::Capítulo 11:: Amelia

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-Não! Fujam daqui! Salve-se! -Gritou Herbert, o chefe dos criados, se dirigindo ao resto de nós.
As chamas lambiam o quarto desde o chão, subindo pelas paredes, e agora começava a consumir o teto. Quase tudo no quarto era forrado com madeira e acolchoado com couro, sem contar os tapetes e cortinas, que em segundos já se reduziam a carvão. Provavelmente Cristopher e a namoradinha criada morreriam lá mesmo, o que nos poupava o trabalho de matá-los.
Obedecemos Herbert e saímos sem levar nada do quarto, o que na minha opinião era um desperdício, com tantas roupas caras e luxuosas que estavam no armário de Cristphinho.

* * *

Eu achava que minha estadia no castelo de Cristphinho ia ser emocionante, mas não tanto quanto estava sendo naquele momento. Desde que conheci Herbert e descobri que era um rebelde infiltrado, fiquei fascinada e logo quis me juntar a eles, por que achava brilhante a idéia de ser uma fora da lei. Eles me ensinaram como esconder que eu era uma rebelde, a lutar como uma desse rebelde, e a amar ser uma rebelde. O lado bom da história era que eu tinha uma chance de desfrutar da realeza de um modo diferente, muito mais emocionante, já que, entre os rebeldes eu era muito valorizada por ser da realeza e me rebelar contra ela.
Conrad, um dos nossos, se lembrou de trancar a porta e levar a chave consigo, para que Rebecca e Cristopher jamais saíssem de lá vivos. Era um desperdício ter que matar Cristphinho, ele era tão bonito, mas ninguém mandou ele ser neto do rei Francesco IV, que havia, há muitos anos, deixado a estiagem acometer o reino e fazer pessoas morrerem de sede e desnutrição.

Agora seriam suas novas gerações que iriam pagar pelo seu erro, como uma maldição. O fogo já começara a consumir também a porta de madeira do quarto, pensei o que Rebecca e Cristopher estariam fazendo neste momento. Talvez estivessem abraçados esperando a morte chegar, talvez estivessem procurando uma maneira em vão de fugir. Confesso que senti pena dos dois, mas também inveja, eu nunca havia sido amada assim por ninguém, nem pelos meus pais. De repente a voz de Herbert me trouxe de volta ao presente.
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-Vamos sair daqui pela porta dos fundos, assim não precisaremos passar pelo fosso.
Todos assentiram e saíram pela porta designada.
Alguns criados haviam sido mortos, outros conseguiram fugir, alguns até mesmo aceitaram se aliar a nós no desejo de sobreviver, como Thomas, o criado que lavava as roupas na lavanderia real. Era muito bom com a espada e não tinha medo de investir para cima de um inimigo. Chegando ao nosso Quartel General, as criadas que antes eram do castelo começaram a servir uma refeição reforçada contendo arroz, feijão e carne de porco. O gosto era agradável, mas eu não conseguia comer direito em um ambiente tão pobre, com pratos e copos de barro, sem contar que os rebeldes homens comiam de um jeito selvagem e nojento.
Depois do almoço, começamos a decidir o que iríamos fazer a respeito dos que haviam sobrado no castelo, por que depois que o rei e a rainha haviam sido brutalmente assassinados por nós, alguns criados e membros da corte tiveram o tempo necessário para fugir, se escondendo pelos cômodos mais improváveis do castelo. Iríamos revirar o castelo na procura destes criados que haviam se escondido, depois iríamos executá-los. Eu não participava das execuções pois tinha muito nojo do sangue que jorrava do ferimento profundo no peito das vítimas.

O Príncipe e a ServaOnde histórias criam vida. Descubra agora