"Aí meu Deus ele tem um presente nas mãos. E agora? Eu não comprei nada para ele, absolutamente nada, tá legal, sorria e faça cara de paisagem!" Pensei. Fiquei olhando com a mesma cara para ele, até que ele apertou seu sorriso meio confuso com minha expressão é mesmo assim a ignorou, ajoelhou na minha frente, colocou a caixa no chão, tirou uma caixinha aveludada vermelha do bolso da calça e esticou sua mão, como ato involuntário eu segurei na mão dele e por fim ele disse:
- Melzinha, me dê um grande presente de natal, aceite namorar comigo!?
"Que fofo!" Ei esses pensamentos estão me traindo, preciso pensar com a razão, ele não está fazendo como havíamos combinado, e a resposta de Deus? Eu ainda não a tive, não é possível que ele vai passar sobre a mais importante das "regras" que eu lhe propus, não estava acreditando nisso. Mas como se estivesse adivinhando o que se passava pela minha mente, já que fazia alguma tempo que eu estava paralisada falou:
- Olha, eu sei o que está pensando - sorriu e apertou minhas mãos - você não teve sua resposta ainda, mas Mel, eu a tive, Deus me revelou, revelou para minha mãe também, e quer maior prova disso do que uma amizade com irritações e brincadeiras dar em um namoro? Olha, pelo amor de Deus, considere, meus joelhos estão doendo! - e sorriu lindamente.
A fala dele soou convincente, eu não tinha parado para pensar nisso, tudo brotou feito inocência de criança, ele tinha razão, só poderia ser Deus me mostrando naquela hora, pelo menos eu quis acreditar que sim, portanto respirei fundo, e consegui sussurrar:
- Está bem Bryan, eu aceito!
Ele colou o anel no meu dedo, com um lindo sorriso nos lábios, se levantou na minha frente, passou os dedos na lágrima que ousou descer pelo meu rosto estragando minha maquiagem de natal, e foi se aproximando de vagar, até que encostou nossos lábios, senti algo borbulhar dentro de mim, ele segurou na minha nuca e pediu passagem para sua língua, e eu dei, aproveitei e o abracei pelo pescoço, o beijo dele era lento e cheio de sentimentos, se eu pudesse comparar com algo, seria com chocolate, já que como uma boa chocólatra eu sabia que também sabia que me viciaria.
Assim que o beijo começou a ficar mais urgente eu me separei dele, ele sorriu e pegou a caixa no chão a estendendo em minha direção, sentei na minha cama e abri, lá dentro havia um cartão, um creme e muitos muitos tipos de bombons. Por extinto abri o cartão, e para minha surpresa haviam 2 passagens de ônibus para Poços de Caldas, olhei pra ele nervosa, e sorri sem graça, ele só poderia estar de brincadeira, não podíamos viajar sozinhos, estava fora de cogitação, ainda tinha minha faculdade e o hospital, mas conversaria com ele depois, pulei no pescoço dele e o abracei, sussurrei perto do ouvido dele:
- Obrigada, eu amei, tudo!
Então Bryan olhou no relógio e era exatamente 23:58, ele entrelaçou nossas mãos e corremos para a roda reunida ao redor da mesa novamente, o pessoal até ficou meio assustado com a cena, mas por hora se preocuparam em fazer contagem regressiva para o Natal!
- 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1... Feliz natal! - Gritaram em uníssono e se abraçaram.
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O que se sucedeu após o natal não foi nada de tão importante assim, Bryan pediu permissão aos meus pais para me namorar e me levou para conhecer sua família.
- Seja bem-vinda a família querida, eu soube desde o dia em que Bryan me telefonou do retiro e disse que você era chata e ele estava pegando no seu pé, sou mãe, conheço meu bebê. - dona Vivian me disse sorridente.
Ela parecia orgulhosa do filho ter me escolhido, como ela me disse várias vezes, eu era a queridinha do pastor por ser um bom exemplo aos jovens, mas eu nem ligava e nunca me importei com isso, só queria viver como a palavra diz.
- Obrigada dona Vivian, quem diria né!? - falei sorrindo meio torto.
Apesar de estar feliz e ter confessado a mim mesmo que eu estava apaixonada pelo Bryan, parecia que tinha algo errado, eu não sentia que estava fazendo o certo, Deus não me deu a resposta concreta, mas eu dei de ombros já que sempre fui insegura e desconfiada.
Tudo estava mil maravilhas, Bryan era bem romântico, decidimos gritar para o mundo o nosso amor na semana seguinte, ou seja, mudamos o status no Facebook, muitas pessoas vieram nos parabenizar e nos desejar todas as bênçãos de Deus, então por fim me senti realizada.
Foi-se o primeiro mês de namoro, é claro que não foi eu a lembrar, sempre fui muito aérea sobre datas e comemorações, pra falar a verdade nem os feriados eu decorava, mas me lembrei assim que cheguei do estágio e entrei no meu quarto.
- Uaaaaaaaal - eu sussurrei para mim mesma com uma seguida expressão de "O".
O quarto estava todo enfeitado com corações, no teto haviam balões de corações, em cima da minha cama havia uma cesta enorme cheia de chocolates (e nessa hora meu alarme de chocólatra apitou bem alto), ao lado também havia um urso bem grande com os dizeres "I Love you" e se não bastasse tudo isso havia um envelope vermelho.
Peguei o envelope e retirei uma carta de dentro, que estava escrito assim:
Para: Melissa
De: Bryan
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Sem essa de era uma vez!
SpiritualOlá, meu nome é Melissa, e minha história começa no dia em que eu morri, não, não é o meu espírito que escreve para vocês, sou eu mesma eu quis dizer morri para o mundo, e acho que foi só por isso que eu consegui chutar o balde e superar esse conto...