Wonderland.

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Essa é a questão. Quero ficar aqui, com você. Mesmo sabendo que é errado.

...

Era um corredor escuro e extremamente estreito, iluminado somente por um caminho de luzes de led no chão, como em um cinema. Eu fui à frente, quase tropeçando uma ou duas vezes, com Harry logo atrás de mim. Quando chegamos ao fim, uma fina cortina de veludo negra me distanciava da verdadeira The 1975. Logo acima dela, um letreiro em neon destacava uma frase, Bem vindo ao verdadeiro país das maravilhas. Senti Harry sussurrar no meu ouvido:

- Algumas pessoas preferem chamar de Wonderland*.

Não conseguia imaginar o porque. Afastei a cortina, apertando os olhos quando luzes extremamente fortes se chocaram com meu rosto. Aos poucos minha visão se focou e eu consegui observar o lugar com atenção. Haviam colunas espelhadas por todo o local, e tudo tinha um ar psicodélico. Eu sentia um cheiro absurdo de nicotina, álcool, suor e outras coisas que preferia nem imaginar. A alguns metros de nós uma fumaça densa se formava, como se um grupo de pessoas fumassem ali, eu presumia que não fosse cigarro comum. Nada bom, definitivamente nada bom. Luzes violetas e verdes saiam de holofotes estrategicamente posicionados dando um ar de filme de terror ao local. Diversas placas de neon com frases sensuais e palavrões estavam espalhadas pela casa noturna. Uma multidão de homens de preto se divertiam próximos a mim, todos parecendo bêbados demais para se lembrar até do próprio nome. Garçonetes com roupas minúsculas demais para o padrão social de Hagerstown rondavam o local distribuindo bebidas. O bar então nem se fala, era gigante, e estava lotado.

A música de fundo era meio que um rock pornô e não eletrônica como eu pensei ter ouvido do lado de fora. Grande parte das pessoas pareciam usar preto e ter alguma tatuagem.

Eu me sentia como uma Bella Swan* no meio de um monte de vampiros prestes a sugar cada gota do meu sangue. E Harry Styles estava longe de ser meu Edward Cullen*. Perto da The 1975, ou Woderland, apelidada carinhosamente por Harry, a Darkness parecia um lugar calmo onde os pais pudessem levar seus filhos para um momento familiar. Nunca poderia imaginar que existia um lugar assim em Annapolis. Era totalmente fora da minha realidade. E de onde todas aquelas pessoas tinham saído? Desde quando Annapolis abrigava tantos encrenqueiros?

- Está gostando? - Harry perguntou com um sorriso sacana no rosto - Porque a noite está só começando.

E depositou sua mão na base de minha cintura, me guiando até o bar. Algumas pessoas me lançavam olhares maliciosos e vermelhos, outras só acenavam a cabeça para Harry, como se o respeitassem. Aquilo era curioso.

Nos sentamos em frente ao extenso balcão, e eu encarei a estante de bebidas das quais eu nunca havia ouvido falar a minha frente, sentindo seu olhar sob mim. Comecei a batucar minhas unhas no balcão nervosamente.

- O que você está pensando? - ele perguntou seco.

- Porque me trouxe aqui?

- Para comemorar, ora. - e sorriu como se fosse algum tipo de piada interna.

Não sabia o que estávamos comemorando, e duvidava que ele fosse me falar. Ele era o oposto da palavra fácil. Começava a me perguntar o porque, de todos os outros garotos dessa cidade... Porque logo Harry foi atrair minha atenção dessa maneira?

- O que vai querer, docinho? - me assustei ao ouvir uma voz desconhecida.

Um homem de cabelos verdes e incontáveis piercings no rosto sorria maliciosamente para mim.

- Duas doses de tequila. - Harry fulminou o rapaz e quando o mesmo percebeu de quem se tratava, abandonou o sorriso adotando uma expressão de medo, ou choque.

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