O jantar

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Foi um longo dia. Minha única vontade naquele momento era deitar na minha cama, e dormir até o apocalipse chegar. Mas querer, nunca é poder. Assim que entro em casa vejo minha mãe sentada no sofá, segurando uma taça de vinho. Ela parecia perdida em pensamentos, o que não era normal, ela nunca estava distraída.

- Mamãe - dirijo-me a ela.

- Melanie - ela fala sem tirar os olhos da parede. - Precisamos conversar. Sente se.

Faço como ela manda e me sento no sofá, mantendo certa distância. Seus olhos azuis me encaram.

- Mais perto.

Então me arrasto até ficar bem ao seu lado. O que será que tinha acontecido?

Ela toma um pouco do vinho e continua:

- Sabe onde seu pai está Melanie?

Agora podia sentir seu hálito forte de vinho. A garrafa pela metade em cima da mesa me dava à certeza que aquela não era sua primeira taça.

- No hospital?

Então ela sorriu, mostrando todos os seus dentes perfeitamente alinhados e brancos. Mas seu sorriso logo sumiu. Onde ela queria chegar? Era 21h31min da noite, o plantão do meu pai começara-as 21h, era óbvio que ele estava no hospital.

- Isso mesmo Melanie. Onde mais ele poderia estar certo? - ela sorri sem mostrar os dentes. E me encara por um tempo até dizer:

- Minha garota. Você é igualzinha a seu pai.

Com certeza aquilo era efeito do vinho.

- Acho melhor você parar de beber.

- Você tem toda a razão.

Então ela se levanta, deixando a taça na mesa e sobe em direção ao quarto. Tudo bem, isso foi estranho. No caminho para o quarto, quando passo pelo de Louis, escuto um barulho estranho. Suspeito, muito suspeito. Aproximo meu ouvido da porta para ouvir melhor, e escuto com clareza. Gemidos femininos. Ele só podia estar brincando. Bato violentamente na porta

- Louis! Abre essa merda logo.

Logo após isso os gemidos cessaram, e ele apareceu só de cueca na porta.

- O que foi droga?

Enfiei-me pela brecha da porta adentrando seu quarto, nenhum sinal de mulher. Olho em baixo da cama, nada. No closet também nada.

- Já acabou seu showzinho, irmã?

- Você deve pensar que eu sou burra. Escuto eu não sei onde você escondeu a puta que estava comendo aqui, mas isso não vai ficar assim. - digo em alto e bom som.

- Você pirou isso sim, Melanie. - ele estava com aquele sorriso debochado no rosto. - Não tem ninguém aqui.

- E o que você estava fazendo então? Esqueceu-se do nosso trato Louis? - eu estava furiosa. - Sem estressar a mamãe, seguir as regras. Se você se ferrar, sabe que vou levar a culpa também.

Ele se aproximou de mim ficando a poucos metros.

- Eu só estava assistindo pornô, e bom, você sabe. Aquilo que os garotos fazem.

Meus os olhos se arregalaram. Eu estava definitivamente ouvindo a pior das desculpas.

- Pelo menos usa fone de ouvido na próxima vez, irmãozinho. - falei socando seu peito e sai do quarto.

Se ele pensava que eu iria engolir aquela desculpa estava enganado. Cheguei ao meu quarto e tirei minha roupa até ficar só de calcinha e sutiã e me joguei na cama, dormindo logo em seguida.

D-O-L-L H-O-U-S-EOnde histórias criam vida. Descubra agora