Capítulo 13: Briguentos

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No instante que recobrei meus sentidos, soltei tudo que estava nas minhas mãos no chão e corri, entrei no meio daqueles dois insanos, dava até para sentir as respirações pesadas e quentes dos dois, olhei naqueles dois pares de olhos se encarando e vi ódio em cada um deles, minhas pernas bambearam, respirei fundo e consegui falar pausadamente:
- O.que.esta.acontecendo.aqui?
- Me diz você Melissa, do que é que esse cara está falando? - Tadeu falou me olhando vermelho de raiva.
- Falei somente a verdade, o que aconteceu no retiro! - Bryan me interrompeu com um meio sorriso nos lábios.
- Eu não sei do que vocês estão falando, dá pra alguém que não seja esses dois me explicar? - Falei olhando em direção a mesa.
- Mel, estávamos conversando sobre o retiro e Bryan acabou falando sobre ter dormido com você! - Disse Marcos.
Tadeu ficou mais vermelho ainda, pegou o capacete da sua moto que estava embaixo da mesa e saiu pisando duro até sua moto, que estava parada em frente à sorveteria. Eu havia paralisado, não sabia o que deveria fazer, fiquei com pena do Tadeu, ele já estava meio chateado pelo fora mais cedo, agora deveria estar é com raiva de mim.
- Garoto, acho melhor você explicar cada palavra que saiu dessa sua boca nessa mesa! - eu disse olhando bem fundo nos olhos de Bryan.
- Eu disse somente a verdade, minha querida Melissa, nós dormimos juntos! - ele riu.
Aquela risada me fez fungar de raiva, fechei os olhos e tente respirar fundo, mas no minuto seguinte meu corpo saltou em cima dele, comecei a socar o peito dele e arranhar o braço, surtei, gritei é só parei quando alguém me puxou pelo braço. Meu corpo tinha feito toda a movimentação, mas a minha mente estava paralisada e parece que eu tinha observado o meu corpo de camarote. "Essa garota é louca!" foi tudo o que eu ouvi a distância, peguei minha bolsa e fui para casa.
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Acordei com o despertador do celular na manhã seguinte, meus olhos estavam parecendo duas azeitonas verdes e estragadas, enormes, ardendo e bem vermelhos. Olhei no visor do celular e havia um monte de mensagens dos meus amigos e ligações perdidas, provavelmente a fim de falar sobre o ocorrido de ontem, bloqueei o celular e fui me arrumar para ir estagiar.
Fazia exatamente 2 meses que eu consegui um estágio de 6 horas no hospital na metrópole, eu não gostava exatamente do que fazia lá, mas o salário me ajudava bastante, me apressei para não perder nenhum dos meus 3 ônibus.
Desci do terceiro ônibus e ainda tinha que caminhar 20 minutos até o hospital, segui andando em direção ao meu destino ouvindo meus louvores preferidos pelo fone do celular, olhei dos lados para poder atravessar a rua, e tive que parar, o sinal abriu, resmunguei internamente pois estava quase atrasada, até que um braço me puxou pela cintura e me empurrou contra um enorme muro amarelo de esquina.
- Gatinha, fica bem quietinha, isso é um assalto e eu quero tudo que você tiver de valor nessa mochila.
O cara era alto e forte, o rosto judiado com manchas de sol e cicatrizes, se fosse uma cena de filme ele bem que poderia ser o violão "Scar Face", ele usava um moletom azul e estava encostando em mim por baixo da roupa algo pontudo, eu não sabia identificar se era uma arma, uma faca ou mesmo o dedo dele. Olhei em volta e as pessoas passavam achando a situação normal, um mulher até chegou a pronunciar "que ridículo ficar se pegando no muro da escola a essa hora da manhã", fiquei perplexa, só aí percebi que do jeito que estávamos no ali parecia que éramos um casal.
- O gato comeu sua língua querida? - ele falou apertando mais o objeto contra minha barriga.
Eu não sabia o que fazer, o sinal abriu, eu queria correr porque eu imaginava que aquilo era somente o dedo dele, mas também achei que se fosse uma arma provavelmente ele me mataria. Por fim, engoli em seco e falei:
- Só tem meu celular, mais nada moço!
- Não menti pra mim vadia, e isso aqui é um computador? - falou apertando minha mochila.
- Não, é só minha marmita, se quiser eu abro para o senhor ver! - eu disse já derramando lágrimas.
- Da aqui esse celular e vaza! - ele disse arrancando o celular junto com os fones grosseiramente.
Fiquei o observando se afastar, respirei fundo e continuei meu caminho, cheguei no hospital branca e assustada, contei tudo para a minha chefe, ela me colocou no soro com um calmante para eu dormir um pouco.
Acordei algumas horas depois com meus pais sussurrando sentados no sofá do lado da minha cama, olhei pra eles e assim que me viram correram ao lado da cama.
- Como você está querida? - disse minha mãe passando a mão nos meus cabelos.
- Eu to bem mãe, foi só um susto, e bem, um prejuízo também. - eu disse sonolenta.
Saímos dos hospital e fomos direto para delegacia fazer um boletim de ocorrência, como era de se esperar eu descrevi o meliante para o delegado e o B.O. foi feito como 155 furto qualificado.
Voltei para casa, sem celular, incomunicável e desanimada, não estava mais nem um pouco afim de terminar aquele estágio, fiquei com medo de ser abordada novamente.
Meu irmão acabou falando para o nosso grupo de amigos pelo WhatsApp o que havia acontecido, o pessoal ficou sensibilizado e preocupado, ficaram o dia todo perguntando para o meu irmão como eu estava, mas eu não estava a fim de falar com ninguém, então acabei dormindo pelo resto do dia.
- Mel, Mel acorda, você tem visita. - minha mãe me acordou.
Sentei na cama sonolenta e avisei que iria no banheiro e já descia, ela desceu me deixando sozinha. Fiquei pensando quem estaria lá em baixo me esperando, se fosse as meninas elas teriam subido me acordar, então resolvi trocar de roupa e pelo menos pentear o cabelo, me olhei novamente no espelho e segui em direção às escadas.
Quando vi a minha visita fiquei perplexa, não imaginava que poderia ser ele.
- Bryaaaan?
- Oi Mel. - ele disse com um sorriso sem graça - você está bem?
- S-sim, o que você veio fazer aqui? - eu perguntei meio sabendo a resposta.

Sem essa de era uma vez!Onde histórias criam vida. Descubra agora