Redenção de mim!

14. É uma forma de mantê-los vivos...

...

EMMANUELLE POV'

- Posso perguntar uma coisa?

- Poder, até pode... Mas não garanto responder.

- Bom... No dia que você ficou doente, a Richertson disse que havia chamado um médico. E nós bem sabemos que isso não é verdade.

- Não mesmo...

- Como ficou doente?

- Não estava me alimentando bem. E fiquei alguns dias sem sair do quarto...

- E como estavam te alimentando?

- Pão e água?

- O que? - ele estava incrédulo - Por quê?

- Se lembra do dia que saímos e eu não queria nada com molhos?

- Lembro.

- Bom, eu não consigo comer nada com molhos. Desde o acidente com meus pais, quando como algo assim, passo mal.

- E o que isso tem haver?

- Sasha e Judith perceberam e sempre trocavam a comida comigo. Mas um dia, Ester viu e avisou a Richertson, que desfez a troca de pratos e me obrigou a comer. E na terceira garfada... Eu passei mal, colocando tudo pra fora... As meninas pediram para aquela mulher ter paciência pois eu não estava bem, dai, acabei dizendo que estava melhor, então ela me mandou limpar tudo. Então eu não me aguentei. Disse que não ia limpar e fui para o quarto.

- E tenho uma leve impressão que não parou por aí. - ele falou de braços cruzados esperando que eu continuasse.

- Certíssimo. Ela me deixou trancada no quarto, a pão e água por alguns dias. Não deixou as meninas ficarem comigo e nem a janela deixava abrir.

- Essa mulher é o que lá? O demônio?

- Ela só é... Alguém que vai cair logo. Tenho a impressão de que ela faz isso há tempos. - falei da minha suspeita.

- Não sei por que ainda não tirou ela daquele lugar.

- Ela está sendo observada. E prometo resolver isso o quanto antes.

- Okay... Então... Podemos ir?

- Está com pressa?

- Seria bom chegar em casa cedo. Podíamos assistir um filme...

- Deixa só eu pegar umas roupas e procurar uns documentos?

- Quer ajuda?

- Sempre é bom!

- Então vamos logo. Minha mãe vai nos esperar.

- Tem certeza... Acho que seria melhor eu ficar aqui... Tenho as meninas de companhia.

- Sem essa... - ele respondeu enquanto entrávamos no escritório do meu pai - Vai te fazer bem.

- Sei que vai...

- O que procura? Algo em especial?

- Meus pais guardavam muitos documentos importantes em casa. Relacionados com a instituição. Se eu terei que tomar alguma decisão ou assumir o comando, preciso me inteirar dos assuntos.

- Tem ideia do que fazer?

- Passar o comando para outra pessoa seria mais certo. Assim posso voltar aos estudos. Mas...

- Era o sonho dos seus pais.

- Isso... - conversávamos enquanto eu remexia nas gavetas. E ele me ajudava.