Abro a porta do quarto e dou de cara com um criado louro e musculoso.
-Bom dia senhor! -Fez uma reverência. -Desculpe interromper sua manhã de sono, mas fui incumbido de lhe trazer isso aqui. -Falou e entregou -me um pergaminho de fita
vermelha. Então ele olhou por cima do meu ombro e ficou boquiaberto. Eu sabia que não havia perigo de ele saber que era Rebecca, eu tinha tapado o cabelo dela com o lençol.-Ahm...o senhor deseja um quarto de hóspedes para a moça?
-Perguntou, meio chocado.-Não se faz necessário, mas obrigada pela preocupação. -Respondo.
Ele sai da porta do quarto e eu a fecho. Bec havia pegado no sono novamente e eu me deitei ao lado dela, passando os braços ao redor de seu corpo frágil. Mas não consegui dormir de novo. A realidade caiu sobre mim como uma pedra cai em cima de um pássaro. A consciência e o senso de certo e errado voltaram ao normal. O que eu havia feito?! Estava prestes a me tornar noivo e havia dormido com outra garota? Que tipo de pessoa eu era? Mas, mesmo com essa culpa enorme, eu tinha certeza de apenas duas coisas. Eu não ia me casar com Amelia Dickens, e eu amava Rebecca Bones.
* * *
Como não conseguia dormir, resolvi ler o que dizia o pergaminho que o criado havia trazido para mim. Era um comunicado de minha mãe, me avisando sobre um baile que iria acontecer hoje à noite, no salão principal de nosso castelo. Eu não estava nada animado, e tinha a certeza de que Amelia ia estar presente.
Ouço Rebecca se mexer na cama.
-Bom dia! -Digo a ela.
-Bom dia, senhor!-Ela boceja e esfrega os olhos. Seu cabelo está espetado em todas as direções.
-Precisa de um banho, srta. Bones. -Falo a ela em tom de brincadeira.
-Está insinuando que estou fedendo, senhor? -Perguntou ela, também brincando.
-Só estou dizendo que está com a cara amassada.-Digo-lhe. Me inclino sobre a cama e a beijo.
-Vou preparar um banho para você. -Falo.
Entrei no banheiro, peguei as essências de arruda, laranja e rosas. Despejei no fundo da banheira e esperei até as criadas trazerem as bacias de água quente.
Quando batem na porta, Rebecca se cobre por inteiro e eu abro.
Elas entraram com as bacias de água quente e eu deixei que as largassem ali. Despejei a água e agitei um pouco, para misturar com as essências. Coloquei também pétalas de rosa e crisântemo, tudo para o banho perfeito para uma moça que costumava se banhar em tinas de madeira.
Saio do banheiro para dar privacidade à Rebecca quando ela entra, e imagino como Amelia se sentiria se soubesse daquilo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Príncipe e a Serva
Romantizmprólogo "Naquele dia pálido e triste, ela chegou como se fosse o sol, se destacando de todo o cinza e do marrom e do verde apagado. Era simplesmente o que faltava para tornar a paisagem perfeita, tão perfeita que nem parecia alguma coisa possível de...