D-O-L-L H-O-U-S-E

DARKNESS - Parte II

- Eu vou soltar você, mas você não vai correr nem gritar. OK? - Harry falou bem próximo a mim. Concordei com a cabeça.

Ele me soltou, colocando seus braços nos dois lado da minha cabeça, as mãos abertas se apoiando na parede. Seu rosto estava perigosamente perto.

- Vamos começar do inicio, Melanie. - ele falou bruscamente, fechando as mãos em punho. - Porque estava me seguindo?

Engoli em seco. Aquilo não me surpreendeu. É claro que ele sabia, afinal meu carro era difícil de não notar, e ele parecia estar sempre atento a tudo. Tessa não notou, mas quando chegamos a Annapolis ele tentou nos despitar várias vezes.

Mas ele pensava que eu estivesse sozinha provavelmente, não iria dizer que estava acompanhada, o jeito como suas pupilas estavam dilatadas, sua respiração ofegante, o jeito como ele me puxou bruscamente para cá senti minhas pernas bambearem com o medo, estava começando a ficar assustada.

- Estava entediada. - falei
secamente, mas minha voz me traiu.

Ele me observou por um tempo que pareceu uma eternidade até falar:

- Está mentindo. - reprimiu os lábios. Ele estava com raiva, mas eu também estava. Se tinha uma coisa nessa vida que eu não era, isso era ser fraca.

- Como você pode saber? - falei irritada.

- Porque você está aqui. Está em uma boate, e está porque me viu entrando. - aumentou seu tom de voz, seu rosto estava vermelho.

- Estou me divertindo, Harry. - falei no mesmo tom. - É o que as garotas da minha idade fazem.

Ele deu uma pausa.

- Não minta para mim Melanie. – ele disse fazendo todos os pelinhos do meu corpo se arrepiarem. — Você nunca foi igual as garotas da sua idade.

Senti minha respiração falhar.

- Não pode falar essas coisas pra mim, você não pode me arrastar para um corredor escuro e me intimidar desse jeito. - Movi minha cabeça negativamente. - Eu não tenho medo de você. – cuspi as palavras na cara dele. Vendo um sorriso diabólico se formar em seu rosto. Mas ele nada falou.

— Não sei que tipo de coisa você está fazendo com a minha cabeça, mas tem que parar. Você tem que ficar longe.

- Fala isso porque você não consegue mais ficar afastada de mim. Pensa que eu não notei os seus olhares? Você pensa que eu sou idiota, Melanie? – ele falou com uma voz baixa, porém intimidadora. — Você gosta de mim, gosta por que eu sou diferente de tudo o que você já viu. Quando eu estou perto, você mal consegue parar de me olhar e nem tenta disfarçar. - sorriu maliciosamente.

Aquelas palavras tiveram um efeito sob mim naquele momento. Mas tentei esvaziar a mente. Precisava sair dali e achar Tessa. Eu estava com medo, não sabia do que ele era capaz de fazer ali comigo. As palavras de Tessa vinham em minha mente:

"Ele voltou por alguma coisa, ele não está aqui por acaso."

— Eu falo isso porque sou um imã de problemas. - agradeci mentalmente por minha voz não ter falhado. Ficamos nos encarando por um tempo.

Ele deixou seus braços caírem, e afastou dois passos me dando espaço para ir. Fiquei surpresa mais logo tratei de sair dali. Voltei para o fluxo mais intenso de pessoas e sentei me no bar, minha água não estava mais lá.
O que será que tinha acontecido com ele? Porque eu tinha ficado tão assustada? Todos os meus pensamentos se resumiam a Harry. Eu não tinha nenhuma noção de tempo. Então um copo com um líquido vermelho e com um limão na borda surgiu na minha frente.

- Eu não pedi isso. - falei para barman.

- Seu destruidor de corações ofereceu. - ele disse olhando para a parte privada, atrás de mim.

Olhei para trás procurando o tal sujeito, e o vi, segurava um copo nas mãos. Ele estava me desafiando, mas ele iria se arrepender de desafiar uma Martinez. Ergui o copo em sua direção, fazendo o líquido descer em minha garganta logo em seguida. Era diferente, e mais suave que eu imaginava. Logo pedi outro igual, o barman nem pediu minha identidade.

Eu estava no quinto copo, quando tudo começou a ficar mais colorido. As pessoas pareciam mais atraentes, já tinha recebido vários convites para dançar mas neguei todos. Fiquei conversando com o barman o tempo inteiro. Seu nome era Zayn, ele morava com sua namorada, e trabalhava aqui a noite para ajudar com as dispersas do apartamento. Seu sonho era fazer faculdade de engenharia. Zayn era alguém de quem eu seria amiga, mas não naquelas circunstâncias. Harry continuava lá em cima, observando. Sei porque a cada copo eu dava uma conferida. Ele também parecia trocar de copo o tempo todo.

Depois do quinto copo tomei coragem suficiente para procura-lo. O plano parecia perfeito em minha mente, eu diria o que acho dele. Ele não podia ser rude comigo em uma hora e me oferecer bebidas na outra. Estava cheia daquele joguinho. Mas chegando lá em cima o segurança me barrou.

- Qual o seu nome? - falou segurando a lista.

Droga, droga, droga. Tinha que pensar rápido. Sentia minhas maçãs coradas por causa da bebida.

- Caleb me mandou. Só preciso dar um recado para alguém, saio logo. - ele semi cerrou os olhos, mas me deixou passar.

Aqui estava mais vazio, e o cheiro de maconha era evidente. As pessoas estavam muito mais bem vestidas que lá embaixo.
Procurei por Harry e o vi conversando com uma loira. É claro que ele estava dando em cima dela. Me aproximei não dando tempo para ele me impedir.
- Você é rápido hein. - sorri alternando meu olhar entre ele e a loira.

Ele arregalou os olhos e me puxou para longe dali, parecia chateado por ter perdido a garota. Sorri internamente com aquilo.
— Hey, para onde está me levando? – perguntei mas ele ficou calado. Revirei os olhos.
Dobramos em alguns corredores e quando vi estávamos em uma sala fechada, uma espécie de depósito. Ele fechou a porta e me encarou.

- Ficou chateado por interromper seu momento? - eu sorria muito.

- Não tinha momento nenhum ali. Estava fechando negócios. - ele virou de costas e pegou um pacote em uma das caixas.

Porque ele tinha que ser tão sério o tempo todo? Era uma chatisse.

- Que tipo de negócios? - enrolei a língua.

- Você está bêbada? - ele parecia muito mais calmo que horas mais cedo.

Mas eu não estava bêbada, e se estava não conseguiria saber.

- É claro que não, idiota. E foi você que me mandou aquela bebida maravilhosa. - sorri.

- Um copo daquele não é o suficiente pra deixar ninguém bêbado. - revirei os olhos. - Você pediu outros Melanie?

Bingo! Agora sim ele parecia pensar. Sorri mais ainda.

- Mas você é menor de idade! - ele se irritou.

- Fiz amizade com o barman, ele quer fazer faculdade de engenharia sabia? - falei animada.

Zayn era uma boa pessoa merecia seguir seu sonho. Mas porque eu estava pensando no sonho de Zayn? Deve ser efeito da bebida.

- Isso não está acontecendo. - ele apertou a ponta do nariz fechando os olhos.

Então a música pareceu ficar mais alta. E eu olhei para ele. Eu realmente olhei para ele. Deixei meus olhos percorrerem cada parte do seu rosto. E seu corpo também. Ele usava jeans apertado e blusa branca. Até podia ver agora uma tatuagem de pássaros em seu peito. Me aproximei, mas ele não pareceu notar a pouca distância entre nossos corpos.

Eu o queria, não só o queria, eu precisava dele. Harry subiu seu olhar para mim e encarou meus olhos castanhos. Tudo o que precisamos as vezes é de vinte segundos de coragem, pensei. Vinte segundos de coragem. A adrenalina corria em minhas veias. Mordi os lábios ainda o encarando e ele soltou o ar pesadamente.

- Que se foda. - falei e diminui o espaço entre nós esbarrando meus lábios nos dele, o pegando totalmente desprevenido.