17h55.
Faça o que quiser comigo.
Rafael limpou minhas lágrimas, continuamos a nos olhar, meu desejo me matando e a dor mais forte no peito.
"Acho que você precisa descansar um pouco." Ele disse, me deixando um pouco de lado.
Rolei os olhos, para não chorar mesmo.
Fui até a geladeira, tirei duas garrafas de cerveja de lá.
Ele arregalou os olhos, mexendo os lábios.
"Vamos beber?" Ele perguntou, me encarando, meus olhos um pouco vermelhos.
"EU vou beber, eu não sei você." Falei, deixando as garrafas no balcão.
"Você não vai fazer isso sozinha. Aliás, aonde você arranjou isso?" Ele pegou no meu braço.
"Eu comprei e deixei bem escondida na sua geladeira. Eu gosto de beber quando estou feliz." Uma mentira completa, não gosto de beber, muito menos quando eu estou "feliz".
Ele riu e pegou uma garrafa.
"Eu não gosto, mas vou te acompanhar." Ele bebeu um gole e fez uma cara feia, ele conseguiu tirar uma risada minha, mesmo eu querendo chorar.
Começamos a beber, ele falava como se nada tivesse acontecido entre nós dois, parece que nem lembrava que tinha me beijado no trem-fantasma.
Eu já estava meio porre, uma garrafa já é o suficiente pra me derrubar, já que eu sou iniciante nesse bagulho aí.
Rafael não é diferente, ele simplesmente já não estava falando direito quando estava na metade da garrafa.
"E aí eu falei: porra felps, eu disse pra não mijar na cama" caí na gargalhada. "Eu sou um bosta mesmo..."
Com o pouco de sanidade que eu ainda tinha, fui me aproximando dele, com primeiras, segundas e terceiras intenções.
Ele percebeu a minha aproximação, mas não recuou nem nada, pelo contrário, agarrou a minha cintura e ficamos colados.
Eu não aguentei mais.
Dei um selinho nele mais uma vez, ficamos assim por alguns segundos, até ele abrir espaço para um beijo de verdade.
Abri um pouco minha boca, nossos lábios se encaixaram perfeitamente.
Eu estou beijando ele. Estou beijando Rafael Lange, meu Deus.
Meus dedos passeavam pela nuca dele, ele segurava delicadamente a minha cintura.
Encerramos o beijo com selinhos, mas nossos rosto ainda estavam próximos.
"Flávia..." Ele falou, dando uma risadinha safada, nossos lábios tocaram uns nos outros quando ele proferiu meu nome.
Meu sorriso verdadeiro apareceu, eu não poderia estar mais satisfeita, ele me beijou.
"Vem." Ele pegou minha mão e me puxou para o quarto, será isso o efeito do álcool?
Chegamos no quarto, ele me deitou na cama, deitando em cima de mim.
Meu coração, como sempre que ele faz isso, estava mais acelerado que o normal.
Ele me beijou de novo, agarrando com possessão minha cintura.
Minhas mãos estavam adentrando sua camisa sem nenhuma vergonha da minha parte, eu massageava seu abdômen.
Ele suspirou, ainda com os lábios colados aos meus e recuou.
"Boa noite..." Ele deitou ao meu lado.
Eu não acredito.
Ele realmente dormiu. Dormiu! É ele estava cansado. Eu me levantei, tirei seus sapatos e o cobri com o cobertor.
"Boa noite, Lange." Sussurrei.
Fui até a cozinha, imaginando o que aconteceria se ele não dormisse gora. Talvez nada. Ele pode ter lembrado de Sayu.
Mas eu estou bem.
Fui até a cozinha e joguei fora as garrafas de cerveja, pra não deixar pistas do ocorrido.
Voltei para o quarto, coloquei meu pijama e deitei na cama.
Fiquei observando Rafael dormir. Lágrimas desciam pela minha bochecha, eu ia embora daqui à algumas horas e ele havia me beijado. Eu estava até feliz de verdade. Só não estava mais, porque eu não sou o que ele quer, eu não posso ter ele de verdade, eu sou a outra.
Acabei cochilando.
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Separados Por Um Canal
FanfictionUma garota carioca, de 18 anos, problemas em casa mas sempre com um coração gigantesco. Flávia Almirante é e sempre foi bem humorada, até se mudar para Santa Catarina, para se tonar uma "adulta responsável". Mesmo sendo uma "adulta responsável", ela...