::Capítulo 5:: Rebecca

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Eu não conseguia acreditar. Não podia acreditar.
"Deve ter sido o calor do momento", dizia a mim mesma, tentando convencer meu cérebro, "ele é um príncipe e você não pode se apaixonar por ele". Mas aquela sensação eu não sentia fazia bastante tempo... Era uma sensação de proteção, euforia, bem estar. Muito parecida com a que eu sentia quando minha mãe me abraçava, só que mil vezes mais intensa. O jeito como eu senti o coração dele bater junto ao meu era surreal, parecia um sonho do qual eu jamais quisesse acordar. Mas então a rainha entrou. Devo agradecê-la, pois se chegasse segundos depois, iria ver o que não devia ser visto. E agora? Como Cristoph... o príncipe devia estar se sentindo? Estaria ele como eu ou não prestou atenção no que aconteceu entre nós? O problema é que ele me atraía como um imã atraía um pedaço de ferro. Mas como eu iria olhar para ele agora? Teria coragem? Eram tantas perguntas rondando minha mente que esqueci o que estava fazendo e sem querer coloquei uma camisa entre os paletós. Quando fui tirar, raspei o dedo numa ferpa de madeira e ela cravou na minha pele. Limpei o excesso de sangue no uniforme e me concentrei em tirar a ferpa, entre "ais" e "uis", até que consegui.

Ouvi a porta abrir atrás de mim e avistei Thomas Breed com uma caixa cheia de perfumes e essências para banho.

-Ah, é você a nova criada de quarto do príncipe? Esperava alguém mais... feio. -Ele falou.
Soltei uma risadinha sarcástica, era óbvio que ele estava tentando me fazer se apaixonar por ele.

-É senhor, infelizmente não escolhemos o que somos. -Respondi.

Ele pareceu entender o recado, porque não falou mais nada e continuou seu serviço. Segundos depois o príncipe Cristopher entrou no quarto, com o rosto muito vermelho e expressão raivosa. A porta bateu de novo, desta vez foi Thomas quem saíra. O príncipe se jogou em sua cama e começou a chorar.

-Eu não pedi para nascer! E eu não nasci para me casar com Amelia Dickens! -Berrou.

-Se...senhor, eu posso ajudar? -Perguntei e sentei ao lado dele no chão.

-Não sente no chão, venha se sentar comigo. -Ele falou e se levantou, sentando. Eu me sentei ao seu lado.

-Eu não quero me casar com aquela mulher horrível. Eu nunca mais vou voltar a ser feliz na minha vida. -Disse, deitando a cabeça em meu ombro.

-Isso tudo é uma sopa de hipocrisia. -Disse eu, sem pensar. Ele olhou pra mim e sorriu entre as lágrimas.

-Já tomou sopa de hipocrisia, Bec?-Perguntou.

Eu sorri e respondi que não. Nossos olhos se encontraram novamente... Ele levantou a cabeça, tirou a minha touca de criada, deixando meu cabelo exposto.

-Seu cabelo é tão cheiroso..!-Disse, levando uma mexa ao nariz e inspirando. Ele pegou meu rosto entre as mãos, me trouxe para perto e me beijou. Parecia que meu cérebro estava soltando faíscas, Sentia nossos corações baterem rapidamente, como se houvesse dois deles no meu peito. Fomos despencando sobre a cama, até estarmos deitados, juntos, como se nada no mundo pudesse nos separar. Paramos de nos beijar e eu deitei em seu peito. Ouvindo seu coração bater e o ruído do seu estômago. Observamos o sol se pôr, não falamos nada, não era necessário. Eu me levantei para sair do quarto, abri a porta, mas ele estava atrás de mim e tirou minha mão da maçaneta. Trancou a porta e me conduziu em direção à cama novamente. Nos beijamos mais uma vez e deitamos de modo que nossos corpos se encaixaram.

* * *

O sol nasceu e eu acordei, Cristopher estava com o braço por baixo da minha cabeça.
Como um travesseiro. Colei meu rosto no seu pescoço e inspirei. Bergamota e canela. O melhor dos melhores cheiros, era o cheiro de Cristopher. Voltei a dormir. Quando Cristopher acordou, ele me acordou também, dizendo que havia alguém batendo na porta. Eu acordei, alarmada.

-Mas o que..? Que horas são? -Eu perguntei.Sentei na cama.

-Shh...Não importa. Eu digo que lhe dei folga essa manhã, volte a dormir. Está com olheiras horríveis. -Ele sussurrou no meu ouvido.

A pessoa bateu na porta de novo, mas não me preocupei. Segui o conselho de Cristopher e voltei a dormir. Ele me deu um beijo na bochecha e cobriu meu cabelo com o lençol. Levantou-se para abrir a porta. De repente, ouço a voz de Thomas Breed.

O Príncipe e a ServaOnde histórias criam vida. Descubra agora