CAPÍTULO BÔNUS - ALAN

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Olá meus queridíssimos leitores,

Não aguentei e resolvi escrever o capítulo do encontro da floresta no ponto de vista de Alan ;)

Espero muito que gostem :D

bjoss.

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Estou morrendo, isso é uma coisa que não posso negar. A morte sempre esteve muito próxima de mim, a espreita esperando somente uma oportunidade para me pegar. Mas nunca imaginei que ela chegaria tão rápida, e que acabaria morrendo no meio do nada.

Já se fazia um bom tempo que estava deitado nesta floresta. Não sei quanto, pois cada segundo parecia uma eternidade. Não conseguia me mover só conseguia ficar gemendo com a dor que cada movimento me causava. A flecha tinha atingido o meu ombro, porém não sei exatamente onde. Meu ombro inteiro latejava e a cada respiração minha força ia se esvaindo.

Foi no ápice da minha dor que apareceu um anjo. Na hora meu único pensamento foi "estou realmente morto". Porém a dor me dizia que ainda não.

O anjo com o seu rosto retorcido de pesar era lindo, acho que era a garota mais linda que já vi com lábios cheios e vermelhos, cabelos longos e face delicada. O seu rosto transmitia bondade, estava tão perdido em sua beleza que a sua pergunta me pega de surpresa, sua voz também era linda e graciosa. Fluía como uma carícia.

- Você está bem?

Ri interiormente sobre a pergunta, parece que meu anjo é um pouco ingênua ou atrapalhada. Eu tento responde-la, mas minha voz não sai e o único som que consigo fazer é de "humm".

O anjo volta novamente seus olhos aflitos para mim, mas agora ela deve ter percebido a flecha cravada no meu ombro, pois ela fica pálida e foge logo depois.

Devo estar no inferno, reflito, já que meu anjo fugiu de mim sem ao menos dizer seu nome.

Passa-se uma pequena eternidade até que para a minha completa surpresa aparece novamente o meu anjo com uma face determinada trazendo alguma coisa em suas mãos.

Ela se aproxima de mim e se agacha ao meu lado. Com movimentos precisos ela retira uma adaga, da onde eu não sei, e quebra a ponta da flecha que esta apontando do meu ombro. O movimento me causa dor e acabo estremecendo.

O meu anjo pega alguma coisa e me mostra um pedaço de pano e diz séria.

- Vou ter que te virar só um pouquinho, mas não sei se vou conseguir fazer, você parece pesado – me fazendo sorrir, devo estar alucinando o meu anjo quer tentar me salvar, mas ela continua - você poderia me ajudar a movê-lo? – a olho por um instante e mais sério dou um aceno de cabeça já que mal consigo falar uma palavra.

Ela começa a me virar e com o restante das minhas forças tento ao máximo ajuda-la com a tarefa. Ela arranca o restante da flecha do meu ombro causando uma nova dor lancinante, me fazendo perder os sentidos e quase desmaiar, de novo. Gemo com a dor.

Fechando os olhos tento me concentrar em alguma outra coisa. Eu a ouço rasgar um pedaço de tecido e limpar minha ferida. Depois ela me coloca de volta deitado no chão e faz o mesmo trabalho na frente do ferimento.

Notando, eu acho, o meu suor. Ela rasga mais um pedaço de tecido, passa em minha testa e fala.

- Olha, eu já fiz um curativo em você então acho que dará pra você esperar um pouquinho enquanto eu vou procurar ajuda...

Assustado, abro os meus olhos. Não, não, não, ela não pode fazer isso.

- Não! – grito com toda a minha força restante e continuo– Não conte a ninguém sobre mim.

Ela não pode fazer isso, ela só se colocará em perigo. Nada de mal pode acontecer com o meu anjo. Eu não vou permitir!

- Tudo bem, não há porque se preocupar, ninguém da vila irá te fazer mal – diz ela.

- Não conte a ninguém sobre mim, é perigoso de mais para aqueles que saibam de mim – digo com veemência gastando o resto das minhas forças.

Não vou deixar nada de mal acontecer ao meu anjo, NUNCA!

- Sabe, não há como eu deixar você aqui sozinho e não há como eu não contar a ninguém, então se você me deixar contar pelo menos para a minha família – diz ela, tento protestar, mas ela é mais rápida e continua – só são a minha mãe e meus três irmãozinhos. E além do mais, nós vivemos bem distantes da vila em um lugar de difícil acesso e sem vizinhos muito próximos para nos perturbar.

Fico pensando os prós e os contras da situação, não podemos ficar a noite toda aqui. Acho que não conseguirei sobreviver a esse ferimento se nós continuarmos aqui. E se for somente a sua mãe, então não acho que será um grande problema. A questão é posso confiar em alguma delas? Continuo a encarando, a teimosia transpassando pelos os seus olhos. Ela não vai desistir tão fácil, não vai receber um não como resposta. Eu tenho que confiar, ela está tentando salvar minha vida. De um jeito ou de outro a morte é uma opção, só não quero que seja uma opção a ela.

Hesitando um pouco faço um movimento de sim com a cabeça.

Eu confio nela e se algo acontecer eu jogo-me na frente, faço qualquer coisa para proteger o meu ingênuo anjo.

Ela começa a se levantar até que para por um segundo olhando para mim e vai embora. Passam-se vários momentos e acabo fechando os olhos novamente, preciso tanto descansar.

Um toque na minha testa me chama a atenção e percebo que a mão desconhecida pertence ao meu anjo. Com delicadeza ela me toca e diz me encarando com olhos sérios.

- Isso é água com uma erva para dor, você tem que tomar para diminui-la. Agora me ajude a levantar a sua cabeça.

Com delicadeza ela levanta a minha cabeça e me faz beber todo o líquido amargo. Acabando ela ordena.

- Agora eu preciso ir. Você espera um pouquinho aqui em silêncio que já volto com ajuda.

Ela me deixa pela terceira vez e dessa vez sei que meu anjo vai voltar com certeza.

Anabelle e a Princesa PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora