Assim que o sinal tocou, andei apressadamente a procura de Louis. Lily havia devolvido as chaves do meu carro, mas a Mercedes de papai tinha que ser levada de volta, e é claro que jogaria esse problema para meu doce irmãozinho. Na verdade hoje eu até odiava um pouco menos Louis. Com certeza depois que eu desmaiei ele me levou para o quarto, se certificou de que eu acordaria para escola, e ainda me deu um analgésico. Ele foi mais legal comigo em uma noite, do que a minha vida inteira. Eu nunca tive uma boa relação com Louis. Desde pequenos ficava claro o quanto mamãe gostava mais dele, e o quanto papai gostava mais de mim, e isso meio que gerava uma rivalidade. Na pré-adolescência tudo piorou, nós brigávamos bastante, aprontávamos um com o outro e depois, de alguns meses para cá a gente tem se ignorado. Exceto por um acordo que criamos, porque não adiantava quem fazia merda, se era Louis, mamãe sempre dava um jeito de me culpar, e se era eu, papai sempre dizia que era influência de Louis. Então concordamos que procuraríamos não estressar nossos pais. Finalmente o avistei conversando com um garoto.
Mas não qualquer garoto, aquele era Jace, ele era o garoto mais estranho da escola. Sempre usava o mesmo moletom preto com capuz, e jeans detonados. Ele era loiro e seus olhos tinham olheiras muito fundas, eram sem brilho, sem vida. E era muito magro também, ele morava sozinho em Annapolis era tudo o que sabíamos. Ele quase conseguia ser tão intrigante quanto Harry. Quase. Mas a questão era que ninguém na escola falava com Jace, ele era um sujeito que você não desejaria encontrar a noite em rua deserta. Me aproximei sorrateiramente dos dois tentando ouvir alguma parte da conversa mas Jace pareceu me ver. Droga. Ele pareceu dizer algo para Louis e logo depois foi embora. Me aproximei parando ao lado do meu irmão.
— Louis, você pode levar o carro do papai pra casa? – Falei balançando as chaves a sua frente.
Eu queria muito saber o que ele estava conversando com Jace, mas nossa linha de paz era tênue e eu não deveria me meter na vida dele. Mordi os lábios sentindo minha curiosidade gritar. Ele as pegou da minha mão, com um sorriso falso.
— De nada.
Fui em direção a garagem.
...
Já dentro do meu carro, recebi uma mensagem do meu pai dizendo que já estava em casa e ficaria para o jantar hoje. Revirei os olhos com aquilo. Ficou óbvio que eu não iria para casa agora, preferia jantar em uma lanchonete qualquer a ter que me sentar na mesma mesa que David e Kate mais que uma vez por dia. Não é como se eu tivesse ignorado meu pai desde o acontecido, só era uma enorme coincidência nossos horários não se baterem mais. Suspirei, fazendo o retorno na Rua Brooklyn. A verdade é que era insuportável ficar no mesmo ambiente que ele, eu quase não conseguia respirar, e aquilo era horrível por que meu pai era a única pessoa no mundo que conseguia me deixar calma, que conseguia sempre tirar o melhor de mim, e eu preferia ignora-lo a me sentir mal perto dele. Eu só queria poder deletar da minha memória o ocorrido no dia do jantar, seria tudo tão mais fácil se pudéssemos as vezes só esquecer. Passei pela praça principal vendo a Sra. Bianucci e seu marido brincarem com os filhos em um playground. Evangeline Bianucci era 20 anos mais nova que o marido o Sr. Bianucci, que tinha ficado viúvo alguns anos atrás. Agora eles tinham dois filhos, um de dois anos, e outro de quatro. Todos na cidade sabiam que Evangeline não suportava o marido, e ainda havia boatos de que o filho mais velho não era dele. Mas mesmo assim, lá estavam eles. Brincando com as duas crianças, como se fossem o casal mais perfeito do mundo. Os moradores de Hagerstown eram os americanos mais filhos da mãe de todos os tempos. O pior de morar naquela cidade era que cada passo seu era vigiado, e as pessoas estavam frequentemente te julgando. Cada atitude que eu tomava era motivo para fofocas, nem preciso dizer o que aconteceu quando tingi meu cabelo.
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D-O-L-L H-O-U-S-E
RandomNa pequena cidade de Hagerstown não acontecem coisas muito fora do comum. A cidade é pura luxúria, todos vivem com sorrisos falsos em seus rosto. As pessoas ficam surpresas com a volta inesperada de um mistério ambulante chamado Harry Styles, mais c...