisa dizer os nomes delas.
- Que tal apenas... Papai, mamãe e maninho?
- Isso te faz sentir bem?
- Faz...
- Então... - quando ele ia começar a falar, o London Aye começou a girar novamente - Nossa deixa... Então papai, mamãe e maninho da Manu... Outro dia nos vemos de novo! Certo?
- Certo!

...

- Rapaz misterioso, obrigada por nos trazer nesse passeio. E nos desculpe por acabar com a memória do seu celular! - Sasha falou baixinho.
- Tudo bem... Mas, por favor... Quando chegarem na instituição, não comentem que ficamos em cabines separadas.
- Está querendo que a gente minta?
- Não é bem isso Judith... Mas vocês vieram pra que eu não ficasse a sós com a Manu.
- Se isso ajudar a unir duas pessoas... Conte conosco.
- Viu só! Temos até torcida.
- Vocês são todos malucos!
- Que tal aquele lanche agora?
- Vamos! Já passou do horário que deveria deixar as donzelas em seu castelo! Mas vou correr esse risco!

HARRY POV '

O caminho de volta para a instituição, as meninas estavam mais caladas do que tudo. Devido ao cansaço e expectativa que de repente uma senhora chata reclamar com elas pelo horário.
Meu motorista foi só a frente, pra que eu ficasse com a Manu mais tempo. Quando descemos do carro, as levei até a entrada da instituição e me despedi das meninas.
- Harry... - a voz da Manu me surpreendeu.
- Sim Manu? - parei olhando-a nos olhos.
- Emmanuelle. Meu nome.
- Um lindo nome por sinal.
- Só achei que deveria saber... - ela sorriu com timidez.
- Também acho que mereço um beijo de despedida... O que me diz?
- Não vejo problema algum.
E assim nos despedimos depois de passar um dia agradável.
Estou agora a caminho de casa, sinto que estou mais apegado a essa garota do que imaginava e depois das trocas de beijos e quando ela por fim, me disse seu primeiro nome e nos beijamos na despedida... A mesma sensação me atingiu. Um arrepio percorreu meu corpo por inteiro, mas de uma forma boa. Poderia facilmente dizer que era tesão. Eu definitivamente estava ficando cada vez mais atraído por essa garota.

***

Redenção de mim!Onde histórias criam vida. Descubra agora