Redenção de mim!

4. Senhora Richertson: Um pesadelo!

SELENA*

- Queria saber o que essa talzinha de Manu tem? - Ester reclamou.
- Ciúmes da novata?
- Ela não parece ser uma pobre coitada...
- Como nós? Por favor, Ester... Até quando vai implicar com as garotas que vivem aqui?
- Cala a boca e pensa Selena.
- Pensar em que? Que por algum motivo somos todas iguais? Sim Ester. Não tenho pais e os únicos familiares que tenho, não me quiseram. Já parou pra pensar que todas aqui sofrem de alguma forma?
- Quando baixa em você o espírito de coitadinha, me enoja sabia?
- Melhor eu dormir. - Falei virando para a parede.
Não sei o que ela viu demais na novata, como ela diz. Mas poxa! A menina desde que chegou aqui, pode até não se envolver em todas as atividades ou todas as garotas, mas não mexe com ninguém, exceto no dia que não baixou a cabeça para a própria Ester. Mas a Ester procurou. Isso é fato.
- Sel, ainda vou provar que tenho razão. Essa garota esconde algo muito grave. E eu vou descobrir. Pode escrever isso.
- Ester... Se não parar com isso, vai acabar sozinha. E não quero isso pra mim.

EMMANUELLE POV'

- Não acredito que não sabe quem é aquela mulher.
- A que trouxe os sapatos?
- Manu nos diga de uma vez por todas em qual caverna você vivia?
- Anne Cox é a mãe do famoso Harry Styles!
- Já ouvi esse nome... Ele é ator!
- MATA E ENTERRA e
ELA DE UMA VEZ POR TODAS!!! - Sasha falou cobrindo o rosto em descrença.
- Desculpa meninas... Mas eu realmente vivia num mundo fora dos padrões para uma adolescente.
- Podemos perguntar pelo menos que tipo de música você gosta?
- Madonna, Élvis, Beatles...
- Recentes?
- Não gosto muito de nada que seja recente e cause muita agitação da mídia.
- Então não conhece essa banda? -Judith mostrou uma capa de revista com quatro rapazes - Era pra ser cinco, mas um decidiu sair no começo do ano. One Direction.
- E quer me dizer que aquela mulher simpática, é mãe de um deles?
- Desse aqui... Harry Styles.
- Inacreditável... E surpreendente.
- O que?
- Isso! De certa forma ela é famosa também. E ajuda aqui.
- Mas a gente nunca conseguiu se aproximar dela.
- Deixa eu adivinhar... A Ester não deixa?
- Não é bem isso... Não é de forma explícita... Mas ela sempre acaba atrapalhando. E a gente acaba não falando nada, por que ela é tipo uma protegida da senhora Richertson.
- Não conheço essa...
- Ela comanda tudo aqui quando a senhora Japsen não está presente. Ela é o terror em forma de gente. E é a que mais cobre os plantões noturnos.
- Vamos continuar nossa obrigação sem nos preocupar com elas. Sasha, você sai logo daqui e Judith vai ter a mim.
- Nem vai sentir minha falta que eu sei...
- Vamos combinar uma coisa?
- O que?
- Um dia todas nós vamos sair daqui e vamos nos encontrar. Seremos uma o apoio da outra.
- Como se fossemos irmãs? - Judith perguntou animada.
- Se vocês me aceitarem... - falei de cabeça baixa. Se as pessoas conhecessem meu passado, se afastariam de mim. Com toda a certeza desse mundo.
- Claro!!! - elas iam falar mais alguma coisa, mas foram impedidas por ouvirem batidas na porta.
- Selena? O que faz aqui? - Sasha reagiu surpresa ao abrir a porta.
- Só queria conversar... Posso?
- Podemos confiar em você? Afinal, é amiga daquela garota que parece que me odeia, e pior, nem sei o que fiz pra ela.
- Nem eu sei... Posso entrar? - ela insistiu e as meninas me encararam como se me pedissem autorização.
- Pode. - dei de ombros - Só espero que sua amiga não...
- Ela nem sabe que estou aqui... - ela falou num sussurro - A Ester é muito possessiva. E está certa ao pensar que ela não gosta de você.
- Só queria entender o motivo.
- Ela só é sozinha de tudo.
- Ela não é a única.
- Mas é como ela se sente... Sei que é estranho...
- E por que você está se aproximando da gente agora.
- Por que? Estou cansada dessas brigas sem sentido. Se estamos aqui e somos todas iguais. Deveríamos nos dar bem. E se me aceitarem... Posso até ajudar.
- Ajudar em que?
- Ah... com os treinos com os saltos! Eu não sei como, mas aprendi. - ela disse retirando o sapato dela da sacola que estava em  sua mão e colocando nos pés.
A partir daí, até Judith se animou com alguns conselhos da jovem Selena.
- Deixe os ombros altos, mas leves. O movimento das mãos normal.
- A Manu falou que não devo levantar muito a cabeça. Apenas o suficiente para ver as pessoas.
- Isso mesmo... Se levantar muito o rosto, vai aparecer que quer empinar o nariz, parecendo metida.
- Como eu sempre sou né... - Selena falou cabisbaixa.
- Se você sabe como fazer para não parecer metida... Por que não faz?
- Não é fácil andar com a Ester... E se eu me afastar dela...
- Verdadeiros amigos não mudam ninguém... Apenas nos aceitam como somos. Vê a Manu... Ela me respeita e me trata bem...
- A todas nós e também a outras garotas da instituição.
- Eu vou me esforçar para melhorar... E Manu... Não subestime a Ester.
- Vou ficar distante... É melhor.
-
Bom, vou tomar banho. Nos vemos no jantar.
- Até mais Selena... - nos despedimos.
- O que acharam dela?
- Achei que ela foi... Cautelosa.
- Como assim Manu?
- Ela sabe mais do que falou... Mas pareceu sincera.
- Se ela não falou tudo que sabe, como foi sincera?
- Ela se importa com a amizade da outra  e não quer difama-la. Mas não gosta do comportamento.
- Mas ela pode se prejudicar ou nos prejudicar.
- Ela vai ter que fazer a escolha dela... Cedo ou tarde.
- Vamos descer para jantar logo.
Caminhamos até o refeitório, onde havia um silêncio assustador. Ninguém nem ao menos olhava para os lados.
- Fico feliz por se juntarem nós. Uma mulher de cabelos aparentemente grisalhos, preso num coque perfeito falou seriamente.
- Desculpe senhora. - pedi imaginado que estivéssemos atrasadas.
- Só fale quando for autorizada. Agora todas, a oração pelo jantar.'
A encarei sério e imaginei que essa seria a tal senhora Richertson. E tive meus pensamentos confirmados quando ao final da oração, que pra mim era coisa nova, alguém se aproximou dela a chamando pelo nome.
Por sorte, meu prato foi completo por uma porção de arroz, feijão e bife. A salada era a única coisa que podíamos pegar a vontade, e me sentei na mesa onde tinha costume. Longe de todos.
Sasha e Judith nem estranhavam mais esse meu comportamento e juro que as vezes desejava que elas se afastassem de mim. Não queria que as pessoas se decepcionassem comigo e sei que elas se afastariam de mim.
Quem em sã consciência iria querer ficar perto de alguém que provocou a morte dos próprios pais?
- Roubando as amizades novata?
- O que quer agora Ester?
- Nenhuma das minhas amigas se afasta de mim por causa de uma amizade sem sentido. E não sei qual o seu segredo. Mas eu vou descobrir e te desmascarar.
- Ester, por que não faz como as outras garotas espertas. Sem brigas Okay! - Sasha falou encarando-a pela primeira vez.
- No caso dessa aí, tenho certeza que ela esconde alguma coisa.
- Ela não é a única... Todos nós temos nossos segredos. Afinal, você saiu daqui e meses depois voltou, mesmo sendo maior de idade e continua aqui e pior, sem explicar a nenhuma de nós por que isso. E só você voltou.
- Agora somos duas... Não é mesmo Emmanuelle? Tem quantos anos mesmo? Vinte e um?
- Quase. E repeti a escola três anos. Por que quis. O que mais quer saber? - menti para ver se ela parava.
- Não tem medo ou vergonha de se expor?
- Quer se sentar conosco e fazer novas amizades?
- Cuidado Judith. Nem toda ajuda é o que parece ser! - dizendo isso ela saiu de perto de nós.
- Do que ela estava falando?
- Ela é louca. Está perdendo as amigas e quer nos colocar em desconfianças de uma pra outra.
- Obrigada Sasha por me defender. Mesmo sem conhecer meu passado.
- As vezes nossos maiores medos, são nossos maiores inimigos e nos deixam cegos.
- Por que disse isso?
- Por que é a verdade. A Ester tem medo e não se deixa ser amigável com as pessoas.
- Ela me deixa com medo. - Judith falou.
- É isso que ela quer...
- Depois do jantar podemos fazer alguma coisa? - mesmo sabendo que não poderíamos, perguntei para mudar o rumo da conversa.
- Sim, tipo dormir...
- Obrigada Sasha!
- Menina Manu. - a senhora Richertson se aproximou da mesa e me entregou uma sacola sem dizer nada.
- O que é isso?
- Só mandaram entregar a você. Termine seu jantar e nada de alvoroço. Entendeu?
Sasha cutucou minha perna por baixo da mesa e entendi que era pra ficar calada e que não poderia abrir a caixa ali. Isso seria causar alvoroço, certo?
Terminei a refeição o mais rápido que pude mas precisei esperar as meninas e já no nosso quarto, abri a caixa e ficamos as três boquiaberta. A sandália era linda. Com detalhes em renda e flores.
- Foi a tia Anne! E é linda! Experimenta logo!
- Mas eu pensei que ela iria trazer só na próxima semana... E ela acertou em cheio meu número...
- O que está escrito no bilhete?
- Que bilhete?
- Esse! Posso ler? - Judith pediu ansiosa e eu consenti - Diz assim... "Olá Manu, espero que goste do sapato... Eu mesma escolhi e conto com sua colaboração no preparo para o grande baile."
- Acho que ela gostou de você!
- Bem que o filho dela ou um dos amigos dele poderia vir no pacote. - Sasha falou animada.
- Não é nada disso. Ela apenas não queria que eu me sentisse menos do que ninguém, já que todas receberam o salto ontem e eu não. Não foi culpa dela e agora está sendo apenas gentil.
- E isso ela é mesmo!

***

Amei o sapato! Lindo... Fofo
#SanStyles ❤️💛💚💙💜