7. Família Carpenter

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HARRY*

Eu lia e relia as fichas e nada de anormal. Nada que demonstrasse algo inadequado para uma supervisora de uma instituição para garotas e na ficha da garota em questão, a tal de Manu, constava Emmanuella Carpenter. Um breve relatório, informava que seus pais e o único irmão mais novo que ela tinha, morreram em um acidente de carro. após isso, houve tratamentos com especialistas e a menina se encontrou em depressão. Veio parar na instituição. Tudo isso, num curto espaço de poucos meses.
Aparentemente nenhum parente. Nada. Apenas duas iniciais, HS, que eu até poderia dizer que seria eu, mas não era. Eu nunca ouvi falar dela. HS, era como se fosse uma pessoa próxima a garota. Mas quem?
- Harry o que é isso que tanto lê?
- Mãe... Promete não brigar ou surtar?
- É algo errado pelo jeito.
- É... Depende do ponto de vista... - disse mostrando as fichas que eu lia - Peguei isso...
- O que é?
- Fichas dos arquivos pessoais de duas pessoas na instituição. Senhora Richertson... Aquela mulher é estranha... E a Manu. Que no caso é Emmanuelle.
- A garota que levamos para o hospital?
- Se ela for Emmanuelle... Emmanuelle Carpenter, sim. Ela mesma.
- Acho que foi esse nome que a Richertson falou.
- Bom... Não tem foto dela. Das outras garotas, tinha.
- Deixe-me ver... - ela pediu e começou folhear os papéis - Como imaginei... Aqui deveria conter os registros de que um médico atendeu e medicou a garota na instituição dias antes. Mas advinha só... Não contém nada!
- Acha que aquela mulher mentiu?
- Tenho certeza, só não sei o motivo. Mas... continue procurando. Qualquer coisa, me avise, sim...
- Não vai brigar comigo?
- Você sabe que fez uma coisa errada, e a sua consciência fala mais do que qualquer reclamação que eu possa fazer... Mas eu também não confio na Richertson. E tenho certeza que ela está mentindo.
- Posso visitar essa garota? Sabe... Ela ainda está no hospital, certo?
- Está sim... E melhor... Jay me avisou que ela vai ter alta amanhã.
- Então posso visitá-la hoje?
- Podemos... Eu vou junto.
- Mais uma coisa... Aquela sua amiga, Harper... Ela tem alguma coisa relacionada com a instituição?
- Por que a pergunta?
- No dia que estivemos na instituição... Havia em cima da mesa, um bilhete para Emma. Acho que é a mesma garota. No bilhete havia um recado pedindo para entrar em contado com Harper.
- Harper... Ela trabalhava para a família Carpenter. Mas depois que eles morreram... Não sei... Será que ela conhece a Manu?
- Acho que sim e a senhora disse família Carpenter?
- Sim. Os fundadores da instituição.
- Talvez... Essa garota... Seja filha deles.
- De cantor de banda famosa mundialmente a detetive particular? Por que acha isso?
- Parece né! Na ficha dela, não tem nome dos pais. Mas tem um contato HS. E o sobrenome dessa Manu é Carpenter também.
- Mas se ela fosse filha dos fundadores, Richertson não a trataria mal.
- Se ela soubesse... Não há nome dos pais na ficha. Diria até que alguém arrancou essa folha.
- Vá se arrumar... Saímos em... - ela disse olhando o relógio - Uma hora.
- Okay...
Mas mesmo assim, continuei olhando os papéis. Havia alguma coisa ali que eu não compreendia e não ter uma informações desses detalhes, era esquisito. Como por exemplo, não haver ali nome dos pais dela. Nenhuma informação coerente. Se eu conseguisse descobrir isso, talvez as peças se encaixassem.

***

EMMANUELLE*

O médico veio cedo dizer que estou de alta hoje, o que só aconteceria amanhã. Mas ele achou que estou melhor, só não posso sair daqui sozinha. Preciso esperar que alguém venha me visitar e assim me levar pra instituição. Só espero que não seja a bruxa Richertson a me levar. Eu não deveria chamá-la assim, mas eu a odeio. E se ela imaginasse quem realmente sou, com certeza me trataria diferente, bem diferente.
Mas se ela pensa que vai continuar fazendo suas maldades, está enganada, nem que para isso, eu precise dizer a verdade... Até mesmo aquela verdade que me aflige todos os dias e todas as minhas noites em todos os meus sonhos.

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