::Capítulo 8:: Rebecca

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Não! Como eu pude ser tão idiota? Eu não fui mais que uma diversão para Cristopher. Ele pertencia à Amelia, sabia disso, mas então por que veio me beijar e dizer que me amava? Para depois dilacerar meus sentimentos? Como ele pôde ser tão covarde! E como eu pude ser tão tola! Sem pensar duas vezes, eu saí da porta da cozinha que dava acesso ao corredor e fui para aquela que ficava no fundo da cozinha, e dava acesso ao quintal. Abri a porta e saí, sentindo meu coração bater forte. Estava chovendo lá fora, mas não hesitei, corri para fora. Fui o mais longe possível, minha touca voou da minha cabeça, mas não voltei para apanhá-la. Até que despenquei, ajoelhada no chão. Gritei o mais alto que pude, não prestava atenção se alguém iria ouvir ou não. Deixei a chuva lavar minhas lágrimas, meus joelhos nus começaram a reclamar por conta do atrito com a calçada. "Idiota, tola, iludida, ingênua" rolavam na minha mente. Como eu pudera me apaixonar por alguém tão distante da minha realidade? Como Cristopher pode dizer que odeia uma pessoa e depois a beija? Estava tão envolvida nos meus pensamentos obscuros que não ouvi alguém chegar e me cobrir com um cobertor. Era uma mulher, eu a abracei como se fosse minha mãe que não via há tanto tempo. Ela me conduziu para dentro e eu deixei, aquela altura, qualquer sentimento de oposição havia sido bloqueada. Eu só sentia um grande vazio escuro e infinito. As criadas da cozinha não disseram nada, apenas me deram uma xícara de chá quente. Não o bebi. No momento, eu desejava apenas ir para casa e abraçar meu pai e minha irmã. Eles nunca me enganaram, me amavam verdadeiramente e me apoiavam. Vejo Thomas Breed entrar na cozinha, trazendo uma pilha de toalhas de mesa, ele olhou para mim e assentiu, como se soubesse o que eu sentia. Depois não me lembro de mais nada, só de ter adormecido e acordado em uma cama com colchão de palha. Uma criada gordinha estava sentada ao meu lado, com um prato de sopa em mãos.

-Bom dia! - Falou.

-Bom dia, senhora. -Digo, sem muita animação.

-Deve estar com fome, não? As colegas da cozinha prepararam este belo prato especialmente para você. Será uma grande decepção para elas se você não comer.-Ela explica amigavelmente.
Eu me sento e aceito o prato.

-Quem é você e porque me ajudou?-Perguntei a ela, bruscamente.

-Me chamo Euphemia, e ajudei você por que simplesmente vi que precisava.-Ela responde gentilmente.

-O mundo precisa de mais pessoas como você, Euphemia. -Digo-lhe.
Alguém vem correndo em direção ao quarto de Euphemia, na casa da criadagem.

-Phem!..Phem!..-A voz se aproxima. É masculina.

-Como ela está?- Perguntou a pessoa, na porta do quarto. Reconheci aquela maldita voz suave, era Cristopher.

-Ela acordou, meu senhor.- Respondeu Euphemia.
Cristopher entra no quarto e olha nos meus olhos. Euphemia sai do quarto, alarmada.

-O que você quer comigo, Cristphinho? Quer que eu seja seu objeto de diversão mais uma vez?- Grito.

-Quero que me deixe explicar o que aconteceu ontem à noite.- Ele responde calmamente.

-Você não me deve satisfações, afinal, eu sou só uma criada. -Digo grosseiramente.

-Rebecca, eu amo você mais do que amo a mim mesmo!- Ele responde.
Começo a chorar loucamente de novo. Ele se senta aos meus pés na cama.

-Amelia é uma maluca maliciosa! Ela me agarrou e não tive como fugir. -Vi em seus olhos que estava dizendo a verdade. Deixei ele prosseguir.

-E tem mais...- Seus olhos começam a lacrimejar. -Ela irá morar conosco, no castelo!
-Sem pensar,eu o abraço e beijo-lhe a testa. Sinto suas lágrimas caírem em meu ombro. Como pude ser tão egoísta e não consegui enxergar seus sentimentos na situação?

-Quero fugir daqui, Bec...Prefiro viver sem os luxos de um príncipe do que me casar com um ser tão desprezível!..-Ele diz desesperadamente.
De repente nos olhamos e praticamente lemos a mente um do outro. Estava claro, talvez essa fosse a resposta.

O Príncipe e a ServaOnde histórias criam vida. Descubra agora