Droga. Meus pais brigaram de novo, e a culpada sou eu.
Milena estava junto comigo, no meu quarto e estávamos conversando justamente sobre a causa da briga dos meus pais.
"Você acha que eu dou muito trabalho pra eles?" Perguntei, segurando minhas lágrimas.
"Claro que não!" Ela pegou na minha mão, limpando minhas lágrimas.
"Mila, eu estou com medo, eu não quero viver sozinha, longe dos nossos pais, vai ser um horror!" Falei, deitando minha cabeça em seu ombro.
"Acho que você tem que tomar logo uma decisão. Ou você conversa com eles sobre a briga ou vai embora daqui." Ela disse e depois, suspirou. "Eles não vão parar de brigar. Você sabe disso, eu também sei."
Milena era o único motivo pelo qual eu ainda estava morando na casa dos meus pais, porque eu sabia que as portas da casa da minha tia, em Santa Catarina, sempre estariam abertas para mim. Mas minha irmã mais nova era sempre tão agradável, sempre tão disposta a ficar o tempo que pudesse comigo que eu realmente não queria ficar longe dela.
"Ei. Morar com a titia vai te trazer um benefício." Milena disse, tirando uma mecha do meu cabelo do meu rosto.
Eu sorri. Cellbit mora no Rio Grande do Sul, carazinho. Mas desfiz meu sorriso quando lembrei que Santa Catarina ainda ficaria longe demais, principalmente de Carazinho.
"Droga, nem meus benefícios me beneficiam." Falei e Milena riu.
Me levantei da cama e fui até a janela, me encostei na mesma e suspirei.
O quê eu vou fazer agora?
"Mila, eu tenho que ir." Falei, com a voz carregada de dor. "Não quero nossos pais me odiando pro resto da vida. Eles têm que viver um pouco a sós. Sem mim. Eles adoram você, e você fará o melhor para que eles não queiram lhe odiar no futuro, ok?"
Ela assentiu.
Ela levantou, me abraçou e suspirou."Estarei contigo, mesmo longe." Milena disse, acariciando meus cabelos. "Você pode ir, sem mais problemas. Viva a sua vida. Prometo me comportar com eles, mesmo sendo um pouco difícil."
Neste momento, ela se afastou um pouco de mim e sorriu.
"E espero que não chore mais. Não por isso, por favor." Eu sorri com suas palavras e a beijei na bochecha.
"Ok, vamos parar com isso, né?" Perguntei e ela assentiu.
Descemos para falar com os nossos pais, na mesa de jantar.
Eles estavam conversando sobre algo, algo bastante secreto, pois, assim que eu cheguei perto, eles pararam de falar.Cheguei perto deles e forcei um sorriso.
"E-Eu...preciso conversar com vocês." Gaguejei.
Minha mãe suspirou pesado e eu senti sua frustração.
Meu pai entrelaçou seus dedos, esperando a minha iniciativa.Sentei e prendi o ar para mandar bala.
"Eu vou para Santa Catarina, morar com a tia Taís." Soltei o ar e olhei para minha mãe, ela estava muito mais frustrada do que antes. "É melhor pra mim e pra vocês, ok? Até Mila concorda."
Olhei para Milena, no que ela sorriu e olhou para nossos pais.
Meu pai soltou um suspiro carregado.
"Você não sabe o quê está falando." Ele falou, com uma risadinha desafiadora. "És só uma garotinha assustada. Não vai conseguir tudo isso."
Minha mãe olhou para meu pai, como se estivesse castigando ele.
"Tudo bem" Ela suspirou. "Eu acho que você já está bastante grandinha para fazer suas escolhas. Pode fazer isso."
Sorri de orelha à orelha.
Meu pai rolou os olhos.
"Faça o que quiser. Mas se você for, não volte."
Meu sorriso se desfez. Meu pai levantou e foi para o seu quarto.
Meus olhos marejaram, mas segurei tudo o que pude.
"Filha, vá." Minha mãe disse, pegando minha mão com cuidado. "Você sabe o que fazer sim."
Levantei e a abracei forte.
Olhei para Milena, quase chorando novamente e a abracei de novo.
"Obrigada por me ajudar." Sussurrei no seu ouvido, enquanto estávamos nos abraçando.
22h34.
Começo a arrumar minhas malas, para a minha viagem que vai ser semana que vem. Mal posso esperar por isso. Mas ainda tenho muita dó de deixar Mila sozinha, sofrendo com as brigas dos nossos pais.
Mas eu preciso disso. Tenho que ser independente. Não pode ser tão ruim.
"O quê está pensando?" Milena perguntou, me tirando dos meus pensamentos.
"Sobre como isso vai ser. Como as mudanças vão ocorrer e coisas assim..." Respondi, sentando na cama e respirando fundo.
Ela suspirou e riu.
"Calma. Vai dar tudo certo, Flavinha."
Eu soltei uma risadinha.
"Sem você, vai ser um pouco difícil controlar a minha raiva de tudo, mas ok." Falei rindo, no que ela riu também.
"Aí, aí. Flávia, tenta controlar também a sua fome." Ela disse e eu ri.
Minha mãe bateu na porta do quarto, de leve, como ela sempre fazia e depois, colocou a sua cabeça pra dentro do quarto.
"Oi, meninas!" Ela disse dando leves risadinhas e depois, entrou no quarto. "Vamos de lasanha?"
Soltei um berro de aprovação, no que todo mundo riu e depois, fomos para a mesa de jantar, comer a deliciosa lasanha da mamãe.
Meu pai não apareceu para jantar e eu achei estranho, mas também tinha que concordar que ele foi contrariado, então, provavelmente ele ainda estava puto.
"Mãe, a lasanha está dos deuses." Mila fez seu comentário, quebrando o silêncio dos meus pensamentos.
Concordei com ela e a dona Amarilís sorriu para nós.
Acabamos de comer e voltamos para o nosso quarto depois de nos despedirmos de mamãe.
Tomei um banho, vesti um pijama largo e deitei para domir.
Amanhã eu iria compra minha passagem para Santa Catarina, então, teria um dia e tanto para fazer os últimos preparativos.
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Separados Por Um Canal
FanfictionUma garota carioca, de 18 anos, problemas em casa mas sempre com um coração gigantesco. Flávia Almirante é e sempre foi bem humorada, até se mudar para Santa Catarina, para se tonar uma "adulta responsável". Mesmo sendo uma "adulta responsável", ela...